tag:blogger.com,1999:blog-61505731885378820182024-03-14T00:13:56.083-03:00Decodificando o Livro dos EspíritosEste blog destina-se a catalogação de estudos e pesquisas feitas sobre o Livro dos Espíritos que é a obra fundamental do Espiritismo e foi escrita pelo mestre Allan Kardec com a colaboração dos espíritos por meio dos diálogos mediúnicos. Estas pesquisas visam contribuir para o conhecimento aprofundado do seu processo de construção e caso elas tomem corpo e a receptividade dos leitores for boa então possivelmente elas se transformarão num livro.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.comBlogger67125tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-26434986838735878012014-05-30T00:23:00.000-03:002014-05-30T00:24:54.081-03:00Vocabulário Espírita - Parte 2Uma das características principais de Kardec era o cuidado com as palavras. Ele sabia da sua importância para a coerência e consistência doutrinária. E, a partir daí, para a admiração e convencimento daqueles que presam por uma boa dose de racionalidade.<br />
<br />
Um vocabulário espírita, portanto, parecia ser a melhor forma de começar a construção das bases doutrinárias. Em 1858, no "Instruções Práticas", Kardec escreve sobre o problema das ambiguidades dos vocábulos.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">As manifestações espíritas são origem de uma multidão de idéias novas que não puderam encontrar representação na linguagem usual; elas têm sido expressas por analogia, como acontece no início de toda a ciência. Daí a ambiguidade dos vocábulos, origem de intermináveis discussões. Com palavras claramente definidas e um vocábulo para cada coisa, torna-se mais fácil a mútua compreensão; se se discute, é, então, a respeito do fundo, não mais a respeito de forma.</blockquote><a name='more'></a><br />
Para atingir este objetivo de "pôr ordem nas ideias" é que Kardec se dispôs a ...<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">... inventariar todas as palavras que se referem, direta ou indiretamente, à doutrina espírita, oferecendo, a respeito delas, explicações sucintas, porém suficientes para fixar as idéias.</blockquote><br />
Kardec ainda reforça a importância de um vocabulário para qualquer ciência, pois era assim que ele via o espiritismo.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">A ciência espírita deve ter seu vocabulário como todas as outras ciências. Para compreender uma ciência é preciso, em primeiro lugar, compreender-lhe a terminologia; eis a primeira coisa que recomendamos àqueles que desejam realizar um estudo sério do Espiritismo.</blockquote><br />
Em 1861 Kardec mantém integralmente estes textos na primeira edição do Livro dos Médiuns. Mas, em 1862, na segunda edição, parece ter mudado de ideia. Além de descartar os textos, apresenta os motivos que o levaram a "enxugar" o seu vocabulário espírita.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">Como lhe acrescentamos muitas coisas e muitos capítulos inteiros, suprimimos alguns artigos, que ficariam em duplicata, entre outros o que tratava da Escala espírita, que já se encontra em O Livro dos Espíritos. Suprimimos igualmente do “Vocabulário” o que não se ajustava bem no quadro desta obra, substituindo vantajosamente o que foi supresso por coisas mais práticas. Esse vocabulário, além do mais, não estava completo e tencionamos publicá-lo mais tarde, em separado, sob o formato de um pequeno dicionário de filosofia espírita. Conservamos nesta edição apenas as palavras novas ou especiais, pertinentes aos assuntos de que nos ocupamos.</blockquote><br />
É curioso observar que um ano antes Kardec dizia que tinha inventariado <b>todas</b> as palavras relacionadas, direta ou indiretamente, ao espiritismo. O que será que estava faltando, então? E a que palavras "novas ou especiais" Kardec se refere?Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-75742225113847066532014-05-19T23:04:00.000-03:002014-05-19T23:05:50.456-03:00Vocabulário Espírita - Parte 1Em 1858, um ano após a fundação do espiritismo, Kardec publica a obra Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (<i>Instruction pratique sur les Manifestations Spirites</i>). Esta obra incluía um vocabulário espírita contendo 157 verbetes.<br />
<br />
Já em 1861 Kardec publica a primeira edição do Livros dos Médiuns (<i>Le Livre des Médiums</i>) no qual declara ser a substituição do Instruções Práticas. Nesta edição Kardec republica o mesmo vocabulário espírita com algumas adições. Nesta nova versão apareciam 189 verbetes.<br />
<br />
Um ano depois, em 1862, Kardec decide enxugar o vocabulário espírita na segunda edição do Livro dos Médiuns. Nesta nova edição, que passou a ser definitiva, apareciam apenas 25 verbetes.<br />
<br />
Há muito a ser comentado sobre esta evolução do vocabulário e pretendo fazê-lo em futuros posts. Por ora relaciono abaixo as listas de verbetes que aparecem no Instruções Práticas e na primeira edição do Livros dos Médiuns. Os verbetes iniciados por (*) são sub-verbetes, isto é, verbetes dentro de um verbete.<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="border-collapse: collapse; width: 580px;">
<colgroup><col span="2" style="mso-width-alt: 10605; mso-width-source: userset; width: 218pt;" width="290"></col>
</colgroup><tbody>
<tr height="28" style="height: 21.0pt;">
<td class="xl65" height="28" style="height: 21.0pt; width: 218pt;" width="290">Instruções
Práticas 1858</td>
<td class="xl65" style="width: 218pt;" width="290">Livro dos Médiuns 1861</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Agénère</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Ame</td>
<td>Ame</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Ame spirite</td>
<td>* Ame spirite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Principe vital</td>
<td>* Principe vital</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Principe intellectuel</td>
<td>* Principe intellectuel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Ame universelle</td>
<td>Ame universelle</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Ame de la Terre</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Ange</td>
<td>Ange</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Ange gardien</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* L'Esprit protecteur</td>
<td>* L'Esprit protecteur</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* L'Esprit familier</td>
<td>* L'Esprit familier</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Les Esprits sympathiques</td>
<td>* Les Esprits sympathiques</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Les Esprits obsesseurs</td>
<td>* Les Esprits obsesseurs</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Apollonius de Tyanes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Apparition</td>
<td>Apparition</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Apparition vaporeuse ou éthérée</td>
<td>* Apparition vaporeuse ou éthérée</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Apparition tangible ou stéréotite</td>
<td>* Apparition tangible ou stéréotite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Archange</td>
<td>Archange</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Astrologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Athée, Athéisme</td>
<td>Athée, Athéisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Avenir</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Bi-corporéité</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Cabale</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Cagliostro</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Chiromancie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Ciel</td>
<td>Ciel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Clairvoyance</td>
<td>Clairvoyance</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Classification des Esprits</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Communication spirite</td>
<td>Communication spirite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Communications grossières</td>
<td>* Communications grossières</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Communications frivoles</td>
<td>* Communications frivoles</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Communications sérieuses</td>
<td>* Communications sérieuses</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Communications instructives</td>
<td>* Communications instructives</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Conjuration</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Crisiaque</td>
<td>Crisiaque</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Déiste</td>
<td>Déiste</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Dématérialisation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Démon</td>
<td>Démon</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Démon Familier</td>
<td>Démon Familier</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Demonologie, Demonographie</td>
<td>Demonologie, Demonographie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Démonomancie</td>
<td>Démonomancie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Demonomanie</td>
<td>Demonomanie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Diable</td>
<td>Diable</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Dieu</td>
<td>Dieu</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Divination</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Dryades</td>
<td>Dryades</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Échelle spirite</td>
<td>Échelle spirite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Elfes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Émancipation de l'ame</td>
<td>Émancipation de l'ame</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Enfer</td>
<td>Enfer</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Épreuves</td>
<td>Épreuves</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Erraticité</td>
<td>Erraticité</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Esprit</td>
<td>Esprit</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Esprit élémentaire</td>
<td>Esprit élémentaire</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Esprit familier (no singular)</td>
<td>Esprits familiers</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Esprits protecteurs</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Esprits sympathiques</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Esprits obsesseurs</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Esprits frappeurs, tapaceurs et
perturbateurs</td>
<td>Esprits frappeurs, tapaceurs et perturbateurs</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Évocation</td>
<td>Évocation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Exorcisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Expiation</td>
<td>Expiation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Extase</td>
<td>Extase</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Fantome</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Farfadets</td>
<td>Farfadets</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Fatalité</td>
<td>Fatalité</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Fées</td>
<td>Fées</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Feu éternel</td>
<td>Feu éternel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Fleurs</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Fluidique</td>
<td>Fluidique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Folie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Follet</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Frappeur</td>
<td>Frappeur</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Génie</td>
<td>Génie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Génie familier</td>
<td>* Génie familier</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Gnomes</td>
<td>Gnomes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Hallucination</td>
<td>Hallucination</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Hamadryade</td>
<td>Hamadryade</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Idées innées</td>
<td>Idées innées</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Illuminé</td>
<td>Illuminé</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Incarnation</td>
<td>Incarnation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Incubes et Succubes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Instinct</td>
<td>Instinct</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Intelligence</td>
<td>Intelligence</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Intuition</td>
<td>Intuition</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Invisible</td>
<td>Invisible</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Invocation</td>
<td>Invocation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Invoquer</td>
<td>Invoquer</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Jupiter</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Lares</td>
<td>Lares</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Libre arbitre</td>
<td>Libre arbitre</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Lieux hantés</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Lucidité, clairvoyance</td>
<td>Lucidité, clairvoyance</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Lutin</td>
<td>Lutin</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Magie, magicien</td>
<td>Magie, magicien</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Magnétisme animal</td>
<td>Magnétisme animal</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Magnetiseur, magnetiste</td>
<td>Magnetiseur, magnetiste</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Manes</td>
<td>Manes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Manifestation</td>
<td>Manifestation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Occultes</td>
<td>* Occultes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Patentes</td>
<td>* Patentes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Physiques</td>
<td>* Physiques</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Intelligentes</td>
<td>* Intelligentes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Spontanées</td>
<td>* Spontanées</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Provoquées</td>
<td>* Provoquées</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Apparentes</td>
<td>* Apparentes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Matérialisme</td>
<td>Matérialisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Médiaminique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Médiatrice</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Médiums</td>
<td>Médium</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Médiums a influence physique</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums moteurs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums typteurs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums appariteurs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Les Médiums naturels</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Les Médiums facultatifs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Médiums a influences morales</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums
écrivains ou psychographes</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums pneumatographes</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums dessinateurs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums musiciens</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums parlants</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums communicateurs</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums inspirés</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums à pressentiments</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums voyants</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Médiums sensitifs ou impressibles</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Médiumnité</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Merveilleux</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Métempsycose</td>
<td>Métempsycose</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Miracle</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Miroirs magiques</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Monde corporel</td>
<td>Monde corporel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Monde spirite ou Monde des Esprits</td>
<td>Monde spirite ou Monde des Esprits</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Mort</td>
<td>Mort</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Mystères</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Mythologie</td>
<td>Mythologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Nécromancie</td>
<td>Nécromancie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Noctambule, noctambulisme</td>
<td>Noctambule, noctambulisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Oracle</td>
<td>Oracle</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Paradis</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Peines éternelles</td>
<td>Peines éternelles</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Pénates</td>
<td>Pénates</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Péri</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Périsprit</td>
<td>Périsprit</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Phrénologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Physiognomonie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Pluralité des existences</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Pluralité des mondes</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Pneumatographie</td>
<td>Pneumatographie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Pneumatophonie</td>
<td>Pneumatophonie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Polythéisme</td>
<td>Polythéisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Possédé</td>
<td>Possédé</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Prédiction</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Présages</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Prière</td>
<td>Prière</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Psychographe</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Psychographie</td>
<td>Psychographie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Psychographie immédiate ou directe</td>
<td>* Psychographie immédiate ou directe</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Psychographie médiate ou indirecte</td>
<td>* Psychographie médiate ou indirecte</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Psychologie</td>
<td>Psychologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Psychophonie</td>
<td>Psychophonie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Pureté absolue</td>
<td>Pureté absolue</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Purgatoire</td>
<td>Purgatoire</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Pythie, pythonisse</td>
<td>Pythie, pythonisse</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Réincarnation</td>
<td>Réincarnation</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Revenant</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Rèves</td>
<td>Rèves</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Satan</td>
<td>Satan</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sématologie</td>
<td>Sématologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Sématologie typtique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Sensation des Esprits</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Séraphin</td>
<td>Séraphin</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sibylle</td>
<td>Sibylles</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Somnambulisme</td>
<td>Somnambulisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Somnambulisme naturel</td>
<td>Somnambulisme naturel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Somnambulisme magnétique</td>
<td>Somnambulisme magnétique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sommeil naturel</td>
<td>Sommeil naturel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sommeil magnétique</td>
<td>Sommeil magnétique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Somniloquie</td>
<td>Somniloquie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sorciers</td>
<td>Sorciers</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sphère</td>
<td>Sphère</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Spirite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Spiritisme</td>
<td>Spiritisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Spirite</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">* Spiritiste</td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Spiritographe</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Spiritotechnie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Spiritualisme</td>
<td>Spiritualisme</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Stéréotite</td>
<td>Stéréotite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Superstition</td>
<td>Superstition</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Souffrances des Esprits</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Surnaturel</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Swedenborg</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Sylphes, sylphides</td>
<td>Sylphes, sylphides</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Talisman</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Télégraphie humaine</td>
<td>Télégraphie humaine</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Thaumaturge</td>
<td>Thaumaturge</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Tout</td>
<td>Tout</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Transmigration</td>
<td>Transmigration</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td>Trouble spirite</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;"></td>
<td></td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Typtologie</td>
<td>Typtologie</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Typtologie par mouvement</td>
<td>* Typtologie par mouvement</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Typtologie intime ou passive</td>
<td>* Typtologie intime ou passive</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Typtologie alphabétique</td>
<td>* Typtologie alphabétique</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Vision</td>
<td>Vision</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Visionnaire</td>
<td>Visionnaire</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Voyant, voyante</td>
<td>Voyant, voyante</td>
</tr>
<tr height="20" style="height: 15.0pt;">
<td height="20" style="height: 15.0pt;">Vue</td>
<td>Vue</td>
</tr>
</tbody></table>
Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-8759119128257803012014-03-05T23:02:00.001-03:002014-03-06T12:11:25.596-03:00Reencontros com Herculano PiresOs dois colaboradores deste blog são membros da Associação Caminhos para o Espiritismo e convidam a todos para o evento Reencontros com Herculano Pires, que terá transmissão online nos dias 14 e 15 de março de 2014. Sejam bem vindos. Clique na imagem para mais informações:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.caminhosparaoespiritismo.org.br/" target="_blank"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-h91Ol0e5eqs/UxfURzp98II/AAAAAAAABG4/Sy-trDRoEjg/s1600/Cartaz+Centen%C3%A1rio+Herculano+Pires.jpg" height="640" width="480" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />Leopoldo Daréhttp://www.blogger.com/profile/16822887699931273350noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-26993598493678059732013-06-20T19:07:00.000-03:002013-06-20T19:07:46.973-03:00V Fórum Caminhos para o Espiritismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.caminhosparaoespiritismo.org.br/"><img border="0" height="640" src="http://4.bp.blogspot.com/-VV1fwz2uhHo/Ub-77LjSq4I/AAAAAAAAAsA/veN8-dloI8E/s640/Cartaz+5o+F%25C3%25B3rum+vers%25C3%25A3o+4.jpg" width="480" /></a></div>
Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-24030105715586415852012-11-26T22:18:00.001-02:002012-11-26T22:18:17.583-02:00III Colóquio Caminhos para o EspiritismoNo próximo dia 9 de dezembro Leopoldo Daré estará no <a href="http://www.caminhosparaoespiritismo.org.br/blog/iii-coloquio/">III Colóquio Caminhos para o Espiritismo</a> em Ribeirão Preto apresentando seu trabalho "As Vozes Reencarnadas na Obra de Kardec" que tem sua origem nos estudos deste blog. O evento é gratuito e tem início às 08:30. Clique na imagem abaixo para ir para a página de inscrição.<br />
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.caminhosparaoespiritismo.org.br/blog/iii-coloquio/inscricao/"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-WoVgTB7nMuk/ULQGTvCxRvI/AAAAAAAAAns/c41GkcJW6mE/s400/Page+III+Col%C3%B3quio+Caminhos+FINAL.jpg" width="400" /></a></div>
Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-82925310714149728222011-11-04T23:02:00.000-02:002012-02-23T23:20:08.500-02:00Apreciação do Livro dos EspíritosO texto seguinte é uma apreciação do Livro dos Espíritos escrita supostamente por um repórter do Courrier de Paris e que está reproduzida no livro Jesus e o Espiritismo escrito por Carlos A. Baccelli e Inácio Ferreira (espírito). Segundo Baccelli "tal carta foi recebida mediunicamente por nós e incluída, inclusive, como uma das páginas iniciais do livro 'Espiritismo em Uberaba', de nossa autoria, publicado sob os auspícios da Secretaria Muncipal de Educação e Cultura do Município e prefaciado pelo Chico. Infelizmente, o espírito que a ditou não se identificou - ela foi psicografada, aproximadamente, no começo da década de 1980, e, por sugestão do Dr. Inácio Ferreira, inserida no livro 'Jesus e o Espiritismo'."<br />
<br />
Vale ressaltar que em 1858 Kardec publica na Revista Espírita um artigo publicado pelo mesmo Courrier de Paris sobre o mesmo tema. Este artigo pode ser lido em <a href="http://espiritismohistoria.blogspot.com/2010/12/o-courrier-de-paris-publicou-artigo.html">O Courrier de Paris publicou artigo sobre O Livro dos Espíritos</a>.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>PARIS, 18 DE ABRIL DE 1857</b></div><div style="text-align: center;"><b>(Ao "Courrier de Paris ")</b></div><br />
Sr. Diretor. Saudações!<br />
<br />
Não o tendo encontrado em seu escritório e pedindo-lhe desculpas antecipadas por possíveis falhas, tão comuns em matéria elaboradas na véspera, apressei-me a registrar estas explicações, que anexo ao trabalho elaborado por mim para a próxima edição do nosso jornal.<br />
<br />
É que hoje Paris não acordou: foi despertada. E, contudo, parece estar vivendo um pesadelo!<br />
<a name='more'></a><br />
Da padaria mais próxima ao bairro mais afastado, não se fala em outra coisa.<br />
<br />
Não, não se trata de uma epidemia, apesar de a notícia ter-se propagado como tal.<br />
<br />
Quem não conhece, na França, o valoroso Prof. Rivail, discípulo do grande Pestalozzi?<br />
<br />
Pois bem. O Prof. Rivail, emérito educador e conhecedor de línguas, com várias obras publicadas sobre a nossa Gramática, acaba de pregar-nos um grande susto, cujo eco, tenho certeza, se fará ouvir no mundo inteiro.<br />
<br />
Desde o aparecimento das mesas girantes, um sem-número de curiosos tenta uma explicação séria para o fato que - diga-se de passagem -, financeiramente, tem sido um ótimo negócio para os seus exploradores...<br />
<br />
Muitos recorreram a Mesmer, outros ao Ilusionismo, mas ninguém até agora havia pensado nas almas dos mortos como sendo a causa!...<br />
<br />
Há bom tempo, coisa de 2 ou 3 anos - dizem -, o Prof. Rivail vinha pesquisando o assunto.<br />
<br />
Convidado por amigos, frequentava certas reuniões realizadas em casa da Sra. Plainemaison, onde, a princípio, por pancadas e, depois, pela escrita, entabulava diálogos com o Além.<br />
<br />
O curioso nisso tudo é que os supostos espíritos lhe disseram ter ele vivido (noutra existência) entre os druidas, nas Gálias, onde se chamava Allan Kardec.<br />
<br />
Bem, o resto o senhor encontrará na reportagem que espero seja manchete na Ia página.<br />
<br />
Posso adiantar-lhe, todavia, que essa aventura toda culminou com o lançamento, pelo Sr. Dentu, respeitável editor, no dia de hoje, 18 de abril, de uma obra "sui generis ", chamada "O Livro dos Espíritos", a qual, igualmente, eu lhe passo às mãos para exame.<br />
<br />
Apesar de não ter tido muito tempo para consultá-lo, observei que, pela introdução, o Prof. Rivail, ou melhor, Allan Kardec (pseudônimo por ele utilizado) diz tratar-se de uma ciência, de uma filosofia e de uma religião, a que chamou de "Espiritismo".<br />
<br />
Como poderá constatar, não entrando aqui no mérito da questão, parece-me um trabalho muito bem elaborado, como de resto tudo que traz a marca do Prof. Rivail.<br />
Ainda agora, estou de saída para consultar a opinião pública que creio estar um pouco atordoada com essa nova versão de Pentecostes...<br />
<br />
Porém, pelo que sei, posso adiantar-lhe que alguns representantes do Clero já se manifestaram nas primeiras horas de hoje, tachando o acontecimento, talvez, como uma nova investida do demônio contra a Igreja...<br />
<br />
Há quem diga que o Prof. Rivail enlouqueceu.<br />
<br />
O certo é que, momentos após o lançamento do referido livro, inúmeros exemplares já tinham sido vendidos a dezenas de curiosos que se aglomeravam na livraria, no Palais Royal.<br />
<br />
Não posso dizer-lhe se será mais uma seita como as muitas que têm surgido atualmente, para desaparecer em seguida.<br />
<br />
Sem saber explicar, digo-lhe apenas que há alguma coisa de diferente no ar, e queira Deus que esse "Espiritismo", que parece emergir das cinzas do passado, ressuscitando dogmas milenares, como a transmigração das almas, por exemplo, não fabrique mais loucos do que já temos.<br />
<br />
Parece-me que o Prof. Rivail, segundo fui informado, afirma que sua Doutrina guarda estreita ligação com o Cristianismo.<br />
<br />
Não sendo versado em assuntos de fé, por mim mesmo nada tenho a dizer.<br />
<br />
Há muita confusão, existindo mesmo quem diga estar o Prof. Rivail, de uma maneira inteligente, reescrevendo obras do sueco Swedenborg, na tentativa de recuperar dinheiro mal-empregado em negócios.<br />
<br />
Contra tudo isso, porém, se opõe a moral do Professor, que, até aqui, era tido nas mais altas rodas, juntamente com a senhora sua esposa, D. Amélie-Gabrielle de Lacombe Boudet, como pertencente à nata de nossa sociedade.<br />
<br />
E, fazendo justiça, quero dizer que, contando quase 53 anos de idade, o Prof. Rivail é um dos caracteres mais íntegros que tenho conhecido, jamais tendo contra si qualquer falta que o desabone.<br />
<br />
Grande parte de nossa juventude passou pelas suas mãos de mestre.<br />
<br />
Não lhe estou tomando o partido, e o senhor compreenderá o meu ponto de vista.<br />
<br />
O homem, apesar de temer, sempre amou o desconhecido e, de fato, 'há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que possa sonhar a nossa vã Filosofia"...<br />
<br />
Se estamos diante de uma revelação, só o tempo dirá.<br />
<br />
Creio, contudo, que antes de atacá-la, devem os inimigos do progresso (e os temos em toda parte) examinar a idéia que sacode os alicerces culturais de Paris.<br />
<br />
Se tudo correr bem, mais tarde irei pessoalmente procurar o Prof Rivail para melhor informar-me.<br />
<br />
As portas do Montmartre e do Père Lachaise estão abertas, os túmulos estão vazios e os 'mortos' caminham pelas nossas alamedas...<br />
<br />
O Sr. Allan Kardec quebrou o silêncio secular que embalava os nossos mortos! Ou será que foram eles que vieram perturbar o nosso sono?!...<br />
<br />
Esperando que os "fantasmas" não espantem os nossos assíduos leitores e desejando-lhe, Sr. Diretor, um bom dia de trabalho, sou o amigo e o repórter que jamais pensou em envolver-se com as coisas do outro mundo!...<br />
<br />
<div style="color: blue;">Fonte: Jesus e o Espiritismo (Carlos A. Bacceli, Inácio Ferreira)</div>Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-74714145076466328042011-02-13T23:45:00.001-02:002011-02-13T23:50:07.551-02:00Flama espíritaA partir deste post começaremos uma nova frente de trabalho por meio da comparação do capítulo X 'Manifestação dos Espíritos' da primeira edição do Livro dos Espíritos com a atual edição do Livro dos Médiuns.<br />
<br />
A forma do espírito, propriamente dito, é uma daquelas questões que fogem completamente de nossa realidade material. Tanto na primeira como na segunda edição do Livro dos Espíritos, Allan Kardec associou o espírito a uma chama ou flama. Isto se encontra no diálogo 41 da primeira edição e com a mesma essência no diálogo 88 da segunda, nos seguintes termos:<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Espíritos (segunda edição)</span><br />
88. Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?<br />
"Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.<br />
Essa chama ou centelha tem uma cor qualquer?<br />
"Para vós, ela varia da sombra ao brilho do rubi, segundo seja o Espírito mais ou menos puro.<br />
</blockquote><br />
Por outro lado, a possibilidade do espírito se manifestar como uma flama é colocada de forma diferenciada entre a primeira edição do Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns.<br />
<a name='more'></a><br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Espíritos (primeira edição)</span><br />
202. (...)<br />
__ Podem aparecer aos vivos sob uma forma humana não material?<br />
"Sim, nas aparições que chamais visões."<br />
__ Todos os espíritos nos aparecem sob as mesmas formas?<br />
"Não."<br />
(...)<br />
Manisfestam-se também debaixo da aparência de flamas ou clarões e ainda revestindo formas, quer humanas, quer outras, que nada têm das propriedades conhecidas da matéria. É a expensas de seu envoltório semi-material, ou perispírito, que eles atuam no corpo e em nossos sentidos.<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">Livro dos Médiuns</span><br />
100. (...)<br />
28. Os Espíritos podem se tornar visíveis sob uma aparência diversa da forma humana?<br />
"A forma humana é a forma normal; o Espírito pode variar-lhe a aparência, mas é sempre o tipo humano."<br />
Não podem se manifestar sob a forma de chama?<br />
"Podem produzir chamas, clarões, como muitos outros efeitos, para atestarem sua presença; mas não são os próprios Espíritos. A chama, frequentemente, é apenas uma miragem, ou uma emanação do perispírito; em todos os casos, não é senão uma parte deles; o perispírito não aparece por inteiro senão nas visões."<br />
</blockquote><br />
Na segunda edição a idéia da flama vai se associando mais a superstição do que propriamente a uma realidade. Uma lenda antiga conta que um rei de Roma, quando criança, recebeu um sinal divino na forma de uma nuvem de fogo sobre sua cabeça enquanto dormia. Na primeira edição do Livro dos Espíritos a explicação é de que este fogo seria um espírito, mas, na segunda, é de que foi apenas produzido por um espírito.<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Espíritos (primeira edição)</span><br />
202. (...)<br />
__ Que devemos pensar da flama azul que apareceu, diz-se, sobre a cabeça do menino Servius Tullius?<br />
"Foi real; espírito familiar."<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">Livro dos Médiuns</span><br />
100. (...)<br />
29. Que pensar da crença que atribui os fogos fátuos à presença de almas ou Espíritos?<br />
"Superstição resultante da ignorância. A causa física dos fogos fátuos é bem conhecida."<br />
A flama azul que apareceu, diz-se, sobre a cabeça do menino Servius Tullius, é uma fábula ou uma realidade?<br />
"Era real; foi produzida pelo Espírito familiar que queria advertir a mãe. Essa mãe, médium vidente, havia percebido uma irradiação do Espírito protetor de seu filho. Todos os médiuns videntes não vêem no mesmo grau, como os médiuns escreventes não escrevem todos a mesma coisa. Enquanto essa mãe não via senão uma chama, um outro médium teria podido ver o próprio corpo do Espírito."<br />
</blockquote><br />
Para não restar dúvidas de que na primeira edição o espírito poderia se manifestar como uma chama indicamos o seguinte diálogo:<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Espíritos (primeira edição)</span><br />
213. (...)<br />
As aparições, a que pretendem ver certas pessoas, são de fato efeitos da realidade ou de uma ilusão?<br />
"Certas vezes, imaginação sobreexcitada; então é uma ilusão; contudo nós já temos dito que os Espíritos podem aparecer-vos tanto sob a forma humana, quanto sob a de flama, etc."<br />
</blockquote><br />
Por sua vez, na segunda edição Kardec desenvolveu bem melhor a questão fazendo a seguinte dissertação que se encontra no primeiro capítulo da segunda parte do Livro dos Médiuns.<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Médiuns</span><br />
55. Já se disse que o Espírito é uma chama, uma chispa; isto se deve entender do Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, e ao qual não se poderia atribuir uma forma determinada; mas, em qualquer grau que se encontre, está sempre revestido de um envoltório ou perispírito, cuja matéria se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia; de tal sorte que, para nós, a idéia de forma é inseparável da do Espírito, e que não concebemos um sem o outro. O perispírito faz, pois, parte integrante do Espírito, como o corpo faz parte integrante do homem; mas o perispírito sozinho não é o Espírito como apenas o corpo não é o homem, porque o perispírito não pensa; é para o Espírito o que o corpo é para o homem; é o agente ou o instrumento de sua ação.<br />
56. A forma do perispírito é a forma humana, e quando nos aparece é, geralmente, aquela sob a qual conhecemos o Espírito em sua vida. Poder-se-ia crer, em razão disso, que o perispírito, separado de todas as partes do corpo, se amolda de alguma sorte sobre ele e lhe conserva o tipo, mas não parece que seja assim. A forma humana, com algumas diferenças aproximadas de detalhes, e salvo as modificações necessitadas para o meio no qual o ser foi chamado a viver, se encontra nos habitantes de todos os globos, é, ao menos, o que dizem os Espíritos; é, igualmente, a forma de todos os Espíritos não encarnados e que não têm senão o perispírito; é aquela sob a qual, em todos os tempos, se representaram os anjos ou Espíritos puros; de onde devemos concluir que a forma humana é a forma tipo de todos os seres humanos, qualquer que seja o grau ao qual pertecem. Mas a matéria sutil do perispírito não tem a tenacidade nem a rigidez da matéria compacta do corpo; se podemos nos exprimir assim, ela é flexível e expansível; por isso a forma que toma, se bem que calcada sobre a do corpo, não é absoluta; amolda-se à vontade do Espírito, que pode lhe dar tal ou tal aparência a seu gosto, enquanto o envoltório sólido lhe oferece uma resistência insuperável. Desembaraçado desse entrave que o comprimia, o perispírito se expande ou se contrai, se transforma, em uma palavra, se presta a todas as metamorfoses, segundo a vontade que age sobre ele. É por consequência dessa propriedade de seu envoltório fluídico que o Espírito, que quer se fazer reconhecer, pode, quando necessário, tomar a exata aparência que tinha em sua vida, mesmo a de acidentes corporais que podem ser sinais de reconhecimento.<br />
</blockquote><br />
Para finalizar apresentamos a seguir uma pequena correção de um trecho originalmente apresentado como o desenvolvimento das respostas dos espíritos e depois como resposta dos próprios espíritos.<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Livro dos Espíritos (primeira edição)</span><br />
138. (...)<br />
(...) Os Espíritos, nas suas transmigrações de um mundo a outro, se despojam do perispírito do mundo que deixam para revestir instantaneamente o do mundo em que entram. É sob este envoltório que eles <span style="color: red;">nos</span> aparecem, às vezes, com uma forma humana, ou outra diversa, seja nos sonhos, seja mesmo no estado de vigília, <span style="color: red;">mas sempre impalpável ao tato</span>.<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">Livro dos Médiuns</span><br />
100. (...)<br />
22. O Espírito, propriamente dito, pode se tornar visível ou não o pode senão com a ajuda do perispírito?<br />
"No vosso estado material, os Espíritos não podem se manifestar senão com a ajuda do seu envoltório semi-material; é o intermediário através do qual age sobre os vossos sentidos. É sob este envoltório que eles aparecem, às vezes, com uma forma humana, ou outra diversa, seja nos sonhos, seja mesmo no estado de vigília, <span style="color: red;">tanto na luz como na obscuridade</span>."<br />
</blockquote>Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-67810047234008271712011-01-08T20:12:00.004-02:002011-01-12T23:47:55.066-02:00A edição perdida (parte 3)Na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/11/edicao-perdida-parte-1.html">primeira</a> e <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/12/edicao-perdida-parte-2.html">segunda</a> partes deste post apresentamos uma tradução do sumário do que seria a <b>edição perdida</b> do Livro dos Espíritos e comparamos este sumário com o da sua segunda edição. Nesta terceira parte iremos analisar esta comparação.<br />
<br />
A análise mais evidente é a decisão editorial de retirar parte do conteúdo da obra, o livro quinto "Manifestação dos Espíritos", para formar futuramente a base do Livro dos Médiuns (que neste mês de janeiro de 2011 completa 150 anos). A nosso ver foi uma decisão correta já que o Livro dos Médiuns é tão volumoso quanto o Livro dos Espíritos e se caracteriza de forma distinta e complementar pelo lado mais prático (ou experimental) do Espiritismo.<br />
<a name='more'></a><br />
Entre os novos temas abordados por Kardec encontramos alguns relacionados ao processo encarnatório: "Prelúdio do retorno", "União da alma e do corpo", "Da infância", "Esquecimento do passado", "Parentesco, filiação", "Laços de família", "Amor maternal e filial". Como já vimos na primeira edição do Livro a união da alma e do corpo se daria no <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/indo-aos-originais.html">momento do nascimento</a>. Além de reconsiderar esta idéia Kardec desenvolve vários outros temas relacionados. É interessante lembrar que estas reconsiderações se deram, provavelmente, depois da publicação do sumário da edição perdida, que foi em julho de 1859 ou a poucos meses da publicação da segunda edição do Livro.<br />
<br />
Alguns temas parecem que perderam alguma importância ao deixarem de figurar no sumário da segunda edição. Entre eles destacamos aqueles com cunho mais 'sombrio' como "Lugares assombrados pelos Espíritos", "Crença em lugares propícios ou funestos para a frequentação dos Espíritos", "Pessoas fatais ou propícias a outras pessoas", "Sacrifícios". Também é sintomático a eliminação do termo 'oculta' no tema "Intervenção <b>oculta</b> dos Espíritos no mundo corporal". Ou seja, aparentemente Kardec optou por evitar a mistificação de seus textos.<br />
<br />
Também deixaram de figurar alguns temas de ordem mais 'bíblica' como "Profetas", "Ensinamento de Jesus", "Ensinamento dos Espíritos", "Rebaixamento dos grandes e elevação dos pequenos", "Anjos decaídos", "Vida eterna". Da mesma forma que Kardec decidiu por usar parte do conteúdo do Livro dos Espíritos para formar o Livro dos Médiuns também aqui podemos imaginar a possibilidade de Kardec ter retirado estas partes mais evangélicas para formar o Evangelho segundo o Espiritismo.<br />
<br />
No sumário da segunda edição aparecem alguns temas mais relacionados ao estudo de fenômenos psi como "Letargia, catalepsia e mortes aparentes", "Convulsionários", "Pressentimentos", "Poder oculto, talismãs, feiticeiros", "Visitas espíritas entre pessoas vivas". Temas de ordem mais científica ficam mais em evidência como "Seres orgânicos e inorgânicos", "Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza", "Os minerais e as plantas", "Os animais e os homens". Isto demonstra que Kardec procurava compreender o mundo material para dar fundamentação a suas teorias espiritualistas.<br />
<br />
Por outro lado, curiosamente, Kardec parece dar menos importância aos aspectos sociais já que abandona os temas "Características distintas dos povos", "Raças rebeldes ao progresso". É muito difícil avaliar isto mesmo porque encontramos algumas respostas no Livro dos Espíritos que tratam do assunto. Porém, é possível levantar a hipótese de que o assunto era muito espinhoso e talvez ele tenha deixado para reelaborar suas teorias com mais calma. E isto ele foi fazer com mais profundidade na obra A Gênese, oito anos depois.<br />
<br />
Vale destacar ainda a preocupação com a terminologia empregada em alguns temas, a eliminação de temas duplicados, a transformação de dois temas em um só, e a reorganização geral dos temas. Isto reforça a nossa percepção do cuidado que Kardec tinha com a sua obra para que ela fosse o mais inteligível possível.<br />
<br />
E finalmente a incorporação de alguns ensaios ao longo da obra revela uma orientação editorial com caráter ainda mais pedagógico; e também revela um Kardec mais maduro e confiante para fazer novas proposições.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-39200021524139111522010-12-06T00:42:00.003-02:002011-01-12T23:42:17.187-02:00A edição perdida (parte 2)Na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/11/edicao-perdida-parte-1.html">primeira parte</a> deste post apresentamos uma tradução do sumário do que seria a <b>edição perdida</b> do Livro dos Espíritos. Agora iremos comparar este sumário com o da segunda edição do Livro. Como já observamos anteriormente a principal diferença entre os dois está na quinta parte "Manifestação dos Espíritos". Esta parte é o desenvolvimento do capítulo X da primeira edição do Livro e que mais tarde viria a se tornar o esboço do Livro dos Médiuns.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/TPwozvLgR3I/AAAAAAAAAaI/7lI59HS07fs/s1600/LivreCinquieme.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/TPwozvLgR3I/AAAAAAAAAaI/7lI59HS07fs/s320/LivreCinquieme.jpg" width="299" /></a></div><a name='more'></a><br />
<b><span style="font-size: large;">Ensaios</span></b><br />
Da edição perdida para a segunda edição observamos a incorporação de alguns ensaios como:<br />
<br />
"Considerações e concordâncias bíblicas referentes à criação",<br />
"Considerações sobre a pluralidade das existências",<br />
"Ensaio teórico sobre as sensações nos Espíritos",<br />
"Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da segunda vista",<br />
"Resumo teórico da motivação das ações do homem".<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Alteração de nomes</b></span><br />
Encontramos alguns nomes de temas que foram alterados. Por exemplo:<br />
<br />
De "O Todo Universal" para "Panteísmo".<br />
De "Sensações da alma retornando ao mundo dos Espíritos" para "Pertubação espírita".<br />
De "Faculdades intelectuais, perceptivas e sensitivas dos Espíritos" para "Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos".<br />
De "Pompa dos funerais" para "Comemoração dos mortos. Funerais".<br />
De "Excesso e abuso" para "Crueldade".<br />
De "Expiação corporal" para "Penas temporais".<br />
De "Bens da Terra" para "Meios de conservação". <br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Novos temas</b></span><br />
Na segunda edição aparecem temas novos como:<br />
<br />
"Seres orgânicos e inorgânicos",<br />
"Parentesco, filiação",<br />
"Mundos transitórios",<br />
"Relações simpáticas e antipáticas dos Espíritos. Metades eternas",<br />
"Prelúdio do retorno",<br />
"União da alma e do corpo",<br />
"Da infância",<br />
"Simpatias e antipatias terrestres",<br />
"Esquecimento do passado",<br />
"Visitas espíritas entre pessoas vivas",<br />
"Letargia, catalepsia e mortes aparentes",<br />
"Convulsionários",<br />
"Pressentimentos",<br />
"Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza",<br />
"Os Espíritos durante os combates",<br />
"Poder oculto, talismãs, feiticeiros",<br />
"Sacrifícios",<br />
"Laços de família",<br />
"Influência do espiritismo sobre o progresso",<br />
"Amor maternal e filial",<br />
"Do egoísmo",<br />
"Duração das penas futuras",<br />
"Ressurreição da carne".<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Temas abandonados</b></span><br />
Alguns temas da edição perdida não aparecem na segunda edição como:<br />
<br />
"Anjos decaídos",<br />
"Relações mútuas dos Espíritos",<br />
"Estado moral dos Espíritos",<br />
"Intervalos das existências corpóreas",<br />
"Vida eterna",<br />
"Maneira das almas considerarem as coisas deste mundo",<br />
"Relatos de pessoas que são conhecidas na Terra",<br />
"Rebaixamento dos grandes e elevação dos pequenos",<br />
"União da inteligência e da perversidade",<br />
"Relações congênitas entre os pais e os filhos",<br />
"Características distintas dos povos",<br />
"Pessoas fatais ou propícias a outras pessoas",<br />
"Lugares assombrados pelos Espíritos",<br />
"Crença em lugares propícios ou funestos para a frequentação dos Espíritos",<br />
"Profetas",<br />
"Ensinamento de Jesus",<br />
"Ensinamento dos Espíritos",<br />
"Raças rebeldes ao progresso",<br />
"Caráter e possibilidade da perfeição humana".<br />
<br />
Isto não significa dizer que estes temas foram propriamente abandonados na segunda edição, mas que provavelmente foram incorporados em outros temas relacionados.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Desenvolvimento</b></span><br />
Alguns temas da edição perdida foram transformados em capítulos como: do tema "Atribuições e ocupações dos Espíritos" para o capítulo "Ocupações e missões dos Espíritos". Por outro lado o capítulo "Os animais e as plantas" foi desenvolvido para "Os três reinos" que subdividiu o capítulo em dois temas: "Os minerais e as plantas" e "Os animais e os homens". O tema "Metempsicose" passou a ser deste capítulo.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Modificações sutis</b></span><br />
Alguns títulos foram sutilmente modificados como o do capítulo que passou de "Retorno da vida corpórea para a vida <b>espírita</b>" para "Retorno da vida corpórea para a vida <b>espiritual</b>". E de "Intervenção <b>oculta</b> dos Espíritos no mundo corporal" para "Intervenção dos Espíritos no mundo corporal". De "<b>Finalidade e obrigação</b> do trabalho" para "<b>Necessidade</b> do trabalho". Kardec aqui se preocupa com a precisão de sua terminologia para evitar mal entendidos como já observamos na comparação da primeira com a segunda edição.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Aglutinação</b></span><br />
Alguns temas apareciam quase duplicados e foram aglutinados em um só. Por exemplo, temos a aglutinação de "Relações físicas e morais entre diferentes existências" com "Semelhanças físicas e morais". Temos a aglutinação de "Recordação e revelação de existências passadas" com "Lembrança da existência corporal". E de "Sinais da perfeição humana" com "Características do homem de bem".<br />
<br />
Há também a transformação de dois temas num só como "Sono" e "Sonhos" no novo "O sono e os sonhos". Ou também "Sucessão das raças" e "Aperfeiçoamento das raças pela ciência" para o "Sucessão e aperfeiçoamento das raças".<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Reorganização</b></span><br />
Há também uma reorganização de alguns temas entre os capítulos. Como são muitos citaremos apenas um exemplo. O tema "Materialismo" passou do capítulo IV da primeira parte na edição perdida para o capítulo II da segunda parte da segunda edição.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-89564769271076840582010-11-20T23:01:00.002-02:002011-01-12T23:48:42.565-02:00A edição perdida (parte 1)Até a desencarnação de Allan Kardec o Livro dos Espíritos já estava na sua décima sexta edição. Mas, entre a primeira (abril de 1857) e a segunda edição (março de 1860) houve, no mínimo, a intenção de publicar uma outra edição. Isto decorre do fato de Kardec publicar nas páginas finais da primeira edição do O Que é o Espíritismo (julho de 1859) um sumário dos capítulos do Livro dos Espíritos, que difere tanto da primeira quanto da segunda edição.<br />
<br />
O amigo e pesquisador Eugenio Lara, editor do sítio <a href="http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1287.html">PENSE</a>, fez uma boa análise da importância desta edição que supostamente não houve e que chamamos de <b>edição perdida</b>. Ela teria sido publicada pela editora Dentu, a mesma da primeira edição, conforme comentário sobre o sumário citado:<br />
<br />
<blockquote>Todas as obras do senhor Allan Kardec se encontram em Paris, na <b>Editora Dentu</b>, Palais-Royal; na [livraria] Ledoyen, Palais-Royal; e no escritório do jornal, Rue des Martyrs, 8.</blockquote><a name='more'></a><br />
Esta edição perdida tinha cinco partes ou cinco livros, enquanto que a primeira tinha três e a segunda tinha quatro livros. O quinto livro "Manifestação dos Espíritos" da edição perdida seria o desenvolvimento do capítulo X, de mesmo nome, do Livro Segundo da primeira edição. Este livro é um esboço do que viria a ser o Livro dos Médiuns, o complemento ou "lado B" do Livro dos Espíritos.<br />
<br />
Segue abaixo uma tradução do sumário dos capítulos da edição perdida (*). Na próxima parte deste artigo iremos analisar as diferenças encontradas entre este sumário e o sumário da segunda edição.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: large;">Sumário dos Capítulos</span></b></div><br />
Introdução<br />
Prolegômenos<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Livro Primeiro</b></div><div style="text-align: center;"><b>As causas primeiras</b></div><br />
<i>Capítulo I - Deus</i><br />
Deus e o infinito<br />
Provas da existência de Deus<br />
Atributos da Divindade<br />
<br />
<i>Capítulo II - Elementos gerais do universo</i><br />
Conhecimento do princípio das coisas<br />
Espírito e matéria<br />
Propriedades da matéria<br />
Espaço universal<br />
<br />
<i>Capítulo III - Criação</i><br />
Formação dos mundos<br />
Formação dos seres vivos<br />
Povoamento da Terra<br />
Adão<br />
Diversidade das raças<br />
Pluralidade dos mundos<br />
<br />
<i>Capítulo IV - Mundo corporal</i><br />
Princípio vital<br />
A vida e a morte<br />
Inteligência e instinto<br />
O materialismo<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Livro Segundo</b></div><div style="text-align: center;"><b>Mundo espírita ou dos Espíritos</b></div><br />
<i>Capítulo I - Dos Espíritos</i><br />
Origem e natureza dos Espíritos<br />
Mundo normal, primitivo<br />
Forma e ubiquidade dos Espíritos<br />
Perispírito<br />
Diferentes ordens de Espíritos<br />
Escala espírita<br />
Progressão dos Espíritos<br />
Anjos e demônios<br />
Anjos decaídos<br />
Relações mútuas dos Espíritos<br />
Faculdades intelectuais, perceptivas e sensitivas dos Espíritos<br />
Estado moral dos Espíritos<br />
Atribuições e ocupações dos Espíritos<br />
<br />
<i>Capítulo II - Encarnação dos Espíritos</i><br />
Finalidade da encarnação<br />
Da alma<br />
Faculdades morais e intelectuais do homem<br />
União da inteligência e da perversidade<br />
Semelhanças físicas e morais<br />
Relações congênitas entre os pais e os filhos<br />
Características distintas dos povos<br />
lnfluência do organismo<br />
Idiotia, loucura<br />
<br />
<i>Capítulo III - Retorno da vida corpórea para a vida espírita</i><br />
Alma após a morte, sua individualidade<br />
O Todo Universal<br />
Separação da alma e do corpo<br />
Sensações da alma retornando ao mundo dos Espíritos<br />
Recordação da existência corpórea<br />
Maneira das almas considerarem as coisas deste mundo<br />
Relações de além-túmulo<br />
Relatos de pessoas que são conhecidas na Terra<br />
Rebaixamento dos grandes e elevação dos pequenos<br />
<br />
<i>Capítulo IV - Pluralidade das existências</i><br />
Da reencarnação<br />
Recordação e revelação de existências passadas<br />
Idéias inatas<br />
Finalidade e justiça da reencarnação<br />
O destino das crianças depois da morte<br />
Transmigração progressiva<br />
Sexo<br />
Metempsicose<br />
Relações físicas e morais entre diferentes existências<br />
Espíritos errantes<br />
Intervalos das existências corpóreas<br />
Escolha das provas<br />
Encarnação nos diferentes mundos<br />
Vida Eterna<br />
<br />
<i>Capítulo V - Os animais e as plantas</i><br />
<br />
<i>Capítulo VI - Emancipação da alma</i><br />
Sono<br />
Sonhos<br />
Sonambulismo natural e magnético<br />
Êxtase<br />
Segunda vista<br />
Transmissão oculta do pensamento<br />
<br />
<i>Capítulo VII - Intervenção oculta dos Espíritos no mundo corporal</i><br />
Penetração do nosso pensamento pelos Espíritos<br />
Influência oculta dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e nossas ações<br />
Possessos<br />
Afeição dos Espíritos por certas pessoas<br />
Gênios familiares ou protetores, anjos da guarda<br />
Espíritos simpáticos<br />
Pessoas fatais ou propícias a outras pessoas<br />
Influência dos Espíritos sobre os acontecimentos da vida<br />
Pactos<br />
Lugares assombrados pelos Espíritos<br />
Crença em lugares propícios ou funestos para a frequentação dos Espíritos<br />
Bênção e maldição<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Livro Terceiro</b></div><div style="text-align: center;"><b>Leis morais</b></div><br />
<i>Capítulo I - Lei divina ou natural</i><br />
Características da lei natural<br />
Conhecimento da lei natural: a intuição, a revelação<br />
Profetas<br />
Ensinamento de Jesus<br />
Ensinamento dos Espíritos<br />
O bem e o mal<br />
Divisão da lei natural<br />
<br />
<i>Capítulo II - Lei de adoração</i><br />
Finalidade da adoração<br />
Adoração exterior<br />
Vida contemplativa<br />
<br />
<i>Capítulo III - Lei do trabalho</i><br />
Finalidade e obrigação do trabalho<br />
Limite do trabalho<br />
Repouso<br />
<br />
<i>Capítulo IV - Lei de reprodução</i><br />
Sucessão das raças<br />
População do globo<br />
Aperfeiçoamento das raças pela ciência<br />
Obstáculos à reprodução<br />
Celibato<br />
Casamento<br />
Poligamia<br />
<br />
<i>Capítulo V - Lei de conservação</i><br />
Instinto de conservação<br />
Bens da Terra<br />
Gozo dos bens terrenos<br />
Necessário e supérfluo<br />
Excesso e abuso<br />
Privações voluntárias<br />
Mortificações ascéticas; mutilação<br />
Suicídio<br />
<br />
<i>Capítulo VI - Lei de destruição</i><br />
Destruição necessária e destruição abusiva<br />
Flagelos destruidores<br />
Guerras<br />
Assassinato<br />
Duelo<br />
Pena de Morte<br />
<br />
<i>Capítulo VII - Lei de sociedade</i><br />
Necessidade da vida social<br />
Vida de isolamento<br />
Voto de silêncio<br />
<br />
<i>Capítulo VIII - Lei do progresso</i><br />
Estado natural<br />
Marcha do progresso<br />
Povos degenerados<br />
Raças rebeldes ao progresso<br />
Civilização<br />
Progresso da humanidade<br />
Sinais de progresso na legislação humana<br />
<br />
<i>Capítulo IX - Lei de igualdade</i><br />
Igualdade natural<br />
Desigualdade e diversidade de aptidões<br />
Desigualdades sociais<br />
Igualdade de direitos do homem e da mulher<br />
Desigualdade das riquezas<br />
Provas da riqueza e da miséria<br />
Igualdade perante o túmulo<br />
Pompa dos funerais<br />
<br />
<i>Capítulo X - Lei da liberdade</i><br />
Liberdade Natural<br />
Escravidão<br />
Liberdade de pensar<br />
Liberdade de consciência<br />
Livre arbítrio<br />
Fatalidade<br />
<br />
<i>Capítulo XI - Lei de justiça, de amor e de caridade</i><br />
Justiça e direito natural<br />
Direito à propriedade<br />
Vol.<br />
Caridade e amor ao próximo<br />
<br />
<i>Capítulo XII - Perfeição moral do homem</i><br />
Das paixões<br />
Fonte dos vícios<br />
Caráter e possibilidade da perfeição humana<br />
Sinais da perfeição humana<br />
Características do homem de bem<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Livro Quarto</b></div><div style="text-align: center;"><b>Esperanças e consolações</b></div><br />
<i>Capítulo I - Penas e gozos terrenos</i><br />
Felicidade e infelicidade relativas<br />
Desgosto da vida<br />
Perda de pessoas amadas<br />
Decepções, afeições quebradas<br />
Uniões antipáticas<br />
<br />
<br />
<i>Capítulo II - Penas e gozos futuros</i><br />
Nada<br />
Vida futura<br />
Intuição das penas e gozos futuros<br />
Intervenção de Deus nas penas e recompensas<br />
Natureza das penas e gozos espíritas<br />
Expiação e arrependimento<br />
Expiação corporal<br />
Vida eterna<br />
Céu, inferno e purgatório<br />
<br />
<i>Capítulo III - Conhecimento de si mesmo</i><br />
<br />
<i>Capítulo IV - Da oração</i><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Livro Quinto</b></div><div style="text-align: center;"><b>Manifestação dos Espíritos</b></div><br />
<i>Capítulo I - Diferentes tipos de manifestações</i><br />
Manifestações materiais, inteligentes, visuais<br />
Aparições<br />
Teoria das aparições e das manifestações materiais.<br />
<br />
<i>Capítulo II - Diferentes modos de comunicação</i><br />
Sematologia<br />
Tiptologia<br />
Tiptologia alfabética<br />
Pneumatofonia<br />
Psicografia<br />
Pneumatografia ou escrita direta<br />
Pneumatologia<br />
<br />
<i>Capítulo III - Dos médiuns</i><br />
Dos médiuns em geral<br />
Médiuns de efeitos físicos, escreventes ou psicógrafos, intuitivos, falantes, videntes, inspirados, sensíveis<br />
Papel e influência do médium, suas qualidades<br />
Médiuns obsedados<br />
Influência do meio<br />
<br />
<i>Capítulo IV - Características distintivas dos Espíritos nas manifestações</i><br />
Estado e natureza dos Espíritos que se manifestam<br />
Identidade dos Espíritos<br />
Formas de afastar os maus espíritos nas comunicações<br />
<br />
<i>Capítulo V - Contradições na linguagem dos Espíritos</i><br />
<br />
<i>Capítulo VI - Comunicações espíritas</i><br />
Das questões que se podem dirigir aos espíritos<br />
Do conhecimento do futuro<br />
Revelação das diferentes existências<br />
Conselhos sobre os interesses terrestres<br />
Pesquisas científicas<br />
Descoberta dos tesouros<br />
<br />
<i>Capítulo VII - Das evocações</i><br />
Condições gerais<br />
Evocações coletivas<br />
Evocações especiais: dos Espíritos puros, dos homens ilustres, dos parentes e dos amigos, das pessoas no instante da morte, das crianças, dos Espíritos encarnados em outros mundos<br />
Evocação de pessoas vivas<br />
Telegrafia humana<br />
<br />
<i>Capítulo VIII - Teogonia de diferentes povos</i><br />
Politeísmo<br />
Mitologia<br />
Fadas, gênios, gnomos<br />
Sibilas, oráculos, mistérios<br />
Bruxos, magos, crisiaques.<br />
<br />
(*) O texto original pode ser obtido no site do <a href="http://www.ipeak.com.br/site/upload/midia/pdf/qu-est_que_le_spiritisme.1er.ed.ipeak.pdf">IPEAK</a>.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-74382180751151517062010-05-08T02:38:00.001-03:002011-01-12T23:49:47.820-02:00Uma controvérsia com LeymarieNo dia 8 de outubro de 1875 foi publicado no periódico britânico <a href="http://www.answers.com/topic/the-spiritualist">The Spiritualist</a> um artigo escrito pelo editor da Revista Espírita <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre-Ga%C3%ABtan_Leymarie">Pierre-Gaëtan Leymarie</a> em resposta ao artigo do pesquisador russo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Aksakof">Alexander Aksakof</a> publicado dois meses antes no mesmo periódico. Este artigo do Aksakof, que traz duras críticas a obra e a pessoa de Kardec, já foi publicado e analisado por nós <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/03/uma-controversia-em-detalhes.html">aqui</a>. Também já publicamos a <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/04/uma-controversia-com-anna-blackwell.html">resposta</a> dada pela tradutora Anna Blackwell.<br />
<br />
Nesta época Leymarie estava foragido na Bélgica para evitar sua prisão por conta do Processo dos Espíritas no qual ele foi condenado por cumplicidade na fraude de fotos de espíritos obtidas pelo fotógrafo Buguet e pelo médium Firman. Há indícios no próprio texto de que o artigo tenha sido escrito em conjunto com outras pessoas; em alguns trechos Leymarie é referido em terceira pessoa.<br />
<br />
O artigo original foi reproduzido na publicação eletrônica de março de 2009 da <a href="http://woodlandway.org/PDF/PP5.3March09..pdf">PsyPioneer</a>. Mas, sem mais delongas... vamos a tradução do artigo:<br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: large;">Editor da "Revista Espírita" sobre Allan Kardec</span></b></div><br />
Excelentíssimo senhor, tendo folheado recentemente alguns dos principais periódicos espiritualistas de sua cidade, eu fiquei extremamente surpreso ao descobrir que, nesta crise, quando todos nós (Espíritas ou Espiritualistas) deveríamos estar unidos, a fim de resistir e repelir os ataques de nosso inimigo comum, o espírito do mal está disseminado; e isto quando se está perfeitamente consciente da influência irresistível e perniciosa exercida neste país por uma determinada parte do clero, quando você mesmo, tratando do tema do processo, falou do senhor Leymarie e senhor Firman como sendo as vítimas desta parte que, nesta crise, eu repito, você abre as colunas de seu influente jornal para todos aqueles que procuram depreciar a memória de Allan Kardec por calúnias mesquinhas e insinuações desprezíveis, sabendo, como você provavelmente sabe, de que fonte elas vêm. Para mim é muito doloroso ver tais alegações errôneas divulgadas pelos impressos públicos, e permita-me, senhor, assim espero, defender a honra da memória de um homem dos mais honrados e injuriados.<br />
<br />
Um sentimento de respeito e veneração aos que partiram, e especialmente àqueles cujas vidas foram consagradas à realização de tudo que é bom e grandioso, sempre foi reconhecido como inerente à nação inglesa, e assim ela pode se orgulhar de tal nobre sentimento. Na França, é costume atacar a reputação de todo homem célebre, cujos serviços não forem oferecidos à Igreja como manda a lei vigente. Ridicularizá-lo, torná-lo desprezível, manchar o seu bom nome, nada é poupado para esse efeito, nem a utilização de linguagem vil, nem os repetidos e simultâneos ataques destes dois grandes órgãos de fanatismo e Jesuitismo, o <i>Univers</i> e o <i>Figaro</i>.<br />
<br />
Os senhores Dirckinck Holmfeld e Aksakof estão pelo menos familiarizados com Allan Kardec? Não, no mínimo. Eles simplesmente repetem as calúnias que nunca deveriam ter escutado. É fato bem aceito que um homem de talento, o senhor Piérart<sup>[1]</sup>, e outros, cujos nomes seria inútil mencionar, se dão o trabalho de circular estas falsidades, que, naturalmente, impressionam os estrangeiros em Paris, que tomam muito pouco cuidado em descobrir a verdade, e se limitam a repetir o que foi comunicado a eles. Não temos a honra de conhecer pessoalmente o senhor Piérart, mas não sairíamos mundo afora dizendo qualquer inverdade, ainda que, estivéssemos em campanha contra ele, mas nem a centésima parte das calúnias inventadas por <i>ele</i> contra Allan Kardec, tanto durante sua vida como após ter sido remetido ao túmulo, que era incapaz de se ressentir de uma injúria, e cuja vingança consistia apenas em dizer todo o bem que ele poderia encontrar no seu mais implacável inimigo!<br />
<br />
Ser contrário a certos estudos ou a certas doutrinas, é perfeitamente compreensível e natural. Diferentes homens terão, necessariamente, que buscar a solução de muitos problemas diferentes, e cada um deles buscando a verdade (ou o que ele considera como tal) vai inevitavelmente aumentar a importância desse assunto que é mais freqüentemente chamado a investigar: a harmonia é o resultado da variedade, tanto no mundo físico quanto no espiritual. Esse sistema filosófico do senhor Dirckinck Holmfeld deve ser incompreensível para aqueles cuja apreciação ele está a espera, como deve ser incompreensível para nós, o que isso significa? Será que prova alguma coisa contra uma reputação científica e literária altamente valorizada na Dinamarca? porque ele não pode explicar facilmente suas teorias na língua francesa, deveríamos condenar a <i>priori</i>? Seria absurdo, e ele certamente possui o direito de formular suas idéias e dar-lhes publicidade (ele deve encontrar leitores); ele também não deve reivindicar o direito de pegar pedaços estranhos e trechos de escândalo, e tê-los inseridos nos jornais ingleses?<br />
<br />
Que o senhor Piérart possa escrever livros, e influenciar a mente de muitos por uma vigorosa argumentação, concisa e lógica, é seu dever e seu direito. Nós podemos examinar suas obras com satisfação infinita para nós mesmos, mas, certamente, sem cuidar de saber o que era ou o que ele fez dez ou vinte anos atrás. Temos de lidar apenas com as suas <i>idéias</i>, e nunca se enveredando em bisbilhotar a vida privada ou ações de qualquer homem.<br />
<br />
Que o senhor Aksakof, um eminente membro da sociedade, como é dito, e um pioneiro da nossa causa, possa recolher os materiais necessários para a propagação da verdade; que ele possa acabar com os velhos hábitos e com os desgastantes preconceitos científicos, diremos: bravo, senhor Aksakof! Estaremos entre os primeiros a aplaudir e agradecer-lhe; nós te honramos pelo que você tem feito, pelo o que há de fazer, mas não podemos nos rebaixar investigando a sua vida passada.<br />
<br />
Estes senhores têm se unido com o propósito de atacar não só o fundador do Espiritismo, mas também a doutrina da reencarnação, e sua antipatia a ela, certamente os levou longe demais. Permitam-me dar-lhes uma breve e resumida exposição da biografia de Allan Kardec.<br />
<br />
Allan Kardec (Léon Hyppolite Denizard Rivail), de uma antiga família, com tradição na magistratura e na advocacia, foi um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi, em Yverdon, na Suíça. Pestalozzi, o grande pensador, o profundo filósofo, o homem da ciência e do progresso, que exerceu uma influência tão grande sobre a reforma da educação na França e na Alemanha; Allan Kardec se tornou um de seus alunos mais ilustres e, posteriormente, seu colaborador. Italiano, Inglês e Alemão, ele escrevia e falava perfeitamente; ele era um bom estudante de Latim, e traduziu várias obras para a língua alemã, e dentre elas, as de Fénelon; Membro da Academia de Arras em 1831 ele recebeu a medalha de honra pela sua dissertação "Qual sistema de estudos é mais adequado para o desenvolvimento social e intelectual de nossa época?"<br />
<br />
Em um estabelecimento de ensino, fundado por ele na Rue de Sèvres, em Paris, ele ensinou, durante cinco anos (1835-1840), química, física, anatomia e astronomia. Ele também deu palestras gratuitas durante o mesmo período, ele foi o inventor de um método engenhoso de aprender a contar, e também de um quadro mnemônico para fixar na memória as datas de fatos históricos e descobertas notáveis, ele também era membro de diversas sociedades científicas.<br />
<br />
O senhor Rivail era um homem de mérito próprio; era muito íntimo de Alvarez Levi, e elaborou conjuntamente com ele as palestras que foram assistidas pelos jovens aristocratas e estudiosos de Paris. Do senhor Rivail nós devemos: 1 "Um Plano proposto para a Melhoria da Instrução Pública" (1828), 2 "Curso Teórico e Prático de Aritmética" (1839), 3 "Gramática Francesa Clássica" (1831), 4 "Manual dos exames para diplomas de capacidade, e soluções de questões e problemas de aritmética e geometria" (1846), 5 "Catecismo Gramatical da Língua Francesa" (1848), 6 "Programação dos cursos normais de Química, Física, Astronomia, Fisiologia" (da qual foi professor no Liceu Polymathic), 7 " Exercícios para os exames, no Hotel de Ville e da Sorbonne, com Ditados sobre Dificuldades Ortográficas" (1849). Estas várias obras, ainda muito prezadas, estiveram em alta conta no momento de sua primeira publicação. Em 1868, o senhor Rivail teve novas edições de sua publicação, e seu nome era bem conhecido e merecidamente, não entre os escritores sensacionalistas, ou participantes da literatura simples, mas para os homens de letras e homens de bom senso, que gostariam de ver o conhecimento útil difundido por toda a parte.<br />
<br />
A senhora Amelia Boudet, de uma família rica e respeitável, trouxe um dote de 80.000 francos ao marido, senhor Rivail. Com a morte deste, o montante de 80.000 francos não paga o imposto sobre herança (<i>droits de succession</i>). É extremamente fácil de verificar o fato. Após seu casamento, senhor e senhora Rivail emprestaram grandes somas aos amigos, que, em conseqüência de falhas e outras circunstâncias imprevistas, nunca os reembolsaram. Um deles, o gerente de um teatro (Les Folies dramatiques), recebeu 50.000 francos, o resto de sua fortuna, e quando este montante estava em perigo, o senhor Rivail foi obrigado a superintender os assuntos pecuniários do teatro, a fim de se salvar do último naufrágio de sua fortuna. A partir desta circunstância muito natural seus inimigos querem nos fazer crer que ele tinha sido um vendedor de entradas de teatro. O nome do gerente, guardaremos em segredo, de acordo com os últimos desejos de Allan Kardec, que o perdoou no seu leito de morte. Após a perda total de sua fortuna, a senhora Rivail criou uma escola para jovens moças; o marido se tornou contador de diversos estabelecimentos de grande porte, e, entre outros, para o escritório do jornal <i>Univers</i>. Manteve, assim, honrado com o produto de seu suado salário em várias casas diferentes. Que infelicidade é esta de trabalhar para esta função? E foi ele um colaborador do <i>Univers</i> porque se debruçou sobre livros contábeis duas horas por dia? Pode um único artigo ser produzido como prova de que ele seja o contrário do que era, um amante da liberdade, do progresso e da justiça; um inimigo do fanatismo e da superstição em todas as suas formas? Como ele foi enterrado? "Mas, caluniam, caluniam", diz Basílio, "algo que sempre virá do mesmo". A senhora Allan Kardec, já possuidora de uma pequena propriedade, em que ela vive, e que veio a ela como herança de família, mas tem uma pequena renda de menos de duas centenas por ano, não obstante os incansáveis trabalhos ao longo da vida de seu falecido marido. Desde 1840 o senhor Rivail era sempre um membro do júri e era eleito presidente na maioria das vezes. Agora, é perfeitamente sabido que, para ser um jurado deve-se estar na posse de seus direitos civis e políticos, nunca ter sido objeto de qualquer sanção, condenação, etc. O leitor inglês tem muito bom senso para não concordar com que o Barão Dirckinck Holmfeld impôs sobre à credulidade do verdadeiramente estimável senhor William Howitt, quando ele lhe pediu para publicar afirmações tão equivocadas na <i>Spiritual Magazine</i>.<br />
<br />
Ah, senhor Aksakof! você tem muitas responsabilidades. Como o senhor Dirckinck Holmfeld, você dá ouvidos aos caluniadores, e ainda assim nós temos uma causa em comum. Você deveria ter usado sua influência para promulgar a doutrina do amor fraterno, mas ao invés disto tenta nos desunir. O princípio da reencarnação não é do seu gosto; ora, refute-o calmamente, desapaixonadamente, filosoficamente, sem recorrer a meios tão mesquinhos como calúnias e sarcasmo. Homens de grande erudição e talento acreditam nela, e não vão mudar sua maneira de pensar a menos que você lhes dê razões plausíveis para tal. Nossos adversários parecem ter lido Allan Kardec, de forma muito superficial, e sua opinião quanto à elaboração do <i>Livro dos Espíritos</i> é totalmente equivocada.<br />
<br />
O senhor Rivail começou a estudar o magnetismo animal, em 1830, e continuou as suas investigações com esse espírito de imparcialidade e solidez de julgamento que seus contraditores parecem desejar. Em 1850 ele já havia analisado uma quantidade de documentos, e fez muitas observações interessantes sobre o assunto; durante vinte anos ele estudou os fenômenos do magnetismo de todas as formas; durante <i>vinte anos</i>, <i>você</i> entendeu!<br />
<br />
A senhorita Japhet, as madames Roger, Bodin, muitas sonâmbulas e médiuns, como a senhorita Huet, senhorita Dufaux<sup>[2]</sup>, senhora Robyno, e centenas de outros foram e ainda são, bem adaptados aos temas de estudo para um magnetizador inteligente; cada um deles tem suas qualidades especiais e suas imperfeições. Considerados separadamente e individualmente, o resultado das pesquisas de um magnetizador não seria, talvez, grande coisa; considerados coletivamente, e submetidos a entrevistas de um questionador lúcido, sensato, e capaz, que sabia como separar os bons grãos dos maus, que passou a trabalhar como somente um experimentador experiente poderia, o diamante precioso da verdade foi extraído da mina escura, e dado à luz do dia. Em 1855<sup>[3]</sup>, o <i>Livro dos Espíritos</i> foi publicado pela primeira vez, muitos acréscimos foram posteriormente feitos a ele até o ano de 1858<sup>[4]</sup>, quando ele apareceu em sua forma completa, como nós o temos no momento: 100.000 cópias dele foram publicados e traduzidos em todas as línguas. Allan Kardec quis afirmar alguma vez que o <i>Livro dos Espíritos</i> ou o <i>Livro dos Médiuns</i> saíram de sua pena? Nunca. Elas são o fruto de seres sobrenaturais que fizeram uso dos instrumentos considerados mais úteis para esse fim, para nos transmitir as suas instruções. Eles escolheram Allan Kardec, porque ele era um homem de bom senso e discernimento, para presidir as sessões espirituais, exatamente como seus colegas o escolheram em todas as ocasiões particulares, ou em todas as matérias de peso, para ser seu presidente ou o seu árbitro. Allan Kardec não inventou a reencarnação, o princípio sempre existiu, sempre teve inúmeros e eminentes adeptos, nos tempos antigos e modernos; não teria ele repetido isto várias vezes? e como poderia o senhor Aksakof empregar um argumento tão fútil e tão falso?<br />
<br />
Por que deveria o senhor Kardec tomar um maior conhecimento da senhorita Japhet do que de outros médiuns e sonâmbulos que ele mesmerizou, e que todos reinvidicam a sua participação na compilação do <i>Livro dos Espíritos</i>? Todos eles são igualmente modestos e despretensiosos. O senhor Leymarie, que desde o ano de 1858 tem sido considerado um bom médium escrevente, acharia um absurdo que ele fosse reivindicar qualquer parte desse trabalho, porque, em verdade, as comunicações do espírito viriam através dele. Não! tais ensinamentos pertencem de direito àqueles de quem eles emanaram, aos nossos irmãos mais velhos na seara espiritual, e todos nós deveríamos nos considerar muito felizes por termos sido escolhidos como instrumentos para a melhoria dos nossos semelhantes.<br />
<br />
Quem pensaria em jogar a senhorita Japhet, ou qualquer outro médium, ao esquecimento? Todos eles foram úteis em seu caminho em um determinado momento, mas o que acharia da idéia de colocar uma dúzia de seus nomes no topo de cada parágrafo? Não seria simplesmente absurda? Lamentamos que o senhor Aksakof tenha feito uso de argumentos tão pueris; se ele iria derrubar o colossal monumento cimentado pelo trabalho de um grande e nobre espírito, que ele escreva um trabalho próprio, aquele que irá iluminar nossas trevas, e "nos leve de fora da sombra da morte para os portões da vida", se puder.<br />
<br />
Estão igualmente equivocados os que acusam os espíritas de estarem ligados a certos ritos, dogmas, etc. Não, eles são homens de mentes livres e independentes, em busca da verdade, os inimigos de todos os enganos e prestidigitações, cujo tempo é gasto estudando os fenômenos do Espiritualismo, e não sobrevoando o mundo, como o senhor Aksakof, para recolher uma porção de fofocas, e em seguida, recontar-lhes gravemente <i>Urbi et orbi</i>. Não, eles não fazem uso de práticas absurdas, eles não têm artigos de fé previstos para eles como uma lei; eles respeitam as opiniões alheias, mesmo as mais opostas, e eles honram e sobrelevam os missionários da verdade e da ciência, homens como Wallace, Varley, William Crookes, e Davis.<br />
<br />
Allan Kardec nunca tentou desvalorizar as manifestações físicas, nem as pesquisas em ciências naturais; ao contrário, sempre reconheceu a sua utilidade. Suas obras não provam isso? Mas ele tem toda a razão em nos alertar contra aqueles que procuram enganar por meio dessas manifestações. Não temos experimentado ultimamente a necessidade de tal advertência? E nós vivemos num país onde até mesmo as pesquisas sobre os fenômenos seriam toleradas? Não temos sido condenados por apenas falar dos efeitos físicos produzidos por Firman, Williams, e Buguet? Falemos da América, da Rússia, onde uma comissão acaba de ser designada a investigar a ciência do Espiritualismo e, em seguida, vire os olhos para esta terra, do fanatismo e da intolerância, onde a prisão é certa para aqueles que acreditam firmemente na possibilidade de contato físico com outra esfera de seres. Ah, meus amigos, o momento foi bem escolhido para lançar seus golpes sobre nós; você tem agido terrivelmente na tentativa de esmagar aqueles que já estavam debilitados. Se você desejasse obter informações mais amplas você poderia ter consultado nossa jovem mídia dos dias de hoje, inteligente, enérgica e livre pensadora; valentes trabalhadores da nova safra; e, aos nossos olhos, pelo menos, infinitamente superior a muitos de quem você glorifica, porque não damos uma importância excessiva aos médiuns como a senhorita Japhet, senhorita Guldenstubbe, Sardou, Vaillandier, etc. E por que seu jornal em Leipzig sempre se recusou a inserir a refutação dos artigos publicados nele contra a <i>reencarnação</i>?<br />
<br />
Você fala de Camille Brédif, mas você provavelmente não está ciente que foi precisamente o senhor Leymarie, que, em conjunto com o Dr. Houatz, o revelou como médium, e o introduziu na sociedade russa em Paris. Será que ele se lembra de uma certa sessão que aconteceu na Rue d'Isly na presença do senhor Golovine, senhor e senhora Allan Kardec, e senhor e senhora Leymarie? O senhor Aksakof gentilmente lhe perguntará se ele deseja que eu publique uma ata dessa reunião? O senhor Golovine tomou algumas notas na época, e elas ainda estão em seu poder. Devo mencionar porque o senhor Kardec não poderia escrever um artigo sobre o referido médium? por que ele não poderia dizer nada sobre o que ele tinha visto? Será que ele terá a bondade de responder? Às vezes é bom examinar os dois lados da questão.<br />
<br />
O senhor Rivail de modo nenhum desprezou seu nome de família, que era muito respeitável, mas na França seria habitual que os escritores públicos assinassem com um nome falso? Foram seus amigos e guias espirituais que deram a ele o nome que hoje tem um prestígio em todo o mundo. Foi igualmente seus guias, que o orientaram a publicar o <i>Livro dos Espíritos</i>, e o fez apesar da escassez de seus recursos pecuniários. Ele continuou seu trabalho até a hora da sua morte, que foi causada por uma doença do coração (um aneurisma). Os que o conheceram intimamente podem testemunhar a sua bondade, mansidão e pureza de vida. Ele viveu muito discretamente, e nunca se recusou a quem pediu sua ajuda: generoso, simples de espírito, e sincero até o fim.<br />
<br />
E agora, gentis leitores ingleses, vocês que me enviaram tão amigavelmente para a minha defesa perante o Tribunal de Paris, as testemunhas e atestados tão numerosos, vamos nos afastar, lhes imploro, de todos que tenham uma tendência a nos desunir. Vamos caminhar de mãos dadas, unidos por laços de afeto fraternal, não vamos dar ouvidos aos lobos em pele de cordeiro. Eu sou um reencarnacionista, e mesmo assim, eu considero todos vocês como meus irmãos. Se, na Inglaterra, os amigos espirituais lhes dão instruções diferentes das que recebemos diariamente na França, é que no seu mundo, como no nosso, as opiniões variam. Vamos respeitar as opiniões; vamos pesá-las na balança, mas sem lhes dar mais importância do que elas merecem.<br />
<br />
"Não há efeito sem causa", e quantidade infinita de almas desencarnadas podem pensar de maneira diferente em relação a certas questões que para todos os Espiritualistas não são de fundamental importância, e ainda atuar juntos em harmonia, pois os pontos principais das suas crenças são idênticos.<br />
<br />
Allan Kardec diz: "O Espiritismo é inteiramente baseado na existência em nós de um princípio imaterial, na existência da alma. Aquele que não admitir que existe um princípio inteligente dentro de si, não pode necessariamente admitir que há um fora; e, consequentemente, não se admitindo a causa, ele não pode admitir o efeito." Como vocês, queridos amigos, nós acreditamos em Deus, o Criador de todas as coisas, onipotente, soberanamente justo, bom e de perfeição infinita; acreditamos na Sua providência, na existência da alma após a sua separação do corpo; nós também acreditamos na sua individualidade, não considerando-a como uma hipótese, mas como a consequência necessária dos atributos divinos. Admitindo a existência da alma, sua sobrevivência ao invólucro terreno, pensamos que não seria, nem segundo a justiça, nem segundo a bondade do Todo-Poderoso, que a virtude e o vício, o bem e o mal, devam ser tratados de semelhante forma após a morte, quando sabemos que durante a vida, a recompensa e o castigo raramente são distribuídos com equidade. Então, se as almas dos ímpios e dos justos não são tratados de forma igual, alguns devem ser felizes e outros infelizes, ou seja, eles devem ser punidos ou recompensados de acordo com suas obras.<br />
<br />
O que desejo (Espíritas e Espiritualistas) é estimular a investigação, para excitar a curiosidade por meio de críticas adversas, e para despertar a atenção dos indiferentes, rejeitando, como indigno de nós, o uso de linguagem grosseira e abusiva nos argumentos do superficial e não refinado. Pedimos aos nossos contraditores que nos provem, não por qualquer subterfúgio, mas por uma demonstração clara e palpável - seja matemática, física, química, mecânica ou fisiológica - que um ser inteligente, capaz do ato de pensar durante a sua vida, torna-se incapaz de realizar esse mesmo ato depois de ter deixado sua estrutura corpórea; que a faculdade do pensamento sendo permitida, ele não pode se comunicar com os amados que deixou na terra; que, tendo o poder de locomoção, ele não pode transportar-se em nossa vizinhança; que, estando ao nosso lado, ele não pode comungar com a gente; que, por meio do seu envoltório fluídico, ele não pode agir sobre a matéria inerte; que, dotado de poderes para agir sobre a matéria inerte, ele não pode influenciar uma mão para escrever; que, fazendo uma mão escrever, ele não pode responder às nossas perguntas ou nos transmitir suas idéias.<br />
<br />
Allan Kardec diz (obras póstumas, <i>Revista Espírita</i>, setembro de 1869, página 257<sup>[5]</sup> a 261). "O direito de investigação e de crítica é o que não pode ser proibido: o Espiritismo não pode pretender ignorá-lo, não mais do que podemos esperar para dar uma satisfação universal. Cada um é livre para rejeitar ou aprovar, mas devemos, pelo menos, ter consciência do que nós rejeitamos, e do que nós aprovamos. Agora, nossos adversários têm muito freqüentemente dado provas da sua total ignorância dos princípios mais elementares da nossa doutrina, se referindo a sentimentos e a linguagem em oposição direta à verdade". Este artigo deveria ser lido por todos os Espiritualistas, mas somos obrigados a ser breve, e acrescentaremos apenas algumas linhas da mesma <i>Revista</i> (página 260): "Na guerra que o Espiritismo foi forçado a entrar, sempre recebeu o apoio das mentes imparciais pela sua moderação; nunca foi empregada retaliação contra seus adversários, nem nunca devolveu uma injúria com outra.<br />
<br />
"O Espiritismo é uma doutrina filosófica, cujas tendências são essencialmente religiosas, como em qualquer sistema de filosofia espiritualista; e portanto tem necessariamente muitos pontos de contato com as bases fundamentais de todas as religiões: a divindade, a alma humana, a vida futura, etc. Mas, no entanto, não se pode chamá-la de uma religião, pois não há nenhum culto, nenhum ritual, nenhum templo, nenhum dogma, nem há entre os seus adeptos quem se apresente como padres ou sacerdotes, aqueles pomposos termos que existem apenas na imaginação dos nossos críticos. É Espírita aquele que se torna adepto pelos princípios da doutrina, e que se conduz por ela. Todo homem tem um direito inalienável para seguir certas opiniões, ou para defender certos modos de crença, seja optando por ser um discípulo de Voltaire ou Descartes, ou que suas simpatias religiosas o inclinemigião, pois não há nenhum culto, nenhum ritual, nenhum templo, nenhum dogma, nem há entre os seus adeptos quem se apresente como padres ou sacerdotes, aqueles pomposos termos que existem apenas na imaginação dos nossos críticos. É Espírita aquele que se torna adepto pelos princípios da doutrina, e que se conduz por ela. Todo homem tem um direito inalienável para seguir certas opiniões, ou para defender certos modos de crença, seja optando por ser um discípulo de Voltaire ou Descartes, ou que suas simpatias religiosas o inclinem a ser um judeu, um católico, um protestante, um fourierista, um Saint Simonista, um deísta, ou mesmo um materialista. Os Espíritas entendem a liberdade de consciência como um direito natural, que permitem aos outros na medida em que reivindicam para si próprios; eles respeitem as opiniões dos outros, então exigem que a sua seja respeitada em troca.<br />
<br />
"O resultado natural da liberdade de consciência será o livre direito de investigação em matéria de fé. O Espiritismo se opõe ao princípio da <i>fé cega</i>, porque esta impõe a necessidade de abdicar de um juízo próprio e, conseqüentemente, não pode ter raízes profundas na mente. Assim, entre as suas máximas, encontramos a seguinte: - 'Nenhum sistema de crença é construída sobre bases sólidas, se não se pode encarar as investigações da razão em todas as épocas da humanidade.'<br />
<br />
"Em conformidade com seus princípios, que não impõe nenhuma restrição, não usa a coerção, deseja nenhum outro seguidor, a não ser aqueles que vêm a ele voluntariamente e de um sentimento de pura convicção; dá a exposição de seus princípios e deixa os outros livres para adotá-los conforme queiram".<br />
<br />
Na página 307 na <i>Revista</i> de 1869, Allan Kardec diz: "Para todos os sentimentos de inveja e ciúme por parte de outras pessoas, nós possuímos um meio infalível para torná-los inócuos. Vamos nos esforçar para desenvolver a nossa inteligência, para melhorar os nossos corações e mentes. Vamos competir com os outros na prática das boas obras, no exercício da caridade e do auto-sacrifício. Deixe o lema do "amor fraterno" ser inscrito em nossa bandeira, e deixe que a busca da verdade seja o objetivo da nossa existência. Imbuídos destes sentimentos, podemos desafiar a zombaria dos nossos contraditores e da má vontade de nossos inimigos. Se nos enganarmos, vamos reconhecer o nosso erro, e superá-lo: observando estritamente as leis da caridade e auto-sacrifício, evitando todo sentimento de inveja e ciúme, temos a certeza de que estamos no caminho certo. Estes devem ser os nossos princípios, são eles os laços de unidade, que deverão reunir todos os 'homens de boa vontade sobre a terra', enquanto o egoísmo e a falsidade definitivamente os separariam."<br />
<br />
Espiritualistas e Espíritas de todos os países, vamos refletir sobre essas palavras memoráveis.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">P. G. LEYMARIE</div><br />
Rue de Lille, em Paris. <br />
<br />
<b>Notas do tradutor:</b><br />
[1] Na transcrição do original está grafado Pierrard.<br />
[2] Na transcrição está Duffaulz, mas este provavelmente é um problema de digitalização do documento original.<br />
[3] É possível que tenha havido algum problema na edição desta data, 1855; como sabemos a primeira edição do Livro dos Espíritos apareceu apenas em 1857.<br />
[4] Sabe-se que a revisão (e segunda edição) do Livro dos Espíritos apareceu apenas em 1860; mas, esta questão é bem controversa.<br />
[5] A numeração desta página e de outras mais a frente estavam erradas na transcrição do original; aparentemente, deve ter ocorrido algum problema de digitalização.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-22581996690900568862010-04-18T16:25:00.001-03:002011-01-12T23:50:27.699-02:00Uma controvérsia com Anna BlackwellO <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2010/03/uma-controversia-em-detalhes.html">artigo do pesquisador Alexander Aksakof</a> não poderia ter ficado sem resposta dado o seu teor agressivo. E não ficou! Passados alguns dias da publicação deste artigo, Anna Blackwell, que traduziu o Livro dos Espíritos para o Inglês, publicou na mesma revista <i>The Spiritualist</i> a sua resposta. Esta também está reproduzida no jornal eletrônico <a href="http://www.woodlandway.org/Psypioneer_Journal.htm">Psypioneer</a> (edição de fevereiro de 2009). Veja nossa tradução:<br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b>A Origem do "Livro dos Espíritos" de Allan Kardec</b></span></div><br />
Excelentíssimo senhor, ocupada como eu sou, devo pedir-lhe que me permita oferecer algumas observações em referência ao artigo do senhor Aksakof no número do The Spiritualist que acabo de receber.<br />
<br />
Por mais que a opinião do senhor Aksakof seja contrária, a maioria de seus leitores certamente irá concordar comigo que "o ponto essencial da crítica de qualquer livro" é saber o que o livro contém, e examinar seus pontos de vista, argumentos e conclusões. Se o senhor Aksakof tivesse feito isso em relação às obras de Allan Kardec, ele poderia ter se poupado do trabalho de escrever seu artigo; pois ele teria visto primeiro, que, invariavelmente, Allan Kardec define sua obra como tendo sido o estabelecimento de uma forma coerente e sistemática das observações que foram realizadas, mais ou menos vagamente, por eminentes pensadores de todas as épocas desde a mais remota antiguidade até os dias atuais, mas que tem sido estabelecida de forma mais completa, clara, e consistente, através da instrumentalidade dos médiuns modernos. Em segundo lugar, que, longe de "apresentar a Reencarnação como um dogma", ele sempre a trata como uma questão a ser resolvida exclusivamente pelo argumento e pela razão. Em terceiro lugar (e isto me leva à essência do referido artigo), que ele repete, mais de uma vez, que <i>todos</i> os seus livros foram compilados por ele a partir das comunicações simultâneas dos médiuns em todas as partes do mundo. Agora, é evidente que, sendo este o caso, era impossível para Allan Kardec citar os nomes de todos os médiuns cujas comunicações foram usadas na compilação dos livros; e ele decidiu (aliás, a pedido de muitos deles) não citar o nome de nenhum deles. O senhor Aksakof está mal informado em relação ao início e à primeira aparição de O Livro dos Espíritos; pode ser visto no prefácio, onde eu apresento as declarações que me foram dadas sobre o assunto pela esposa de Allan Kardec, e por seus amigos mais íntimos, bem como os resultados do meu conhecimento pessoal sobre ele. É possível que alguns trechos do conteúdo adicional introduzido na "edição revista" (que permaneceu como a forma definitiva de <i>O Livro dos Espíritos</i>) podem ter sido obtidos pelos dois médiuns cujas declarações do senhor Aksakof teriam recebido por regra; mas eles não devem ter tido nenhuma participação na primeira produção da obra que esse senhor atribui a eles. E a sugestão de que "os espíritas tenham enterrado vivos estes dois médiuns", como a fábula que coloca Allan Kardec como integrante do <i>L'Univers</i>, é muito absurda para uma refutação séria.<br />
<br />
A afirmação do senhor Aksakof de que "as manifestações físicas são sempre contrárias à reencarnação" é desmentida pelos fatos. No meu caso, as indicações relativas às minhas existências passadas me foram dadas através de vários dos nossos melhores médiuns de efeitos físicos e, em alguns casos, não aceito por eles (como uma vez, pelo senhor Home, em transe), em outros (como no da jovem senhora Marshall), para sua grande surpresa; e um imenso número de pessoas poderiam testemunhar experiências semelhantes. Além disso, "John King", como já salientei no <i>Espiritualismo e Espiritismo</i>, tem afirmado repetidamente que ele viveu na terra nos reinados da rainha Elizabeth e de Charles II; e sua filha "Katie" fez, você vai se lembrar, uma conjectura semelhante, ao príncipe Emile de Sayn-Wittgenstein, de estar ligada a ele em uma de suas encarnações anteriores. O último número do <i>The Medium</i> também contém uma consideração extremamente interessante, da afirmação de suas reencarnações pelo "espírito materializado" de "Thomas Ronalds", e isso em um grupo de assistentes que não parece ser favorável à doutrina da pluralidade de nossas existências terrestres, das quais, no entanto, abundante confirmação de um caráter semelhante sem dúvida está por vir tão logo este ramo da arte da manifestação se torne comum entre os povos do mundo espiritual.<br />
<br />
Quanto à acusação de que o jovem médium francês, Camille Brédif, agora fazendo um bom serviço na Rússia, não foi mencionado na <i>Revista Espírita</i>, o senhor Aksakof parece não ter consciência do fato de que a atual fase de Camille na mediunidade, como a do coitado do Firman, só foi desenvolvida no ano passado e, como conseqüência direta da visita do senhor Williams a Paris; antes desta visita a influência que torna a "materialização" possível, não parece ter atravessado o Canal da Mancha, e a mediunidade de Camille produziu apenas raps, com o movimento de objetos em <i>sessões</i> escuras, que não se pode dizer que tenha feito muito para convencer os céticos.<br />
<br />
Igualmente infeliz é a afirmação do senhor Aksakof de que Allan Kardec tenha "ignorado" o senhor Home e as manifestações obtidas por seu intermédio; se ele tivesse lido <i>O Livro dos Médiuns</i>, ele teria visto que elas são tratadas neste trabalho.<br />
<br />
O senhor Aksakof diz que Pezzani e Cahagnet acolheram a doutrina da reencarnação antes de Allan Kardec; mas por que é que ele se refere apenas a esses dois? No <i>The Testimony of the Ages</i> eu tenho dado uma lista "tão extensa quanto o meu braço" de modernos escritores que têm, como "precursores", preparado o caminho para a completa apresentação da lei de nossas existências sucessivas de que Allan Kardec foi destinado a elucidar mostrando, não mais como uma simples idéia filosófica, mas como <i>parte integrante do plano geral da Providência para todos os tempos, mundos, e reinos</i>. O trabalho específico de Allan Kardec, como ele mesmo define, é o de um comparador, conferidor, compilador; mas, não obstante, apresenta, na sua totalidade, um <i>conjunto filosófico</i>, que é reconhecido como novo, original, único por todos os que tomaram o trabalho de verificar por si mesmos o que realmente é.<br />
<br />
O senhor Aksakof conclui seu artigo comentando, muito verdadeiramente, que é "mesmo necessário ressaltar que tudo que ele afirmou não afeta a questão da reencarnação considerada por seus próprios méritos"; para cuja admissão acrescento que o problema em questão, levantado pelos livros que estou me dedicando em trazer ao alcance do mundo de fala inglesa, acabará por ser resolvido, única e exclusivamente, <i>pelos seus próprios méritos</i>, apesar de todos os esforços dos seus adversários em tirar o foco da questão, ignorando o próprio conteúdo desses livros, e substituindo a análise desapaixonada da sua argumentação pelo descrédito desprovido de provas, e pela repetição de afirmações infundadas ou distorcidas não tendo nada a ver com a questão em causa, inicialmente vindos à tona pela inveja e ciúme, e que foram tratados por Allan Kardec, durante a sua vida, com a magnanimidade do silencioso desprezo.<br />
<br />
Anna Blackwell.<br />
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Wimille, Pas de Calais, 15 de julho de 1875Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-60675184489296102832010-03-30T21:10:00.002-03:002011-01-12T23:51:11.752-02:00Uma controvérsia em detalhesPublicamos recentemente em nosso blog um artigo escrito por Alexandre Aksakof em 1875 onde ele traz registros históricos importantes além de fazer sérias acusações contra Allan Kardec. Ele está escrito originalmente em inglês e pode ser conferido <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/12/um-controversia.html">aqui</a>.<br />
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Como o conteúdo do texto é muito forte então nos certificamos de sua autenticidade e procedência. Entre as provas coletadas está a cópia digitalizada do periódico onde o artigo foi publicado (fornecida pelo editor Paul Gaunt da publicação online <a href="http://www.woodlandway.org/">Psypioneer</a>).<br />
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Também recebemos uma cópia da versão traduzida para o Francês e publicada no periódico La Lumière em 1899; esta foi fornecida pelo professor John Monroe, autor do livro <a href="http://www.amazon.com/Laboratories-Faith-Mesmerism-Spiritism-Occultism/dp/0801445620">Laboratories of Faith: Mesmerism, Spiritism, and Occultism in Modern France</a>.<br />
<a name='more'></a><br />
Antes de apresentar a nossa tradução destacamos alguns pontos importantes de contextualização para a compreensão do artigo. Após a tradução colocaremos nossas observações e comentários.<br />
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<b><span style="font-size: large;">Contextualizando...</span></b><br />
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<b>O periódico</b><br />
O artigo foi publicado no influente semanário britânico <a href="http://www.answers.com/topic/the-spiritualist">The Spiritualist</a> (ou The Spiritualist Newspaper) que permaneceu em circulação de 1869 a 1881. Era editado por W. H. Harrison e fazia parte da British National Association of Spiritualists que mais tarde se tornou a <a href="http://www.spr.ac.uk/">Society for Psychical Research</a>.<br />
<br />
<b>O autor</b><br />
O pesquisador russo <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Alexandr_Aksakov">Alexandre Aksakof</a>, na época com 43 anos, formado a mais de 20, já estava consagrado como um especialista em fenômenos psíquicos tendo traduzido obras de Emmanuel Swedenborg e Andrew Jackson Davis. Era respeitado por sua posição de conselheiro imperial russo. Estava há pouco mais de um ano como editor do periódico alemão Psychische Studien. Mas, somente mais tarde, 18 anos depois, ele viria a publicar a sua mais famosa obra <a href="http://autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/Alexandre%20Aksakof/Livro%202/ALEXANDRE%20AKSAKOF%20ANIMISMO%20E%20ESPIRITISMO.htm">Animismo e Espiritismo</a>.<br />
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<b>A época</b><br />
Já haviam se passado mais de 6 anos da morte de Allan Kardec quando o artigo foi publicado. Neste período a direção do Espiritismo teve como chefe <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre-Ga%C3%ABtan_Leymarie">Pierre-Gaëtan Leymarie</a> novo responsável pela edição da Revista Espírita e pela Livraria Espírita. Há dois meses da publicação do artigo Leymarie tinha acabado de ser julgado e condenado por conivência em fraude na obtenção de fotografias de materializações de espíritos no conhecido <a href="http://autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/Marina%20Duclos%20Leymarie/Processos%20dos%20Espiritas/Marina%20Leymarie%20Processo%20dos%20Espiritas.htm">Processo dos Espíritas</a>.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz7A_NX0b3I/AAAAAAAAAQE/HETjYoA7fHk/s1600-h/ProcessoEspiritas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz7A_NX0b3I/AAAAAAAAAQE/HETjYoA7fHk/s320/ProcessoEspiritas.jpg" /></a></div><div style="text-align: center;">Uma das fotografias que constam no Processo dos Espíritas</div><br />
<b>A tradução do Livro</b><br />
O Livro dos Espíritos tinha acabado de ser publicado na língua inglesa com tradução da Anna Blackwell, amiga do casal Rivail. Até então esta obra já tinha sido traduzida a mais de uma década para o alemão e para o espanhol. E o opúsculo O Espiritismo em sua Expressão mais Simples em alemão, polonês, português, grego, italiano, e espanhol, mas menos em inglês.<br />
<br />
<b>Correntes espiritualistas</b><br />
O Espiritualismo era a corrente espiritualista dominante na Inglaterra e via, a princípio, o Espiritismo como sua concorrente. No início do Espiritismo a França também conviveu com o Espiritualismo através do movimento liderado por Z. J. Piérart com seu periódico La Revue Spiritualiste cuja tiragem teve início em 1858, mesmo ano da Revue Spirite. Mas, este movimento ficou a margem na França enquanto o Espiritismo crescia.<br />
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<b><span style="font-size: large;">O artigo traduzido...</span></b><br />
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<div style="text-align: center;"><b>Pesquisas sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos Espiritualistas Franceses</b></div><br />
<i>Pelo Exmo. senhor Alexandre Aksakof, conselheiro imperial russo e cavaleiro da Ordem de São Stanislas</i><br />
<br />
Em vista da recente publicação das traduções no idioma Inglês das obras de Allan Kardec, cujo volume principal, <i>O Livro dos Espíritos</i>, já está esgotado, sinto o dever de colocar diante do público inglês o resultado de minhas pesquisas direcionadas à origem do dogma da reencarnação. Quando o "Espiritismo", recém batizado com esse nome, e encorpado na forma de uma doutrina criada por Kardec, começou a se espalhar pela França, nada me surpreendeu mais do que a divergência desta doutrina para a do "Espiritualismo", com relação ao ponto da reencarnação. Essa divergência era mais estranha porque as fontes de afirmações contraditórias sustentam ser as mesmas, ou seja, o mundo espiritual e as comunicações dadas pelos espíritos. Como o Espiritismo nasceu em 1856 com a publicação do <i>Livro dos Espíritos</i>, é claro que para resolver este enigma seria necessário começar com a origem histórica deste livro. É notável que em nenhuma parte, seja neste volume ou em qualquer um dos outros, Kardec não dá sobre este assunto o menor detalhe. E por que isso? o ponto essencial em qualquer crítica séria está em saber, antes de mais nada, como tal livro veio a surgir?<br />
<br />
Como eu não vivo em Paris, era difícil para mim obter as informações necessárias; tudo o que eu poderia saber era que uma certa sonâmbula, conhecida pelo nome de Celina Japhet, havia contribuído largamente para o trabalho, mas que tinha morrido já a algum tempo. Durante a minha estadia em Paris em 1873, disse a um amigo Espiritualista sobre o meu arrependimento em não ter encontrado esta sonâmbula ainda em vida, ao que ele respondeu que ele também tinha ouvido dizer que ela estava morta, mas duvidava que esta informação fosse verdadeira; aliás, ele tinha motivos para supor que isto era apenas um boato espalhado pelos Espíritas, e que seria melhor se eu fizesse uma investigação pessoal. Ele me deu um endereço antigo da senhora Japhet, e quão grande foi minha surpresa e alegria em encontrá-la em perfeita saúde! Quando eu lhe disse da minha surpresa, ela respondeu que não era novidade para ela, pois os espíritas estavam realmente fazendo-a passar por uma pessoa morta. Aqui está a essência da informação que ela me forneceu.<br />
<br />
A senhora Celina Bequet foi uma sonâmbula natural desde seus primeiros anos. Aos dezesseis ou dezessete anos de idade, enquanto ainda residia com os seus pais em Paris, ela teria sido mesmerizada pela primeira vez por Ricard, e três vezes ao todo. Em 1841 ela estava vivendo nas províncias, quando foi atacada por uma grave doença; tendo perdido o movimento das pernas, ela ficou de cama por vinte e sete meses; mais tarde, tendo perdido toda a esperança de alívio por meio da medicina, ela foi mesmerizada e posta para dormir por seu irmão; então, prescritos os recursos necessários, e após o tratamento durante seis semanas, ela saiu da cama e pode caminhar com o auxílio de muletas, que ela era obrigada a usar durante onze meses. Finalmente, em 1843, já tinha recuperado totalmente a sua saúde.<br />
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Em 1845 ela foi para Paris em busca do senhor Ricard, e acabou conhecendo o senhor Roustan na casa de senhor Millet, um magnetizador. Ela tomou, então, por motivos familiares, o nome de Japhet, e tornou-se uma sonâmbula profissional sob o controle do senhor Roustan, e permaneceu nessa posição até meados de 1848. Ela deu, sob seu novo nome, conselhos médicos, sob a orientação espiritual de seu avô, que tinha sido um médico, e também de Hahnemann e de Mesmer, de quem ela recebeu um grande número de comunicações. Dessa forma, portanto, em 1846 a doutrina da reencarnação foi dada a ela pelos espíritos de seu avô, Santa Teresa e outros. (Como os poderes sonambúlicos da senhora Japhet foram desenvolvidos sob a influência magnética do senhor Roustan, é interessante observar aqui que ele próprio acreditava na pluralidade das existências terrestres. Veja <i>Sanctuaire du Spiritualisme</i> de Cahagnet - Paris, 1850 - página 164: datado em 24 de agosto de 1848.)<br />
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Em 1849, senhora d'Abnour, em seu retorno da América, quis formar um grupo para estudar os fenômenos espirituais, de que tinha sido recentemente uma testemunha. Para este propósito, ela convidou o senhor de Guldenstubbe, a pessoa por quem o senhor Roustan e Celina Japhet foram convidados a se tornarem membros de seu círculo espírita. (Veja a edição alemã de <i>Pneumatologie Positive</i> do Barão de Guldenstubbe-Stuttgart, 1870 - página 87). Este círculo também teve a filiação de Abbé Chatel e das três Demoiselles Bauvrais, e consistia, ao todo, de nove pessoas. Este círculo se reunia uma vez por semana na casa da senhora Japhet, Rue des Martyrs, 46; mais tarde, quase até a época da guerra de 1870, ele se reunia duas vezes por semana. Em 1855, o círculo era composto das seguintes pessoas: senhor Tierry, senhor Taillandier, senhor Tillman, senhor Ramón de la Sagia (já morto), os senhores Sardou (pai e filho), senhora Japhet, e senhor Roustan, que continuou como membro da mesma até meados de 1864. Eles começaram fazendo uma corrente, a moda americana, sob a forma de uma ferradura, rodeando a senhora Celina, e obtiveram fenômenos espirituais mais ou menos notáveis; mas rapidamente a senhora Celina desenvolveu a psicografia, e foi através desse canal que a maior parte das comunicações foram obtidas.<br />
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Em 1856, ela conheceu o senhor Denizard Rivail, apresentado pelo senhor Victorien Sardou. Ele correlacionou os materiais por uma série de perguntas, organizou o conjunto de forma sistematizada, e publicou <i>O Livro dos Espíritos</i>, sem nunca ter mencionado o nome da senhora C. Japhet, embora três quartos deste livro tenham sido dados por meio de sua mediunidade. O restante foi obtido a partir de comunicações através da senhora Bodin, que pertencia a um outro círculo espírita. Ela não é mencionada senão na última página do primeiro número da <i>Revista Espírita</i>, onde, em consequência do número de reprovações que foram dirigidas a ele, faz, então, uma breve menção a ela. Como ele também estava vinculado a um jornal importante, o <i>L'Univers</i>, ele publicou seu livro com os nomes que ele teria tido em suas duas existências anteriores. Um destes nomes era Allan - revelado a ele pela senhora Japhet - e o outro nome, Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze.<br />
<br />
Após a publicação do <i>Livro dos Espíritos</i>, que Kardec nem sequer presenteou a senhora Japhet com um exemplar, ele deixou o círculo e organizou um outro em sua própria casa, sendo o senhor Roze o médium. Assim que ele saiu, ele se apoderou de um conjunto de manuscritos que tinha levado da casa da senhora Japhet, e se deu o direito de um editor por nunca tê-lo devolvido. Para os inúmeros pedidos de devolução que foram feitos a ele, ele contentou-se em responder: "Deixe-a ir na lei contra mim". Estes manuscritos foram, em certa medida, útil para a elaboração do <i>Livro dos Médiuns</i>, cujo conteúdo, como diz a senhora Japhet, havia sido obtido através das comunicações mediúnicas.<br />
<br />
Seria essencial para completar este artigo rever as idéias sobre a preexistência e sobre a reencarnação que estiveram fortemente em voga na França, pouco antes de 1850. Um resumo destas pode ser encontrado na obra do senhor Pezzani, <i>Pluralidade das Existências</i>. As obras de Cahagnet também devem ser consultadas. Como agora estou longe da minha biblioteca, é impossível para mim dar as referências exatas.<br />
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Além do exposto, detalhes complementares sobre a origem de <i>O Livro dos Espíritos</i>, e os diferentes pontos de conexão, podem e devem ser obtidos a partir de testemunhas vivas para lançar luz sobre a concepção e o nascimento deste livro, como a senhora Japhet, senhora de Guldenstubbe, senhor Sardou, e o senhor Taillandier. Este último continua, até o presente momento, trabalhando com a senhora Japhet como uma médium; ela ainda está na posse de seus poderes sonambúlicos, e continua dando consultas. Ela se auto sugestiona para dormir por meio de objetos que tinham sido magnetizados pelo senhor Roustan. Penso que é um dever aproveitar esta ocasião para testemunhar a excelência de sua lucidez. Eu perguntei a ela sobre mim, e ela me deu a informação exata tanto de uma doença localizada quanto de meu estado geral de saúde. Agora, não é surpreendente que esta pessoa notável, que tanto fez para o Espiritismo francês, esteja vivendo inteiramente desconhecida por vinte anos, e nenhuma notícia ou observação tenha sido feita sobre ela? Ao invés de ser o centro das atenções do público, ela é totalmente ignorada; na verdade, eles a enterraram viva! Esperemos que uma devida reparação seja feita um dia. O "Espiritualismo" pode, neste caso, oferecer um nobre exemplo para o "Espiritismo". *<br />
<br />
Vamos voltar à questão da reencarnação. Deixo isso para os críticos ingleses tirarem as suas conclusões a partir dos fatos que desvendei por meio das minhas pesquisas, por mais incompletas que sejam; Não vou lançar mais do que as seguintes idéias: a de que a propagação desta doutrina por Kardec era uma questão de forte predileção é fato e desde o início a reencarnação não tem sido apresentada como um objeto de estudo, mas como um dogma. Para sustentar que ele sempre teve o recurso de médiuns escreventes, que, como é sabido, se deixam levar tão facilmente pela influência psicológica das idéias preconcebidas; e o Espiritismo engendrou isto em profusão; e que através de médiuns de efeitos físicos as comunicações não são apenas mais objetivas, mas sempre contrárias à doutrina da reencarnação. Kardec adotou o plano de sempre depreciar esse tipo de mediunidade, alegando como pretexto a sua inferioridade moral. Assim, o método experimental é completamente desconhecido pelo Espiritismo; por vinte anos, não fez o menor intrínseco progresso, e se manteve na completa ignorância quanto ao Espiritualismo anglo-americano! Os poucos médiuns franceses de efeitos físicos que desenvolveram seus poderes, apesar de Kardec, nunca foram mencionados por ele na <i>Revue</i>; eles permanecem quase desconhecidos para os espíritas, e simplesmente porque seus espíritos não apóiam a doutrina da reencarnação! Por exemplo, Camille Bredif, um muito bom médium de efeitos físicos, ficou famoso apenas em conseqüência de sua visita a São Petersburgo. Não me lembro de ter visto alguma vez na <i>Revue Spirite</i> a menor atenção a ele, menos ainda qualquer descrição das manifestações produzidas em sua presença. Conhecendo a reputação do senhor Home, Kardec fez várias propostas para trazê-lo para seu lado; fez duas entrevistas com ele para esta finalidade, mas como o senhor Home lhe disse que jamais os espíritos que se comunicaram através dele, aprovaram a idéia da reencarnação, daí em diante ele o ignorou, desvalorizando, assim, as manifestações que se produziam em sua presença. Tenho sobre este assunto uma carta do senhor Home, embora neste momento não está ao meu alcance.<br />
<br />
Concluindo, é mesmo necessário ressaltar que tudo o que eu tenho aqui afirmado não afeta a questão da reencarnação, considerando apenas os seus próprios méritos, mas apenas diz respeito às causas da sua origem e da sua propagação como Espiritismo.<br />
<br />
Chateau de Krotofka, Rússia, 24 de julho de 1875<br />
<br />
[* O endereço da senhora Japhet é Paris, Rue des Enfants Rouges, G.]<br />
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<b><span style="font-size: large;">Nossos Comentários...</span></b><br />
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<b>A divergência</b><br />
O autor do artigo usa uma linguagem bem articulada embora um tanto irônica e bastante descompromissada. Traz informações interessantes e importantes sob o ponto de vista da história do Espiritismo. A principal delas é a que o próprio autor destaca logo no início do artigo: a divergência entre Espiritismo e Espiritualismo com relação a questão da reencarnação. Embora isto não seja novidade para os estudiosos o texto revela que esta divergência perdurou por longos anos e foi responsável por duros embates. E Aksakof tem razão de se espantar com tal divergência justamente porque a comprovação da reencarnação era feita pelas próprias comunicações dos espíritos. Mas, na Inglaterra, em geral, não havia esta comprovação. Por outro lado, Kardec já tinha tratado desta divergência em artigo publicado na Revista Espírita. Ainda que sempre respeitoso a opinião alheia ele atribuiu esta divergência a dificuldade de combater preconceitos sugerindo que os americanos e ingleses não estavam preparados para receber tal ensinamento.<br />
<br />
<b>Os detalhes</b><br />
Aksakof comete um pequeno equívoco ao afirmar que o Livro dos Espíritos foi publicado pela primeira vez em 1856; na verdade, foi em 1857. Este equívoco faz até sentido se observamos a crítica que ele faz quanto aos detalhes da construção desta obra. Ou seja, era exatamente a falta de informações que o levou a pesquisar mais sobre o assunto. Em parte ele tem razão porque Kardec deixou mesmo poucos detalhes sobre o processo de elaboração do Livro. Por outro lado, há alguns textos explicando de forma simplificada como tudo se deu (por exemplo, primeiro número da Revista Espírita e introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo). De qualquer forma, somente 15 anos mais tarde em 1890 os responsáveis pela herança de Kardec tornaram públicas valiosas anotações kardequianas compilando-as em Obras Póstumas.<br />
<br />
<b>Os direitos autorais</b><br />
Nessa estória toda que a médium Japhet contou dá pelo menos pra tirar uma conclusão: a de que o interesse falava tão alto naquela época quanto hoje. A despeito de ser verdadeira ou não a estória é notório que houve um desentendimento entre ela e Kardec. Tentando olhar sob os diferentes pontos de vista é possível perceber que havia um interesse na publicação do Livro. Aparentemente Japhet não ficou satisfeita por não ter participado formalmente da sua autoria.<br />
<br />
De acordo com a entrevista, Japhet vivia da mediunidade, ganhava por isso, e seria uma das pioneiras na obtenção de comunicações dos espíritos. E estas estariam sendo arquivadas para uma possível publicação. Ela acusa Kardec de ter se apoderado destas comunicações. Seria impossível decidir se esta acusação é procedente ou não. No entanto, ela revela ou vem confirmar a informação trazida pelo biógrafo <a href="http://www.espirito.org.br/portal/doutrina/kardec/biografia-kardec-henri-sausse.html">Henri Sausse</a> em 1896 de que Kardec recebeu 50 cadernos dos amigos, a maioria deles do círculo do senhor Roustan da qual fazia parte Japhet, a sua principal médium.<br />
<br />
<blockquote>"A estas informações, colhidas nas Obras Póstumas de Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o Sr. Rivail, longe de ser um entusiasta dessas manifestações e absorvido por outras preocupações, esteve a ponto de as abandonar, o que talvez tivesse feito se não fossem as <span style="color: red;">instantes solicitações dos Srs. Carlotti, René Taillandier, membro da Academia das Ciências, Tiedeman-Manthèse, Sardou, pai e filho, e Diddier, editor, que acompanhavam havia cinco anos o estudo desses fenômenos e tinham reunido cinqüenta cadernos de comunicações diversas</span>, que não conseguiam pôr em ordem. Conhecendo as vastas e raras aptidões de síntese do Sr. Rivail, esses senhores lhe enviaram os cadernos, pedindo-lhe que deles tomasse conhecimento e os pusesse em termos -, os arranjasse. Este trabalho era árduo e exigia muito tempo, em virtude das lacunas e obscuridades dessas comunicações; e o sábio enciclopedista recusava-se a essa tarefa enfadonha e absorvente, em razão de outros trabalhos."</blockquote><br />
Supondo estar correta esta hipótese do material mediúnico ter sido fornecido a Kardec então faz sentido a informação de que três quartos do Livro teriam vindo da mediunidade de Japhet. Embora Kardec tenha declarado que praticamente todo a primeira edição deveu-se a mediunidade das meninas Baudin ele próprio, em Obras Póstumas, revela que o círculo do qual faziam parte não era dado a questões sérias. E, sendo razoável, é difícil de acreditar que com uma ou duas sessões semanais em pouco mais de um ano poderia ser suficiente para produzir todo o conteúdo do Livro dos Espíritos.<br />
<br />
<b>Hahnemann</b><br />
De acordo com a entrevista, a médium tinha orientação espiritual de Hahnemann. Na primeira edição do Livro dos Espíritos Kardec o menciona por algumas vezes e o coloca na lista daqueles <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/11/quem-sao-eles.html">responsáveis pelo seu conteúdo</a>. Curiosamente, Hahnemann não aparece mais na segunda edição, em 1860. É claro que pode ser apenas uma coincidência, mas, de qualquer forma, não deve ter agradado a senhora Japhet.<br />
<br />
<b>Precursores</b><br />
Aksakof aparentemente se espanta com a informação de que alguns franceses já eram partidários da hipótese reencarnacionista antes do nascimento do Espiritismo. Ele não deveria se espantar porque o próprio Kardec já declarara em artigos na Revista Espírita que a idéia da reencarnação não era nova e teriam precursores tanto antigos quanto modernos.<br />
<br />
<b>Os endereços</b><br />
Há um dado interessante nesta entrevista sobre o endereço da casa da senhora Japhet. Ela morava na mesma Rue des Martyrs onde Kardec morou de 1856 até 1860; ela no número 46, e a poucos metros Kardec no número 8. A casa dos Baudin também era bem perto (Rue Lamartine) como se vê no mapa abaixo. A casa do senhor Roustan ficava um pouco mais longe (Rue Tiquetonne, 14). E a Revista Espírita ficava na Rue Sainte-Anne, 59 onde Kardec passou a morar definitivamente após 1860.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz7MqRInCII/AAAAAAAAAQM/ufHqc5Dh-80/s1600-h/MapaKardec.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz7MqRInCII/AAAAAAAAAQM/ufHqc5Dh-80/s320/MapaKardec.jpg" /></a></div><br />
<b>O pseudônimo</b><br />
Aksakof faz uma acusação gratuita sobre o fato de Rivail ter assinado o Livro dos Espíritos com o pseudônimo Allan Kardec. Segundo ele, Kardec não poderia se comprometer com a publicação do Livro pelo fato de estar vinculado a um jornal católico ultra-conservador <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/L%27Univers" target="_blank">L'Univers</a>. Há pesquisadores que dizem que, de fato, Kardec temia algum tipo de perseguição, mas não por causa deste vínculo empregatício com o referido jornal. Tudo isso é especulação! Para mais detalhes sobre a origem do pseudônimo Allan Kardec veja nosso post <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/12/as-reencarnacoes-de-kardec.html">As reencarnações de Kardec</a>.<br />
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<b>André Pezzani</b><br />
Foi publicada recentemente uma tradução da obra <a href="http://espiritismocomentado.blogspot.com/2009/11/jorge-damas-resgata-obra-historica-do.html">Pluralidade das Existências da Alma</a> de André Pezzani citada por Aksakof e recomendada pelo próprio Allan Kardec.<br />
<br />
<b>A ruptura</b><br />
Aparentemente, houve mesmo uma ruptura entre Kardec e as pessoas ligadas ao círculo do senhor Roustan uma vez que estas não são mencionadas na Revista Espírita. Se estivesse tudo bem entre eles seria natural que participassem da Sociedade e, por consequência, da Revista já que teriam continuado com as sessões. Por exemplo, de acordo com André Moreil o senhor Tiedman, um dos componentes do círculo do Roustan, teria se recusado a patrocinar o lançamento da Revista Espírita. É importante lembrar também que Kardec era muito avesso a cobrança por serviços mediúnicos como fazia Japhet. Talvez aí esteja o principal motivo desta ruptura.<br />
<br />
<b>O dogma</b><br />
Aksakof diz que Kardec tratava a questão da reencarnação como um dogma, mas não é bem assim. De fato, Kardec tinha uma predileção pela hipótese reencarnacionista, porém ela vinha de longa análise e constante estudo. A reencarnação para Kardec era um objeto de estudo mais filosófico do que científico. E se tivesse que esperar pela concordância universal dos espíritos então não poderia mesmo atestar tal hipótese já que no Espiritualismo britânico tal ensinamento não era obtido.<br />
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<b>O animismo</b><br />
Já neste artigo é possível observar que Aksakof já identificava possíveis influências psicológicas nas comunicações recebidas sobretudo nas psicografias. Mais tarde ele viria a desenvolver melhor estas influências na sua famosa obra Animismo e Espiritismo.<br />
<br />
<b>Mediunidade de efeitos físicos</b><br />
A acusação de que Kardec desvalorizava a mediunidade de efeitos físicos não é totalmente procedente. Kardec sempre reconheceu o valor deste tipo de mediunidade, mas a colocava como um passo anterior a mediunidade de efeitos "inteligentes". Ou seja, o conhecimento espírita só foi possível de ser obtido por causa das comunicações "inteligentes", ou seja, pelos diálogos com os espíritos.<br />
<br />
<b>Kardec versus Home</b><br />
Aksakof faz uma importante revelação sobre uma carta em que D. D. Home teria rompido com Kardec por causa da sua não aderência a hipótese reencarnacionista. Provavelmente, esta estaria reproduzida na obra de Daniel Dunglas Home chamada <a href="http://www.archive.org/stream/lightsshadowsofs00homerich#page/316/mode/2up/search/kardec">Lights and Shadows of Spiritualism</a> (página 316, segunda edição de 1878) e teria sido publicada pela primeira vez no periódico Medium em 20 de agosto de 1875 (uma semana depois da publicação do artigo do Aksakof):<br />
<br />
<blockquote>"Meu caro Sr. Burns,<br />
Ainda que doente, e incapacitado para escrever cartas, é meu dever fazer um protesto contra tal declaração como esta feita por C__ W__, publicada no Medium em 13 de agosto. Como espiritualista, é um dever dizer que <span style="color: red;">eu nunca, em todo o curso da minha experiência, encontrei um espírito ensinando a antiga doutrina de Pitágoras, recentemente defendida por Allan Kardec, que, a mais de vinte anos atrás, tentou me converter à sua maneira de pensar</span> (digo isto assim mesmo, pois ele me disse que era 'por um cuidadoso estudo da filosofia de Pitágoras, que havia sido induzido a acreditar da forma como acreditou'). (...) Atenciosamente,<br />
D. D. Home"</blockquote><br />
Pesquisando na Revista Espírita conseguimos alguns dados interessantes. No primeiro ano, 1858, Kardec se mostrava muito entusiasmado com Home e, assim, publicou vários artigos sobre ele e sua mediunidade como, por exemplo, O Senhor Home e Teoria das Manifestações Físicas. Veja abaixo o número de artigos com referência a Home por ano de publicação.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz_Xd0-3tLI/AAAAAAAAAQU/IzmCoYSIPJc/s1600-h/d_d_home_na_revista_esp%C3%ADrita.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sz_Xd0-3tLI/AAAAAAAAAQU/IzmCoYSIPJc/s320/d_d_home_na_revista_esp%C3%ADrita.png" /></a></div><br />
Nos anos seguintes, 1859 e 1860, Kardec ainda se mostra entusiasmado pelos "poderes" de Home. Em 1861 há um breve artigo um tanto enigmático Variedades - Um boato. Kardec se mostra mesmo irritado... vejam o início dele:<br />
<br />
<blockquote>Um jornal, não sabemos de que país, publicou há algum tempo, e outros o repetiram, ao que parece, que uma conferência solene deveria ocorrer, sobre o Espiritismo, entre os Srs. Home, Marcillet, Squire, Delaage, Sardou, Allan Kardec etc. Aqueles de nossos leitores que poderiam disso ter ouvido falar, são informados de que tudo o que foi impresso, não sendo palavra do Evangelho, fosse mesmo num jornal, <span style="color: red;">é muito simplesmente um boato acomodado em sal muito grosso</span>, no tempero do qual se esqueceu de colocar uma coisa, que é o Espírito. ...</blockquote><br />
Em 1862 Kardec noticia a morte da esposa de Home e em 1863 novamente Kardec trata de se defender de calúnias em pequena nota em março. Vejam que interessante:<br />
<br />
<blockquote>O Sr. Home veio a Paris onde não permaneceu senão poucos dias. Perguntam-nos, de diversas partes, das notícias sobre os fenômenos extraordinários que teria produzido diante de augustos personagens, e dos quais alguns jornais falaram vagamente. Estas coisas, tendo-se passado na intimidade, não nos cabe revelar o que não tem nenhum caráter oficial, e ainda menos de a isso misturar alguns nomes. <span style="color: red;">Diremos somente que os detratores exploraram essa circunstância, como muitas outras, para tentarem lançar o ridículo sobre o Espiritismo por relatos absurdos, sem respeito nem pelas pessoas, nem pelas coisas.</span> Acrescentaremos que a permanência do Sr. Home em Paris, tão bem quanto a qualidade das casas onde foi recebido, é um desmentido formal dado aos <span style="color: red;">infames caluniadores segundo os quais ele teria sido expulso de Paris</span>, como no tempo, durante uma ausência que fez, fizera-se correr o boato de que estava enfermo em Mazas por causas graves, então que estava tranqüilamente em Nápoles pela sua saúde. Calúnia! sempre a calúnia! Faz muito tempo que os Espíritos vêm de purgá-la da Terra.</blockquote><br />
Ainda no ano de 1863 Kardec noticia e analisa o lançamento do mais novo livro de Home: Revelações sobre minha vida sobrenatural. Na análise Kardec se mostra muito pouco entusiasmado com o livro demonstrando a sua predileção pelas comunicações "inteligentes".<br />
<br />
Em 1864 Home voltou a ter problemas nas suas viagens, mas dessa vez em Roma de onde foi convidado a se retirar pela polícia. Aparentemente, ele vivia sob acusações de fraude. Talvez, Kardec preferiu a partir daí não ficar muito ligado ao médium Home.<br />
<br />
<b>A conclusão</b><br />
A despeito de todas as acusações, a conclusão de Aksakof é muito prudente. Não vê, em princípio, motivos para descartar a hipótese reencarnacionista porque considera que ela tem seus próprios méritos. Aplausos!Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-43614961356007095852010-01-23T17:36:00.001-02:002011-01-12T23:51:30.076-02:00Definição ao ladoA pergunta número 1 do Livro dos Espíritos que encabeça uma extensa lista de perguntas sobre as mais variadas coisas é: "Que é Deus?". Curiosamente, a resposta a esta pergunta foi publicada na primeira edição do Livro de forma diferenciada. A primeira parte ou <i>Livre Premier</i>, na qual inclui a pergunta número 1, está dividida em duas colunas. A primeira Kardec reservou para as perguntas e as respostas "textuais" dos espíritos e a segunda coluna para uma redação alternativa baseada nestas perguntas e respostas.<br />
<br />
Enfim, na primeira edição a pergunta número 1 não tem propriamente uma resposta, mas uma "definição" colocada na segunda coluna. No lugar da resposta Kardec colocou entre parênteses "<i>Définition ci-à-côté</i>". Vejam:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/S1r7I6mumbI/AAAAAAAAASc/lzkhnItsq14/s1600-h/DefinicaoAoLado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/S1r7I6mumbI/AAAAAAAAASc/lzkhnItsq14/s320/DefinicaoAoLado.jpg" /></a><br />
</div><a name='more'></a><br />
Uma dúvida autêntica que surge daí é: foram realmente os espíritos que deram esta definição como resposta a pergunta? Como toda boa dúvida não há uma resposta fácil e definitiva. Mas, podemos fazer alguns apontamentos que possam conduzir a algumas conclusões.<br />
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Primeiramente, devemos considerar que há um propósito na diferenciação da forma como é apresentada a primeira pergunta. E este propósito não é banal como poderia se aventar (por exemplo, um problema de editoração).<br />
<br />
Uma das primeiras hipóteses é a de que não haveria a necessidade de uma nova redação para a resposta por ela ser simples. Esta hipótese poderia ser plausível se não existissem outras perguntas e respostas que também não necessitassem de uma redação complementar. Mais detalhes sobre esta e outras hipóteses podem ser conferidos no post <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/infinito-de-deus.html">Infinito de Deus</a>.<br />
<br />
Outro ponto relevante está nos termos como é apresentada a resposta: "<b>definição</b> ao lado". Se apenas se tratasse de uma resposta dos espíritos Kardec provavelmente teria colocado "<b>resposta</b> ao lado" (como fez no diálogo 53). Se não o fez então precisamos analisar o valor e o significado de uma "definição".<br />
<br />
Para o filósofo francês <a href="http://fr.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9finition">André Lalande</a>, uma definição é a determinação dos limites da extensão de um conceito. Ou seja, é uma forma de estabelecer o que determinado termo diz. A definição de Deus, portanto, se refere ao significado atribuído por Kardec no discurso do seu Livro. Ou seja, é a apresentação do que se entende pelo termo Deus e não propriamente a validação do seu significado. Por exemplo, ao dizer que Deus é a causa primeira não se coloca em dúvida de que esta causa exista.<br />
<br />
O estabelecimento das definições é muito importante num diálogo e, em geral, decorre de uma negociação entre as partes. Do lado de Kardec há todo um arcabouço filosófico que discutia Deus como causa primeira. O escrito francês <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_F%C3%A9nelon">François Fénelon</a>, por exemplo, em <a href="http://www.gutenberg.org/etext/11044">A Existência de Deus</a>, afirma:<br />
<br />
<blockquote>Seção LXV: (...) Assim, Deus é a causa real e imediata de todas as configurações, combinações, e movimentos de todos os corpos do universo.<br />
<br />
Seção LXXXVIII: Nós devemos necessariamente reconhecer a Mão de uma <span style="color: red;">Causa Primeira </span>sobre o Universo sem se perguntar por que a primeira Causa teria deixado Defeitos nele.<br />
</blockquote><br />
Fénelon também foi um dos <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/11/quem-sao-eles.html">autores espirituais</a> do Livro dos Espíritos desde sua primeira edição. Em dezembro de 1859, Kardec divulga em seu Boletim da Sociedade que "<i>o senhor R... comunicou uma folha sobre a qual obteve a escrita direta (...) não traz senão duas palavras: <span style="color: red;">Deus, Fénelon</span></i>".<br />
<br />
Rivail, antes de ser Kardec, já tinha contato com as obras de Fénelon como vemos no pronunciamento do senhor E. Muller em ocasião da desencarnação de Kardec (Revista Espírita, maio de 1869):<br />
<br />
<blockquote>Vindo a Paris, e sabendo escrever e falar o alemão, tão bem quanto o francês, traduziu para a Alemanha os livros da França que mais tocavam seu coração. <span style="color: red;">Foi Fénelon que ele escolheu</span> para fazê-lo conhecer, e essa escolha revela a natureza benevolente e educada do tradutor. Depois, ele se entregou à educação. Era sua vocação instruir. Seus sucessos foram grandes, e as obras que publicou, gramática, aritmética e outras, tornaram popular o seu verdadeiro nome, o de Rivail. <br />
</blockquote><br />
A definição de Deus como Inteligência Suprema também é encontrada nos contemporâneos franceses de Kardec. Por exemplo, o filósofo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9licit%C3%A9_Robert_de_Lamennais">Lamennais</a> em <a href="http://books.google.com.br/books?printsec=frontcover&pg=PA60&id=MvedOEPidVQC#v=onepage&q=&f=false">Esquisse d'une philosophie: De Dieu et l'univers</a> definiu:<br />
<br />
<blockquote>Deus é Poder infinito, Inteligência infinita, Amor infinito. (Dieu est donc Puissance infinie, Intelligence infinie, Amour infini)<br />
</blockquote><br />
Lamennais, assim como Fénelon, tem grande contribuição para o conhecimento espírita. Por mais de cem vezes ele é citado nas edições da Revista Espírita e sendo algumas por causa das comunicações atribuídas a ele.<br />
<br />
De qualquer forma a definição de Deus colocada no Livro dos Espíritos pode ser atribuída tanto aos espíritos encarnados quanto desencarnados já que aqueles que se comunicaram com Kardec já estabeleciam tal definição quando ainda encarnados na Terra.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-21350968702817788982009-12-20T16:31:00.001-02:002011-01-12T23:52:05.074-02:00As reencarnações de KardecComo sabemos Denizard Rivail, homem do século XIX, teria vivido na pele do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Druida">druida</a> Allan Kardec na época de Cristo. De acordo com a <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/12/um-controversia.html">entrevista</a> dada pela médium Japhet a Alexandre Aksakof em 1875 esta revelação foi feita por meio dela e do médium Roze, futuro colaborador na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.<br />
<br />
Além desta existência como um druida, Kardec ainda teria recebido a revelação de que era o espírito reencarnado do filósofo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o">Platão</a>. Esta informação foi dado por Zéfiro, espírito familiar e protetor dos Baudin. De acordo com a entrevista dada por Marlene Nobre a Folha Espírita em junho de 1998 e reproduzida no livro <a href="http://analisando-livro-espirita.blogspot.com/2009/12/volta-de-allan-kardec.html">A Volta de Allan Kardec</a> a informação consta de um documento escrito por Kardec que parou nas mãos do pesquisador <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Silvino_Canuto_de_Abreu">Canuto Abreu</a>.<br />
<br />
<blockquote><b>Folha Espírita</b>: E a questão de Platão e Kardec?!<br />
<b>Marlene Nobre</b>: Esse caso foi muito interessante. Dr. Canuto Abreu mostrou a mim e ao Freitas um documento do próprio punho de Kardec, no qual ele escreve mais ou menos o seguinte: <span style="color: red;">depois que Zéfiro me contou que eu fui Platão é que pude compreender melhor a minha missão</span>.<br />
</blockquote><a name='more'></a><br />
É interessante observar que Kardec abandonou o círculo dos Baudin logo após o lançamento da primeira edição do Livro dos Espíritos. E assim abandonou também o espírito Zéfiro conforme se observa no trecho abaixo, retirado de Obras Póstumas.<br />
<br />
<blockquote><b>A minha primeira iniciação no Espiritismo</b><br />
<span style="color: red;">Eram geralmente frívolos os assuntos tratados</span>. Os assistentes se ocupavam, principalmente, de coisas respeitantes à vida material, ao futuro, numa palavra, de coisas que nada tinham de realmente sério; a curiosidade e o divertimento eram os móveis capitais de todos. <span style="color: red;">Dava o nome de Zéfiro o Espírito que costumava manifestar-se, nome perfeitamente acorde com o seu caráter e com o da reunião</span>. Entretanto, era muito bom e se dissera protetor da família. Se com freqüência fazia rir, também sabia, quando preciso, dar ponderados conselhos e manejar, se ensejo se apresentava, o epigrama, espirituoso e mordaz. Relacionamo-nos de pronto e ele me ofereceu constantes provas de grande simpatia. Não era um Espírito muito adiantado, porém, mais tarde, assistido por Espíritos superiores, me auxiliou nos meus trabalhos. <span style="color: red;">Depois, disse que tinha de reencarnar e dele não mais ouvi falar.</span><br />
(...)<br />
Pelos fins desse mesmo ano [1857], as duas Srtas. Baudin se casaram; <span style="color: red;">as reuniões cessaram e a família se dispersou</span>. Mas, então, já as minhas relações começavam a dilatar-se e os Espíritos me multiplicaram os meios de instrução, tendo em vista meus ulteriores trabalhos.<br />
</blockquote><br />
Aparentemente, Kardec não acreditava nesta revelação uma vez que na segunda edição do Livro publicada em 1860 apareceria o nome de Platão na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/11/quem-sao-eles.html">lista dos espíritos</a> que teriam contribuído para a sua elaboração, além de uma mensagem assinada por este espírito (diálogo 1009). Aliás, o estilo literário desta mensagem não se parece nem um pouco com o estilo de Kardec.<br />
<br />
É curioso notar ainda que o mesmo espírito Zéfiro foi quem apresentou o Espírito da Verdade a Kardec. Já abordamos este tema no tópico <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/02/em-verdade-da-verdade.html">Em verdade da Verdade</a> e demonstramos que este espírito poderia ser o filósofo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates">Sócrates</a> ("ilustre filósofo da antiguidade", "um homem justo de muita sabedoria" cujo nome começa pela letra 'S'). E agora esta demonstração faz mais sentido ainda uma vez que Platão era discípulo de Sócrates e, assim, estariam fazendo uma nova 'dobradinha' no século XIX; Platão como Kardec e Sócrates como o Espírito da Verdade.<br />
<br />
Outra interessante reencarnação de Kardec seria a do reformador religioso <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jan_Hus">Jan Huss</a> no século XV. Esta informação teria sido obtida também pelo pesquisador Canuto Abreu conforme se observa na <a href="http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-87.htm">entrevista</a> de Eduardo Monteiro ao CVDEE:<br />
<br />
<blockquote><b>CVDEE</b>: Onde tem a afirmação de que Denizard Rivail foi Jean Huss e, também, Allan Kardec? Tem algum livro, mensagem ou registro que afirma que o Léon Denis é a reencarnação de Wycliff?<br />
<b>Eduardo Monteiro</b>: A revelação da encarnação do Prof. Rivail como Allan Kardec, sacerdote druida, surgiu em 1856 pela cestinha escrevente de Caroline Baudin e a de <span style="color: red;">sua encarnação como John Huss em 1857 pela médium Ermance Dufaux</span>. As fontes preciosíssimas, esclarece Canuto de Abreu, estavam, em 1921, na Livraria Leymarie, onde ele as copiara em quase sua totalidade. Passaram em 1925 para a Maison dês Spirites que, como já nos referimos, foram assadas numa fogueira pelos alemães. Recomendo a leitura de A Missão de Allan Kardec, de Carlos Imbassahy, e Allan Kardec, o Druida Reencarnado, de minha autoria.<br />
</blockquote><br />
Assim como fez com a revelação da encarnação como Platão, Kardec não tornou pública esta outra como Huss. Isto nos sugere que Kardec também não acreditava que teria sido Jan Huss. Aparentemente, considerava suficiente a informação de que ele Rivail foi o druida Kardec, que, aliás, não sabemos nada desse personagem histórico.<br />
<br />
Outro ponto que merece ser destacado é a de que Eduardo Monteiro afirma que a revelação da encarnação como o druida Allan Kardec teria sido dada através da mediunidade de Caroline Baudin (e possivelmente por Zéfiro). Isto contradiz a entrevista dada pela médium Japhet citada no início deste tópico.<br />
<br />
É difícil avaliar com quem está a verdade, mas há uma certa lógica em acreditar na entrevista desta médium. Neste caso teríamos a revelação das reencarnações de Kardec sendo transmitidas por vários médiuns; como o druida Kardec por Celina Japhet e Roze, como Platão por Caroline Baudin (Zéfiro), e como Huss por Ermance Dufaux. E todas elas teriam sido dadas no início do Espiritismo (1856 e 1857). O que isto quer dizer? Rivail procurou confirmar as informações consultando vários médiuns de círculos diferentes conforme estabelece a sua metodologia. Neste caso específico não conseguiu a almejada universalidade, mas mesmo assim optou por uma delas: <b>Allan Kardec</b>.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-71407227342525678672009-12-09T01:12:00.003-02:002011-01-12T23:52:37.771-02:00Uma controvérsiaPara compreender a realidade dos fatos sempre é interessante "ouvir" o outro lado da história. O pouco que sabemos sobre as origens do Espiritismo e, sobretudo, da confecção do Livro dos Espíritos vêm das anotações de Kardec publicadas na Revista Espírita e em Obras Póstumas. Ruth Celine Japhet foi uma das principais médiuns que colaboraram neste trabalho. Mas, esta colaboração não durou muito tempo.<br />
<br />
O artigo abaixo foi publicado pelo embaixador e professor russo <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Aksakof">Alexandre Aksakof</a> em 1875 no periódico 'The Spiritualist Newspaper' de Londres. A reprodução deste artigo também pode ser encontrada <a href="http://books.google.com/books?id=032enJ49gmkC&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s">aqui</a> e <a href="http://www.woodlandway.org/PDF/PP4.11November08..pdf">aqui</a>. A partir dele se apresenta uma controvérsia a respeito do grau de participação da médium no conteúdo do Livro.<br />
<a name='more'></a><br />
Num próximo post vamos publicar uma tradução deste artigo com alguns comentários nossos.<br />
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<div style="text-align: center;"><b>RESEARCHES ON THE HISTORICAL ORIGIN OF THE REINCARNATION SPECULATIONS OF FRENCH SPIRITUALISTS</b><br />
</div><br />
<div style="text-align: center;"><i>BY THE HON. ALEXANDRE AKSAKOF, RUSSIAN IMPERIAL COUNCILLOR AND CHEVALIER OF THE ORDER OF ST. STANISLAS </i><br />
</div><br />
In view of the approaching publication of translations in the English language of the works of Allan Kardec, of which the principal volume, The Spirits' Book, is already out, I feel it my duty to lay before the English public the result of my researches in the direction of the origin of the dogma of Reincarnation. When “Spiritism,” newly baptised with this name, and embodied in form of a doctrine by Kardec, began to spread in France, nothing astonished me more than the divergence of this doctrine from that of “Spiritualism,” touching the point of Reincarnation. This divergence was the more strange because the sources of the contradictory affirmations claim to be the same, namely, the spirit-world and communications given by spirits. As Spiritism was born in 1856 with the publication of the Book of Spirits, it is clear that to solve this enigma it was necessary to begin with the historical origin of this book. It is remarkable that nowhere, either in this volume or in any of the others, does Kardec give upon this head the slightest detail. And why was this? the essential point in all serious criticism being to know before all things how such a book came into existence? <br />
<br />
As I did not live in Paris, it was difficult for me to procure the necessary information; all that I could learn was that a certain somnambulist, known by the name of Celina Japhet, had contributed largely to the work, but that she had been dead for a long time. During my stay in Paris in 1873, I explained to a Spiritualistic friend my regret that I had never met this somnambulist in life, to which he replied that he had also heard that she was dead, but he doubted whether the rumour was true; also that he had reason to suppose that this was nothing but a rumour spread abroad by the Spiritists, and that it would be well if I made further personal inquiry. He gave me a former address of Mme. Japhet, and what was my astonishment and joy to find her in perfect health! When I told her of my surprise, she replied that it was nothing new to her, for the Spiritists were actually making her pass for a dead person. Here is the substance of the information which she was obliging enough to give me. <br />
<br />
Mdlle. Celina Bequet was a natural somnambulist from her earliest years. At sixteen or seventeen years of age, while residing with her parents in Paris; she was mesmerised for the first time by Ricard, and three times by him in all. In 1841 she was living in the provinces, and was attacked with a serious illness; having lost the use of her legs, she was confined to her bed for twenty-seven months; afterwards, having lost all hope of relief from medicine, she was mesmerised and put to sleep by her brother; she then prescribed the necessary remedies, and after treatment for six weeks she got out of bed and could walk with the aid of crutches, which she was obliged to use for eleven months. At last, in 1843, she had entirely recovered her health. <br />
<br />
In 1845 she went to Paris in search of M. Ricard, and she made the acquaintance of M. Roustan at the house of M. Millet, a mesmerist. She then took, for family considerations, the name of Japhet; and became a professional somnambulist under the control of M. Roustan, and remained in that position till about 1848. She gave, under her assumed name, medical advice under the spiritual direction of her grandfather, who had been a doctor, and also of Hahnemann and of Mesmer, from whom she received a great number of communications. In thus manner in 1846 the doctrine of Reincarnation was given to her by the spirits of her grandfather, St. Theresa, and others. (As the somnambulic powers of Madame Japhet were developed under the mesmeric influence of M. Roustan, it may be well to remark in this place that M. Roustan himself believed in the plurality of terrestrial existences. See Cahagnet's Sanctuaire au Spiritualisme - Paris, 1850 - page 164: since dated August 24th, 1848.) <br />
<br />
In 1849 Madame d’Abnour, on her return from America, desired to form a circle for spiritual phenomena, of which she had lately been a witness. For this purpose she called upon M. de Guldenstubbe, by whom M. Roustan and Celina Japhet were asked to become members of his spirit-circle. (See the German edition of Pneumatologie Positive of the Baron de Guldenstubbe-Stuttgart, 1870-page 87.) This circle was also joined by the Abbé Chatel and the three Demoiselles Bauvrais; it consisted therefore of nine persons. This circle met once a week at the house of Madame Japhet, 46, Rue des Martyrs; afterwards, almost up to the time of the war of 1870, it met twice a week. In 1855 the circle was composed of the following persons: M. Tierry, M. Taillandier, M. Tillman, M. Ramon de la Sagia (since dead), Messrs. Sardou (father and son), Madame Japhet, and M. Roustan, who continued a member of it until about 1864. They began by making a chain, American fashion, in form of a horse-shoe, round Madame Celina, and they obtained spiritual phenomena more or less remarkable; but soon Madame Celina developed as a writing medium, and it was through that channel that the greater part of the communications were obtained. <br />
<br />
In 1856 she met M. Denizard Rivail, introduced by M. Victorien Sardou. He correlated the materials by a number of questions, himself arranged the whole in systematic order, and published The Spirits' Book without ever mentioning the name of Madame C. Japhet, although three-quarters of this book had been given through her mediumship. The rest was obtained from communications through Madame Bodin, who belonged to another spirit-circle. She is not mentioned except on the last page of the first number of the Revue Spirite, where, in consequence of the number of reproaches that were addressed to him, he makes a short mention of her. As he was also attached to an important journal, L' Univers, he published his book under the names which he had borne in his two previous existences. One of these names was Allan - a fact revealed to him by Madame Japhet, and the other name of Kardec was revealed to him by the medium Roze. <br />
<br />
After the publication of the Book of Spirits, of which Kardec did not even present one copy to Madame Japhet, he quitted the circle and arranged another in his own house, M. Roze being the medium. When he thus left he possessed a mass of manuscript which he had carried off from the house of Madame Japhet, and he availed himself of the right of an editor by never giving it back again. To the numerous requests for its return which were made to him, he contented himself by replying, “Let her go to law with me.” These manuscripts were to some extent useful in the compilation of the Book of Mediums, of which all the contents, so says Madame Japhet, had been obtained through medial communications. <br />
<br />
It would be essential in order to complete this article to review the ideas on preexistence and on reincarnation which were strongly in vogue in France just before 1850. An abstract of these will be found in the work of M. Pezzani on The Plurality of Existences. The works of Cahagnet should also be consulted. As I am now away from my library, it is impossible for me to give the relative points exactly. <br />
<br />
In addition to the foregoing, supplementary details bearing upon the origin of The Book of Spirits, and the different points connected therewith, can and ought to be obtained from living witnesses to throw light upon the conception and birth of this book, such as Madame Japhet, Mdlle. de Guldenstubbe, M. Sardou, and M. Taillandier. The last continues up to the present time to work with Madame Japhet as a medium; she is still in possession of her somnambulic powers, and continues to give consultations. She sends herself off to sleep by means of objects which have been mesmerised by M. Roustan. I think it a duty on this occasion to testify to the excellence of her lucidity. I consulted her about myself, and she gave me exact information as to a local malady and as to the state of my health in general. Now is it not astonishing that this remarkable person, who has done so much for French Spiritism, should be living entirely unknown for twenty years, and no notice or remark made about her? Instead of being the centre of public attention she is totally ignored; in fact, they have buried her alive! Let us hope that the reparation which is due to her will be made one day. “Spiritualism” might, in this matter, offer a noble example to “Spiritism.” * <br />
<br />
Now to return to the question of Reincarnation. I leave it to English critics to draw their deductions from the facts which I unravelled by my researches, incomplete though they be; I will do no more than throw out the following ideas: That the propagation of this doctrine by Kardec was a matter of strong predilection is clear; from the beginning Reincarnation has not been presented as an object of study, but as a dogma. To sustain it he has always had recourse to writing mediums, who, it is well known, pass so easily under the psychological influence of preconceived ideas; and Spiritism has engendered such in profusion; whereas through physical mediums the communications are not only more objective, but always contrary to the doctrine of Reincarnation. Kardec adopted the plan of always disparaging this kind of mediumship, alleging as a pretest its moral inferiority. Thus the experimental method is altogether unknown in Spiritism; for twenty years it has not made the slightest intrinsic progress, and it has remained in total ignorance of Anglo-American Spiritualism! The few French physical mediums who developed their powers in spite of Kardec, were never mentioned by him in the Revue; they remained almost unknown to Spiritists, and only because their spirits did not support the doctrine of Reincarnation! Thus Camille Bredif, a very good physical medium, acquired celebrity only in consequence of his visit to St. Petersburg. I do not remember ever to have seen in the Revue Spirite the slightest notice of him, still less any description of manifestations produced in his presence. Knowing the reputation of Mr. Home, Kardec made several overtures to get him upon his side; he had two interviews with him for this purpose, but as Mr. Home told him that the spirits who had communicated through him never endorsed the idea of Reincarnation, he thenceforth ignored him, thereby disregarding the value of the manifestations which were produced in his presence. I have upon this head a letter from Mr. Home, although at the present moment it is not within reach. <br />
<br />
In conclusion, it is scarcely necessary to point out that all that I have herein stated does not affect the question of Reincarnation, considered upon its own merits, but only concerns the causes of its origin and of its propagation as Spiritism. <br />
<br />
Chateau de Krotofka, Russia, July 24th, 1875 <br />
<br />
[* The address of Madame Japhet is Paris, Rue des Enfants Rouges, G.]Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com60tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-51878891243282820552009-11-02T01:39:00.002-02:002011-01-12T23:53:13.124-02:00Quem são eles?Pouco se sabe dos espíritos que auxiliaram Kardec a compilar sua primeira obra literária no Espiritismo. Henri Sausse afirmou na biografia de Kardec que o mestre teria recebido cinquenta cadernos contendo perguntas e respostas obtidas nas ainda incipientes sessões mediúnicas.<br />
<br />
Tanto na primeira quanto na segunda edição do Livro dos Espíritos não há informações suficientes para identificar corretamente quais seriam os autores espirituais da obra. Contudo e, de qualquer forma, vale a pena explorar um pouco as diferenças entre uma edição e outra.<br />
<a name='more'></a><br />
Na primeira edição encontramos referências aos espíritos nas notas explicativas anexadas ao final do livro. Na nota X há uma citação de médicos contemporâneos de Kardec: um alemão considerado o pai da homeopatia, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hahnemann">Samuel Hahnemann</a>, e o outro um famoso cirurgião francês, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Guillaume_Dupuytren">Guillaume Dupuytren</a>.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição - Nota X</b><br />
Entre os espíritos que se ocupam, com uma sorte de predileção, do alívio da humanidade, de preferência a quaisquer outras coisas, muitos animaram, aqui, ilustres médicos da antigüidade e dos tempos modernos, e entre estes últimos citaremos, fora outros, Hanemann e Dupuytren que, embora não estivessem totalmente de acordo quando aqui, se entendem perfeitamente no mundo dos espíritos e se unem de bom grado quando há o bem a fazer. A bondade, que foi a essência do caráter de Hanemann, não se desmente em sua nova situação; é sempre a mesma benevolência e solicitude pelos que se esforça em curar, e os resultados que obtém chegam no limite do prodígio.<br />
</blockquote><br />
Na qualidade de atentos observadores gostaríamos de destacar a grafia aparentemente incorreta de Hanemann sem o 'h'. É apenas um detalhe, mas não custa nada apontá-lo.<br />
<br />
Na nota XII há um diálogo com um espírito (não identificado) que em vida foi condenado a morte por crimes praticados e que sofria no processo de desencarnação. Na nota XIII há um relato da comunicação com espíritos ainda encarnados.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição - Nota XIII</b><br />
Uma pessoa evocada por um de seus parentes respondeu que habitava o planeta Juno. Após alguns instantes de palestra, cujos detalhes sobre coisas privadas não permitiam duvidar de sua identidade, ela se despediu, acrescentando: "Eu preciso te deixar; tenho quatro filhos e eles têm necessidade de meus cuidados."<br />
Outro Espírito evocado respondeu que estava reencarnado na Terra, mas, naquele momento, seu corpo estava doente e acamado, e provavelmente não viveria muito. Dizia ele: "Adeus, meu corpo está acordando. Precisa tomar o remédio."<br />
</blockquote><br />
Para quem ficou curioso pelo "planeta Juno" recomendamos a leitura do tópico <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/benefcio-de-inventrio.html">Benefício de inventário</a>. Já na nota XV temos um exemplo de diálogo com o espírito Théophile Z (veja os links <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/05/um-exemplo-de-dialogo-parte-1.html">aqui</a>, <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/06/um-exemplo-de-dialogo-parte-2.html">aqui</a>, e <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/09/um-exemplo-de-dialogo-parte-3.html">aqui</a>). Este espírito foi um ilustre desconhecido e também contemporâneo de Kardec. Pela qualidade do diálogo, mais tarde, boa parte das perguntas e respostas foram aproveitadas na segunda edição do Livro. <br />
<br />
Finalmente na nota XVII encontramos uma pequena lista indicando os principais responsáveis pelo conteúdo da primeira edição do Livro.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição - Nota XVII</b><br />
... Vários espíritos concorreram simultaneamente a estas instruções, às quais assistiam, tomando alternadamente a palavra e falando um em nome de todos. Entre os que animaram personagens conhecidas citaremos <span style="color: red;">João Evangelista, Sócrates, Fénelon, são Vicente de Paulo, Hannemann, Franklin, Swedenborg, Napoleão Primeiro</span>; Os demais habitam esferas elevadas e que nem viveram na Terra ou aqui apareceram em época muito remota. Concebe-se que de uma tal reunião espírita somente podiam sair palestras graves e impregnadas de sabedoria; e esta sabedoria nunca se desmentiu um só momento, e jamais uma palavra equivocada e inconveniente lhe maculou a pureza.<br />
</blockquote><br />
Nesta nota sobre os autores do Livro observamos uma nomeação de personagens conhecidos e uma simples indicação de espíritos que não passaram pela Terra. Da lista dos oito conhecidos figuram três personagens do cristianismo: <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Evangelista">João Evangelista</a>, autor de textos bíblicos, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_de_Paulo">Vicente de Paulo</a>, um sacerdote católico francês que viveu no século XVII, e <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9nelon">François Fénelon</a>, um escritor e teólogo francês de idéias liberais nascido em meados do século XVII.<br />
<br />
Nesta lista ainda aparece o grande filósofo da antiguidade, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates">Sócrates</a>, provavelmente era o espírito protetor de Kardec e que já foi motivo de uma boa discussão a respeito da <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/02/em-verdade-da-verdade.html">identidade do Espírito Verdade</a>. E os quatro últimos da lista são: o médico alemão Hannemann, citado anteriormente (aliás, olha outra grafia incorreta, o primeiro 'n' no lugar do 'h'), o cientista americano <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin">Benjamin Franklin</a> (século XVIII), o espiritualista sueco <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Emanuel_Swedenborg">Emanuel Swedenborg</a> (século XVIII), e o imperador francês <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte">Napoleão Bonaparte</a> (século XIX). <br />
<br />
Vale ainda destacar que não existe menção ao Espírito de Verdade (l'Esprit de Vérité) na primeira edição embora Canuto Abreu em sua tradução o identifique em expressões comuns como, por exemplo, "soit l'expression de notre pensée et de la vérité" contida nos prolegômenos.<br />
<br />
Já na segunda edição encontramos outros espíritos comunicantes e alguns assinam suas respostas às perguntas formuladas por Kardec. São elas:<br />
<br />
<ul><li>495 - São Luis e Santo Agostinho</li>
<li>665 - pastor M. Monot falecido em 1856</li>
<li>664 - São Luis</li>
<li>917 - Fénelon</li>
<li>919 - Santo Agostinho</li>
<li>1004, 1006, 1007, 1008 - São Luis</li>
<li>1009 - Santo Agostinho, Lammenais, Platão, Apóstolo Paulo</li>
<li>1010, 1019 - São Luis</li>
</ul><br />
Nesta lista aparecem novos nomes que não existiam na primeira edição. O mais frequente deles é o do rei francês <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_IX_de_Fran%C3%A7a">São Luís</a> (*), o presidente espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas fundada por Kardec. O segundo mais frequente desta lista é <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona">Santo Agostinho</a>, um dos mais importantes teólogos do Catolicismo que viveu no século IV.<br />
<br />
Aliás, na resposta a pergunta 919 Agostinho diz que ajudou no "ditado" do Livro, mas ele não tinha sido mencionado na primeira edição. No final da conclusão é encontrada uma mensagem final de sua autoria.<br />
<br />
Ainda entre os novos autores estão um pastor contemporâneo de Kardec de nome Monot. Também, o filósofo francês <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9licit%C3%A9_Robert_de_Lamennais">Lammenais</a> falecido na década em que Kardec iniciou seus trabalhos; o grande filósofo discípulo de Sócrates, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o">Platão</a>; e o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso">Paulo de Tarso</a>, personagem e autor de textos bíblicos.<br />
<br />
Finalmente em Prolegômenos encontramos a lista da primeira edição citada anteriormente que sofreu uma reelaboração. Vejam:<br />
<br />
<blockquote><b>Segunda edição - Prolegômenos</b><br />
São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc, etc.<br />
</blockquote><br />
Da lista original (na primeira edição) foram retirados os nomes de Hahnemann e Napoleão Bonaparte. E foram incluídos o de Santo Agostinho, São Luís, O Espírito de Verdade, e Platão. É interessante notar que os quatro santos aparecem na frente dos outros.<br />
<br />
No próximo tópico exploraremos a Revista Espírita identificando os espíritos que colaboraram para a confecção da segunda edição.<br />
<br />
(*) Agradeço aos amigos Marcelo Henrique, Augusto Araújo e Celso Benito pelas informações a respeito deste importante personagem para o Espiritismo.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-65911933027373199132009-10-23T22:03:00.001-02:002011-01-12T23:53:39.029-02:00Primeiro ano do DecodificandoNo dia 23 de outubro de 2008 inaugurávamos com muita alegria o nosso blog. Sabíamos que seria um trabalho muito árduo mas também muito prazeroso. Iniciamos contando a nossa estória, <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/quando-tudo-comeou.html">minha</a> e do <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/como-tudo-comeou-comigo-leopoldo-dar.html">Leo</a>, indicando de que forma chegamos a essa idéia de construir <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/uma-nova-proposta.html">uma nova proposta</a> para a compreensão do processo de construção e evolução do pensamento do mestre Allan Kardec.<br />
<br />
Partindo de nosso estudo comparativo das duas primeiras edições do Livro dos Espíritos, que começou pelo <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/disperso-dos-mapeamentos.html">mapeamento dos diálogos</a>, fomos desenvolvendo nossas idéias. Ficamos maravilhados com o farto material a ser trabalhado e as inúmeras possibilidades de análises. Desde então foram 54 posts que nos dão uma boa média de 1 post por semana.<br />
<a name='more'></a><br />
Tivemos a felicidade de ser acompanhados por um bom número de amigos que já conhecíamos, que ficamos conhecendo, e por outros que ainda nem conhecemos, mas que sem sombra de dúvida têm sido fundamentais para nossa dedicação ao trabalho realizado. Em especial, gostaríamos de agradecer a todos que registraram seus valiosos comentários nos posts e também àqueles que fazem parte de nossa lista de seguidores.<br />
<br />
Neste primeiro ano de vida do Decodificando tivemos a honra de receber a visita de mil pessoas diferentes espalhadas pelos quatro cantos do mundo (11 países). Também ficamos muito satisfeitos em saber que nosso trabalho tem sido visto por pessoas de 100 cidades brasileiras.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SuI_ew2WvtI/AAAAAAAAAO8/4TDBAZIKV5Y/s1600-h/brasil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SuI_ew2WvtI/AAAAAAAAAO8/4TDBAZIKV5Y/s320/brasil.jpg" /></a><br />
</div><br />
Estamos muito entusiasmados por este trabalho e continuamos contando com o apoio de todos vocês. Durante todo este tempo só tivemos comentários favoráveis e avaliações muito positivas. Isto nos mostra que estamos no caminho certo e esperamos assim contribuir significativamente para o conhecimento espírita.<br />
<br />
E vamu que vamu!!!Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-18362501176742012312009-10-10T22:13:00.002-03:002011-01-12T23:54:23.764-02:00A cepa decepadaNos princípios básicos ou prolegômenos do Livro dos Espíritos há uma interessante e bonita imagem de uma cepa de vinha que representa, segundo os espíritos que auxiliaram Kardec, a dualidade corpo e espírito.<br />
<br />
<blockquote>Coloca na cabeça do livro a cepa de vinha que te desenhamos, porque ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nela se encontram reunidos: o corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou o espírito unido à matéria é o grão. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos.<br />
</blockquote><br />
Kardec não seguiu a risca a orientação dos espíritos, pois reproduziu o desenho no interior e não na cabeça do livro. É claro que isso é apenas um detalhe. Aliás, é exatamente por estes detalhes que se conclui que Kardec se preocupava mais com o conteúdo do que com a forma.<br />
<a name='more'></a><br />
Um olhar mais atento vai mostrar que até mesmo o desenho não foi fielmente reproduzido em suas edições. Vamos tomar por base o desenho da primeira edição do livro (imagem extraída de uma digitalização do <a href="http://books.google.com.br/books?id=J_MTAAAAQAAJ&printsec=frontcover#v=onepage&q=&f=false">original de 1857</a>).<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/StEqGPqWpsI/AAAAAAAAANU/R8RQoUlINeI/s1600-h/cepa1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/StEqGPqWpsI/AAAAAAAAANU/R8RQoUlINeI/s320/cepa1.jpg" /></a><br />
</div><br />
Agora observem na imagem abaixo extraída da segunda edição (veja no <a href="http://books.google.com.br/books?id=tIoOAAAAIAAJ&printsec=frontcover#v=onepage&q=&f=false">original de 1860</a>). A folhinha mais a esquerda foi decepada.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/StErDE708nI/AAAAAAAAANc/z4fIuuPQ5U0/s1600-h/cepa2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/StErDE708nI/AAAAAAAAANc/z4fIuuPQ5U0/s320/cepa2.jpg" /></a><br />
</div><br />
Uma possível hipótese poderia ser a de que tal mudança foi responsabilidade do editor. Mas, aparentemente esta mudança permaneceu em todas as outras edições uma vez que no <a href="http://books.google.com.br/books?id=XC44AAAAMAAJ&printsec=frontcover#v=onepage&q=&f=false">original de 1866</a>, na sua décima quarta edição a cepa continua decepada.<br />
<br />
Curiosamente, as traduções brasileiras preservam a imagem original da primeira edição a despeito de se basearem normalmente na sua décima segunda edição. Poderíamos dizer que há, por parte das editoras, um cuidado maior em preservar o desenho original. Porém, seria mais fidedigno se mantivessem os detalhes (tanto de conteúdo quanto de forma) do original no qual se baseiam para fazer a tradução.<br />
<br />
Só mais um intrigante detalhe... vocês repararam que na primeira edição logo acima do desenho está escrito 'Les Livres des Esprits' no plural, ou seja, 'Os Livros'?!? Será que era uma segunda opção para o título da obra? Talvez, fazendo referência aos três livros que a compõe: Doutrina Espírita, Leis Morais, Esperanças e Consolações?Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-16852286580353210212009-09-23T02:43:00.011-03:002011-01-12T23:54:59.553-02:00Um exemplo de diálogo - Parte 3Na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/05/um-exemplo-de-dialogo-parte-1.html">primeira parte</a> deste post apresentamos um diálogo publicado na primeira edição do Livro dos Espíritos entre Kardec e o espírito Théophile Z.. Na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/06/um-exemplo-de-dialogo-parte-2.html">segunda parte</a> fizemos uma análise deste diálogo e dos seus dialogadores. Nesta terceira e última parte apresentaremos o que foi aproveitado do diálogo para a nova edição do Livro dos Espíritos e avaliando também a forma como ele foi aproveitado.<br />
<br />
O aproveitamento do diálogo para a confecção da nova edição do Livro dos Espíritos se deu principalmente na sua terceira parte (itens de 18 a 26). Mais especificamente, Kardec selecionou as perguntas e respostas dos itens 21, 22, 24, 25, 26 e o seu comentário no item 27. Vamos a eles!<br />
<a name='more'></a><br />
Veja no mapeamento abaixo que a pergunta permanece idêntica, mas a resposta é abreviada cortando-se o seu final.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
21. O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?<br />
__ Ele o pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu. Ademais, para fazer o bem, como o deve ser, e como isso é o único objetivo da vida, pode impedir o mal, sobretudo aquele <span style="color: red;">que possa contribuir a que um maior se cumpra; porque aqui, como em todos os demais mundos, o progresso é contínuo: Ele não tem absolutamente reincidências.</span><br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
860. O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?<br />
__ Ele o pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu. Ademais, para fazer o bem, como o deve ser, e como isso é o único objetivo da vida, pode impedir o mal, sobretudo aquele <span style="color: green;">que poderia contribuir para um mal maior.</span><br />
</blockquote><br />
Aparentemente Kardec achou desnecessária a penúltima frase e até mesmo fora de contexto. Ou seja, a idéia de que o progresso é contínuo não tem relação direta com a pergunta. Por sua vez, a última frase 'ele não tem reincidências' carece de sentido e, provavelmente por este motivo, foi descartada. No próximo mapeamento, ao contrário, Kardec acrescenta novas frases desenvolvendo melhor o raciocínio.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
22. Há fatos que devam acontecer forçosamente?<br />
__ Sim, mas que, no estado de espírito, você viu e pressentiu ao fazer sua escolha. Se você queimar um dedo, isso não importa: é conseqüência da matéria. Apenas as grandes dores que influem no seu estado moral são previstas por Deus, visto que são úteis à sua depuração e à sua instrução.<br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
859. ... Há fatos que devam acontecer forçosamente <span style="color: green;">e que a vontade dos Espíritos não possa evitar</span>?<br />
__ Sim, mas que, no estado de Espírito, você viu e pressentiu ao fazer sua escolha. <span style="color: green;">Entretanto, não creiais que tudo o que ocorre esteja escrito, como se diz. Um acontecimento é, frequentemente, a conseqüência de uma coisa que fizeste por um ato de tua livre vontade, de tal sorte que se não tivesses feito essa coisa, o acontecimento não ocorreria.</span> Se você queimar um dedo, isso não importa: é <span style="color: green;">o resultado de sua imprudência e</span> conseqüência da matéria. Apenas as grandes dores, <span style="color: green;">os acontecimentos importantes</span> que <span style="color: red;">podem influir</span> no seu estado moral são previstas por Deus, visto que são úteis à sua depuração e à sua instrução.<br />
</blockquote><br />
Como a pergunta foi tirada do seu contexto Kardec a desenvolve acrescentando a suposta condição de que nem mesmo os espíritos poderiam alterar o rumo de alguns acontecimentos. Na resposta, antes de dar o exemplo do dedo queimado, Kardec enfatiza a possibilidade, ou mesmo a maior probabilidade, de que normalmente somos responsáveis pelas consequências dos nossos atos.<br />
<br />
Mais a frente, ao explicar o exemplo, acrescenta de forma clara que a queima é 'o resultado de sua imprudência'. Explica ainda que as 'grandes dores' são os 'acontecimentos importantes'. E observem no final: estas dores não 'influem' certamente, mas 'podem influir' no seu estado moral. Assim, com esta <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/minuciosa-reviso.html">minuciosa revisão</a> Kardec tira o caráter absoluto da afirmação buscando sempre relativizar e generalizar os seus ensinamentos.<br />
<br />
No mapeamento abaixo observamos uma reescrita mais generalizada uma vez que a resposta original do espírito se mostrava pouco clara e até mesmo confusa.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
24. Quem morre assassinado sabia previamente de que gênero de morte iria morrer, e isso pode ser evitado?<br />
__ <span style="color: red;">Quando sabemos antes que vamos morrer assassinado, não sabemos por quem. . . Espera! Digo que nós vamos morrer assassinado; mas sabemos que, se escolhermos uma existência em que vamos ser assassinado</span>, sabemos também das lutas que devemos travar para o evitar, e que, se Deus permitir, não o seremos.<br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
856. O Espírito sabe previamente o gênero de morte pelo qual deve morrer?<br />
__ <span style="color: green;">Sabe que o gênero de vida que escolheu o expõe a morrer de tal maneira antes que de outra</span>, mas sabe igualmente as lutas que terá de sustentar para o evitar, e que, se Deus o permitir, não sucumbirá.<br />
</blockquote><br />
Já na pergunta Kardec tira o caráter específico da morte por assassinato generalizando para qualquer tipo de morte. As primeiras frases da resposta são descartadas pois são específicas da morte por assassinato além de transmitirem pouca confiança. Em substituição a elas Kardec coloca a questão do ponto de vista da probabilidade e não mais de forma absoluta. E mantém as frases finais, embora sutilmente modificadas, que confirmam esta idéia da probabilidade.<br />
<br />
Em seguida vocês poderão observar como faz a diferença uma boa explicação para esclarecer o que se deve compreender sobre o livre arbítrio.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
25. O homem que comete um homicídio sabe, ao escolher a existência, que virá a ser assassino?<br />
__ Não; sabe que, escolhendo uma vida de luta, tem probabilidade de matar um de seus semelhantes; ignora porém se o fará; pois quase sempre <span style="color: red;">houve lutas para ele</span>.<br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
861. O homem que comete um homicídio sabe, ao escolher a existência, que virá a ser assassino?<br />
__ Não; sabe que, escolhendo uma vida de luta, tem probabilidade de matar um de seus semelhantes; ignora porém se o fará; pois quase sempre <span style="color: red;">há nele uma deliberação antes de cometer o crime</span>. <span style="color: green;">Ora, aquele que delibera sobre uma coisa, está sempre livre para fazê-la, ou não. Se o Espírito sabia, de antemão, que, como homem, devia cometer um homicídio, é que isso estava predestinado. Sabei, pois, que não há ninguém predestinado ao crime e que todo crime, ou todo ato qualquer, é sempre o resultado da vontade e do livre arbítrio.</span><br />
<div style="color: green;">De resto, confundis sempre duas coisas bem distintas: os acontecimentos materiais da vida e os atos da vida moral. Se, algumas vezes, há fatalidade, é nos acontecimentos materiais cuja causa está fora de vós, e que são independentes da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, eles emanam sempre do próprio homem, que tem sempre, por conseguinte, a liberdade de escolha; para esses atos, pois, jamais há fatalidade.<br />
</div></blockquote><br />
Observem que Kardec refaz a redação da última frase da resposta do espírito dando a ela uma maior coerência e acrescenta uma extensa explicação sobre o livre arbítrio enfatizando que ele é soberano especialmente 'nos atos da vida moral'.<br />
<br />
No próximo mapeamento Kardec refaz a redação da pergunta e remodela a resposta. Observem que, embora textualmente diferentes, ambas redações possuem a mesma essência.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
26. Por que não devemos conhecer a natureza e o tempo dos acontecimentos futuros?<br />
__ A fim de que se dêem quando Deus quiser, e, ignorando-os, você trabalhe com zelo; devemos concorrer para eles, mesmo para os adversos. Se soubesse que algo deva acontecer em seis meses por exemplo, diria: Nada posso fazer, porque vai acontecer em seis meses; e não deve ser assim.<br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
869. Com que objetivo o futuro está oculto ao homem?<br />
__ Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade, porque seria dominado pelo pensamento de que, se uma coisa deve acontecer, não tem que se ocupar dela, ou então, procuraria dificultá-la. Deus não quis que fosse assim, a fim de que cada um concorresse para a realização das coisas, mesmo às quais gostaria de se opor. Assim, tu mesmo, frequentemente, preparas, sem desconfiar disso, os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida.<br />
</blockquote><br />
Finalmente, Kardec reaproveita seu próprio comentário na primeira edição para iniciar o seu 'resumo teórico da motivação das ações do homem' no item 872 da nova edição.<br />
<br />
<blockquote><b>Primeira edição</b><br />
27. A questão do livre arbítrio <span style="color: red;">e fatalidade não podia ser melhor elucidada do que foi por essa comunicação.</span> Ela pode ser resumida assim: O homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não estão escritos antecipadamente; os crimes que comete não são o resultado de uma decisão do destino. Pode, como provação ou como expiação, escolher uma vida em que tenha atrativos do crime, seja pelo meio em que se ache colocado ou por circunstâncias que surjam, <span style="color: red;">seja pela organização mesma do corpo que lhe pode dar tal ou qual predisposição;</span> mas tem sempre a liberdade de fazer ou não fazer. Assim, o livre arbítrio existe no estado de espírito na escolha da vida e das provas, e, no estado corporal, em ceder ou resistir aos arrastamentos a que somos voluntariamente submetidos. Compete à educação combater essas más tendências; ela será útil quando baseada em um estudo aprofundado da natureza moral do homem. Quando familiarizados com as leis que regem essa natureza moral, modificaremos o caráter como modificamos a inteligência pela instrução, e o temperamento pela saúde.<br />
<br />
<b>Segunda edição</b><br />
872. A questão do livre arbítrio pode ser resumida assim: O homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não estão escritos antecipadamente; os crimes que comete não são o resultado de uma decisão do destino. Pode, como provação ou como expiação, escolher uma vida em que tenha atrativos do crime, seja pelo meio em que se ache colocado ou por circunstâncias que surjam, mas tem sempre a liberdade de agir ou não agir. Assim, o livre arbítrio existe no estado de Espírito na escolha da vida e das provas, e, no estado corporal, em ceder ou resistir aos arrastamentos a que somos voluntariamente submetidos. Compete à educação combater essas más tendências; ela será útil quando baseada em um estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la como modificamos a inteligência pela instrução, e o temperamento pela saúde.<br />
</blockquote><br />
Observem que a parte final da primeira frase foi descartada por estar fora de contexto. Outro trecho também foi retirado por transmitir a idéia de que o corpo poderia ser a causa das más condutas do homem. Aliás, esta questão já foi objeto de análise no tópico <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/alma-causa-efeito.html">Alma, causa, efeito</a>.<br />
<br />
Enfim, a partir da análise deste diálogo podemos avaliar como funcionava o processo de construção do conhecimento espírita realizado por Kardec. Usando de bom senso e respeito no trato com o seu interlocutor (o espírito comunicante), fazendo as perguntas certas nas horas certas, explorando ao máximo as respostas Kardec retirava do diálogo o melhor que ele poderia dar.<br />
<br />
Na sequência deste processo, após a obtenção do diálogo, Kardec analisava as respostas e lapidava os textos dando uma coerência e clareza necessárias para a divulgação correta do ensinamento. Isto só demonstra o quão importante foi o papel de Kardec na elaboração do conhecimento espírita.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-51816021027893732892009-06-06T20:43:00.007-03:002011-01-12T23:55:41.507-02:00Um exemplo de diálogo - Parte 2Na <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/05/um-exemplo-de-dialogo-parte-1.html">primeira parte</a> deste post apresentamos um diálogo publicado na primeira edição do Livro dos Espíritos entre Kardec e o espírito Théophile Z.. Nesta segunda parte iremos fazer uma análise deste diálogo e dos seus dialogadores.<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;font-size:130%;" >Análise geral do diálogo</span><br />
O objetivo desta análise geral é o de compreender o processo básico de comunicação com os espíritos. E o primeiro passo seria identificar o espírito comunicante. Este era um contemporâneo de Kardec, falecido a pouco tempo, e tinha uma certa instrução. Aparentemente este espírito Théophile Z. não seria uma pessoa famosa pois não encontramos referências suas na Internet. Também não há outras mensagens assinadas por ele nas obras de Kardec.<br />
<a name='more'></a><br />
Quanto às circunstâncias que envolvem o diálogo podemos dizer primeiramente que ele ocorre no início do trabalho de Kardec ainda antes de 1857 já que a primeira edição do Livro já estava no prelo no início deste ano. Nesta época Kardec frequentava poucas reuniões mediúnicas especialmente na casa do senhor Baudin (médiuns Caroline e Julie Baudin) e na casa do senhor Roustan (médium Ruth Japhet).<br />
<br />
Em geral estas médiuns psicografavam através de uma cesta ou de um prancheta. Mas Ruth Japhet também usava a psicofonia e aparentemente este diálogo foi obtido através desta mediunidade uma vez que existem interjeições próprias da fala como "Espera!" (item 23) e "Escuta!" (item 24).<br />
<br />
Outra importante circunstância que envolve este diálogo é a apresentação do espírito mediante a evocação feita pelo entrevistador. Isto era comum no trabalho de Kardec.<br />
<br />
O diálogo pode ser dividido em quatro partes: uma conversa inicial (de 1 a 4), uma especulação sobre a situação do espírito (de 5 a 17), uma entrevista mais específica (de 18 a 26), e ao final um comentário de Kardec (item 27).<br />
<br />
Na conversa inicial é feita uma evocação (1), o espírito fornece suas primeiras impressões da vida após o desencarne (2), e faz uma revisão de conceitos que tinha na Terra (2, 3, 4).<br />
<br />
Na especulação sobre a situação do espírito Kardec consegue obter informações interessantes sobre a sua localização (5), sua atividade (6, 7, 8), seu estado evolutivo (9), sua reencarnação e existências passadas (10, 11, 12, 13), sua aparência (14, 15, 16), e sua impressão sobre a comunicação (17).<br />
<br />
Na terceira parte Kardec faz uma entrevista mais específica sobre o livre arbítrio (18, 19), o bem e o mal (20), a fatalidade (21, 22, 23, 24, 25), e o conhecimento sobre o futuro (26). E na última parte Kardec faz um comentário final resumindo alguns pontos discutidos na terceira parte.<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;font-size:130%;" >Análise do papel do entrevistador</span><br />
Muito provavelmente o condutor da entrevista ao espírito neste diálogo era Kardec. As perguntas formuladas são simples e claras. Algumas delas são mais subjetivas, relacionadas ao espírito, como as de 2, 3, 4, 9, e 17. E outras são mais objetivas como as da terceira parte do diálogo (de 18 a 26). Há também perguntas mais críticas e que exigem um pouco mais do espírito como a 23 e a 25.<br />
<br />
O papel do entrevistador se caracteriza pelo encadeamento lógico das perguntas. E isto demonstra que se tratava de um verdadeiro diálogo. Não há quebras na linha de raciocínio. Há uma persistência nas perguntas para ver se resolve todos os problemas. Kardec faz as perguntas certas logo após uma resposta incompleta. Por exemplo, veja o par 5 e 6, o 9 e 10, a trinca 11, 12 e 13, e o par 22 e 23.<br />
<br />
<span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">Análise das respostas do espírito<br />
</span></span>O objetivo desta análise das respostas é o de reconhecer o valor das idéias apresentadas. Quanto à linguagem empregada pelo espírito podemos avaliá-la como clara em várias respostas como as de 11 e 25. Também percebemos algumas respostas mais genéricas ou pouco explicativas (5 e 13, por exemplo). E, algumas vezes as respostas se tornam um pouco confusas (18 e 24).<br />
<br />
Quanto à coerência das respostas, em geral, o espírito demonstra ser bastante coerente especialmente em relação aos conceitos de planejamento reencarnatório e de livre arbítrio. Isto é, o espírito se mostrou coerente ainda que o interrogador tenha feito uma entrevista bem inteligente "apertando" o espírito através de perguntas bem formuladas que buscavam as brechas deixadas por ele.<br />
<br />
Mas, uma exceção ocorre quando o espírito coloca que existem fatos que devam ocorrer forçosamente e em outro momento relativiza esta afirmação indicando que há possibilidade de reverter a fatalidade desde que com a permissão de Deus (24).<br />
<br />
Em relação aos aspectos emocionais o espírito se apresenta sereno na maior parte do diálogo (por exemplo: 22 e 26). Há, porém, uma certa ansiedade para responder as perguntas relacionadas aos ensinamentos sobre a fatalidade especialmente observada nos itens 23 e 24 quando o espírito recorre as interjeições 'espera!' e 'escuta!'.<br />
<br />
Na terceira e última parte deste exemplo de diálogo apresentaremos o que foi aproveitado dele para a nova edição do Livro dos Espíritos e, claro, avaliando também a forma como ele foi aproveitado. Até lá!Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-88145723311794780102009-05-31T15:33:00.005-03:002011-01-12T23:56:20.901-02:00Um exemplo de diálogo - Parte 1O diálogo com os espíritos foi a principal ferramenta que Kardec usou para a elaboração dos ensinamentos espíritas. Compreender como ele usava esta ferramenta é de fundamental importância para continuar construindo o pensamento espírita. E nada melhor do que se basear em um bom exemplo de diálogo.<br />
<br />
Na primeira edição do Livro dos Espíritos os diálogos eram mais extensos do que na segunda edição. E no seu apêndice há uma nota contendo um diálogo completo que pode contribuir bastante para a nossa tarefa de decodificar o Livro dos Espíritos.<br />
<br />
Dada a relevância deste diálogo faremos primeiramente uma leitura comentada e depois faremos uma discussão sobre os aspectos que nortearam o diálogo. Numa terceira parte avaliaremos de que forma Kardec aproveitou este diálogo para a elaboração dos seus novos textos.<br />
<a name='more'></a><br />
Então... vamos ao diálogo:<br />
<br />
<blockquote><span style="font-weight: bold;">Primeira edição</span><br />
<span style="font-weight: bold;">Nota XV</span><br />
Como desenvolvimento da doutrina do livre arbítrio e de várias outras questões tratadas neste livro, transcrevemos textualmente a evocação de um homem eminente pelo saber, falecido ultimamente; a elevação dos pensamentos que ele exprime é um índice da superioridade de seu espírito.<br />
</blockquote><br />
O espírito que havia desencarnado recentemente foi evocado por Kardec para uma conversa amistosa. O espírito quando encarnado tinha uma certa sabedoria e aparentemente a manteve no plano espiritual.<br />
<br />
<blockquote>1. Em nome de Deus Todo-Poderoso, espírito de Théophile Z... nós te pedimos que venha até nós e te digne, com a permissão de Deus, em responder às nossas perguntas.<br />
__ Aqui estou. O que querem de mim?<br />
</blockquote><br />
Kardec faz uma evocação ao espírito pelo nome de sua última encarnação e adianta o propósito de ser uma entrevista ou, em outros termos, uma conversa em que se deseja compreender a nova realidade do espírito. O espírito conterrâneo de Kardec não tinha um nome que ficou para a história, mas pôde contribuir para a elaboração do Livro com as suas qualidades e as suas limitações.<br />
<br />
<blockquote>2. Você gostaria de compartilhar suas impressões do que sucedeu após você ter deixado o corpo?<br />
__ Vou te dizer que não esperava ter nenhuma e que o espanto foi por isso maior em mim do que em muitos outros; pois eu estava, confesso, longe de pensar em impressões sentidas em tal momento e acreditava que esta parcela de vida que nos anima retornava ao grande todo.<br />
</blockquote><br />
Este diálogo ocorreu necessariamente antes de 1857 porque faz parte da primeira edição que foi para o prelo no início deste ano. Como vocês sabem Kardec teve seu primeiro contato com as manifestações espíritas através das mesas girantes somente em maio de 1855. E a partir daí pôs-se a dedicar mais positivamente a elas para a chegar a uma "solução para o passado e o futuro da humanidade que ele procurara por toda a sua vida".<br />
<br />
Assim, como quem se inicia para a compreensão da realidade espiritual Kardec explora tanto as perguntas mais básicas como as mais complexas. E dessa forma ele pôde extrair o pensamento comum dos diversos diálogos que realizou.<br />
<br />
Nesta última resposta o espírito dá a entender que quando encarnado acreditava que as almas dos homens voltavam para o grande todo. E como esta idéia é contrária a imortalidade da alma então Kardec solicitou ao espírito uma confirmação.<br />
<br />
<blockquote>3. Não acreditava então na imortalidade da alma?<br />
__ Você sabe quanto é difícil a um homem que tem um pouco de raciocínio crer no inferno e em seres pouco adiantados; achei melhor crer que a alma era uma centelha elétrica que retorna a seu foco.<br />
</blockquote><br />
O espírito confirma e explica a razão para que tivesse esta crença, mas como isto é contrário até a possibilidade do espírito se comunicar então Kardec pede que o espírito diga como ele entende a alma agora (naquele momento).<br />
<br />
<blockquote>4. Seu modo de ver, quanto à alma, continua o mesmo de antes da morte?<br />
__ Não; tinha muitas dúvidas; agora não tenho mais nenhuma. Sei que tudo não acaba quando o envoltório carnal falece; ao contrário, é só então que somos verdadeiramente nós mesmos.<br />
</blockquote><br />
Esta resposta do espírito reforça a idéia de que a essência é o espírito e não o corpo. E como o espírito reconhece integralmente sua individualidade então Kardec pergunta onde ele está já que esta individualidade pressupõe uma localização ou algo concreto.<br />
<br />
<blockquote>5. Onde está você agora?<br />
__ Perambulando por este globo, contribuindo para a felicidade dos homens.<br />
</blockquote><br />
O espírito na sua vida espiritual parece não ter um local fixo, isto é, pode estar em toda a parte. Na mesma resposta o espírito aproveita para falar sobre sua ocupação. E se ele contribui para a felicidade dos homens então de alguma forma ele está próximo do plano físico. Mas, Kardec quer ir além, quer saber como é possível esta contribuição.<br />
<br />
<blockquote>6. Em que pode contribuir para a felicidade dos homens?<br />
__ Ajudando-os nas reformas que são necessárias.<br />
</blockquote><br />
Kardec aparentemente julgou suficiente a resposta ou ficou satisfeito com ela já que carrega uma sabedoria pouco encontrada ao associar a felicidade a reforma íntima. Mas, aproveita também pra saber se esta ocupação vai durar para sempre.<br />
<br />
<blockquote>7. Você ficará perambulando por muito tempo?<br />
__ Minha missão, como espírito errante, está apenas começando. Vou tentar inspirar os homens em várias questões graves.<br />
</blockquote><br />
O espírito responde a pergunta, mas também complementa a resposta anterior. Isto é, explica de que forma um espírito em estado errante pode contribuir para a reforma moral dos homens... os inspirando. Kardec desconfia de que esta missão seja muito difícil uma vez que a inspiração sozinha não poderia ser tão poderosa.<br />
<br />
<blockquote>8. Será bem sucedido em sua missão?<br />
__ Não é tão fácil como eu gostaria; porque, você sabe, quando temos velhos hábitos custamos a abandoná-los e os homens são teimosos.<br />
</blockquote><br />
A resposta veio de acordo com que Kardec esperava, cheia de sinceridade e de bom senso. Diante da percepção de que o espírito não poderá cumprir integralmente a sua missão, Kardec questiona sobre a felicidade do próprio espírito.<br />
<br />
<blockquote>9. Você está feliz no estado em que se encontra agora?<br />
__ Estou muito feliz no meu estado atual; sei que a minha tarefa é bela embora difícil e sei também que vou nascer em um mundo superior quando minha missão terminar.<br />
</blockquote><br />
A felicidade do espírito vem da fé ou da certeza de que depende somente dele a continuação de sua vida em mundos mais adiantados. Ou seja, a sua felicidade não está totalmente vinculada a felicidade dos outros espíritos.<br />
<br />
E como aquela época ainda era um período inicial para a formulação dos princípios espíritas então Kardec pede ao espírito confirmar a hipótese da reencarnação uma vez que o espírito disse que nasceria de novo.<br />
<br />
<blockquote>10. Você confirma portanto a doutrina da reencarnação?<br />
__ Sim, e por que não? Acha que seria de outra forma? Acha que nesta existência você terá adquirido todos os conhecimentos? Certamente que se fizer o mal vai ser punido, mas por uma vida de provas em que você terá a consciência do que é mal.<br />
</blockquote><br />
O espírito responde de forma categórica e acrescenta que as encarnações são o meio do espírito adquirir conhecimento. Como o espírito disse que nasceria em um mundo superior então Kardec, de forma perspicaz, quis saber onde ele teria nascido antes e, dessa forma, poderia chegar a alguma conclusão da evolução das sucessivas existências.<br />
<br />
<blockquote>11. Antes de sua última existência você estava encarnado na Terra?<br />
__ Não, em Saturno.<br />
</blockquote><br />
Especialmente no início do Espiritismo era muito comum os espíritos dizerem sobre suas encarnações em outros corpos celestes do nosso sistema solar, além do planeta Terra. Provavelmente, Kardec já teria obtido a informação de que Saturno seria um mundo superior a Terra. Portanto, pela lógica não faria sentido que um espírito vivendo em um mundo mais evoluído viesse parar em um mundo menos evoluído. Sem perguntar diretamente sobre esta possibilidade Kardec inquire sobre o caráter moral do espírito quando vivia em Saturno.<br />
<br />
<blockquote>12. Quando vivia em Saturno reconhecia por acaso algum mal em você?<br />
__ Sim, tal como você vê algum em você; você ousaria dizer que é perfeito? Agora vou te dizer que sentia em mim o mal da ignorância e, achando-me em Saturno, onde o habitante é um pouco mais perfeito do que na Terra, eu me sentia meio deslocado, pois sabia que não tinha adquirido, pelas provas dos mundos inferiores, a felicidade que usufruía encontrando-me num mundo tão humano e tão fraternal. Era absolutamente como um caipira ignorante e rústico posto de repente no meio mais ilustre da corte.<br />
</blockquote><br />
O espírito então reconhece que sua evolução não era apropriada para aquele mundo esclarecendo assim a dúvida de Kardec. Mas ainda faltava ao espírito explicar de que forma então ele foi parar lá.<br />
<br />
<blockquote>13. Como se explica que tenha estado em Saturno antes de ficar perfeito o suficiente para lá estar à vontade?<br />
__ Para me dar o estímulo de me instruir em outros mundos, a fim de poder ir a mundos superiores mesmo a Saturno, que ainda se acha muito imperfeito.<br />
</blockquote><br />
Esta resposta completa o raciocínio e satisfaz Kardec. Contudo, Kardec era um homem muito prudente e via nestas questões mais fantásticas a necessidade de conquistar mais apoio, sobretudo pelas respostas de outros espíritos. Foi assim que esta questão da encarnação em outros planetas do sistema solar ele deixou sob <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/benefcio-de-inventrio.html">benefício de inventário</a>.<br />
<br />
Kardec passa então para perguntas mais objetivas para compreender a individualidade do espírito. Aliás, ele já tinha tentado isto na pergunta 5, mas a conversa tomou um outro rumo. E isto vem corroborar a tese de que o diálogo com os espíritos é de fato uma conversa normal, de que é preciso respeitar os interlocutores deixando fluir a conversa.<br />
<br />
<blockquote>14. Sob que forma está no meio de nós e como poderíamos ter uma idéia da sua presença?<br />
__ Uma forma semi-material.<br />
<br />
15. Essa forma semi-material tem a aparência de que você tinha quando vivo?<br />
__ Sim.<br />
<br />
16. Será então como as pessoas que vemos nos sonhos?<br />
__ Sim.<br />
</blockquote><br />
Perguntas objetivas, respostas igualmente objetivas. Aparentemente, a exploração inicial da conversa terminaria com esta última pergunta. Com o respeito que Kardec sempre tratava os espíritos ele educadamente e indiretamente pergunta se seria interessante continuar a conversa.<br />
<br />
<blockquote>17. Você ficou contente de te evocarmos?<br />
__ Sim, porque, evocando-me, posso lhes falar das impressões que temos após deixar esta vida, e isso é um grande ensinamento para vocês.<br />
</blockquote><br />
Pela resposta muito favorável Kardec se sentiu mais confiante para dirigir a ele perguntas mais complexas e mais profundas. E que exigiria muito do espírito ou, diga-se de passagem, de qualquer um de nós.<br />
<br />
Como o espírito tinha dito que sua missão era inspirar os homens para a sua reforma moral, então seria interessante perguntar a ele onde ficaria a liberdade de pensar e agir.<br />
<br />
<blockquote>18. Qual era quando vivo a sua opinião sobre o livre arbítrio do homem e qual é ela<br />
agora?<br />
__ Acreditava que o homem era livre de bem ou mal conduzir-se; agora porém defino isso melhor, eis que, então, eu admitia essa liberdade porque eu só via a vida presente; agora eu creio nela firmemente, porquanto já sei que o homem, no estado de espírito, escolhe ele mesmo sua carreira. Isto que faço agora eu o pedi: Não é senão a seqüência da vida que eu levava aí. O livre arbítrio é relativo à prova que escolhemos. Há liberdade do bem e do mal sempre que isso dependa da vontade; mas, ainda uma vez, o livre arbítrio é relativo à prova que escolhemos.<br />
</blockquote><br />
O espírito traz nesta resposta uma contradição difícil de ser explicada que relaciona o livre arbítrio e o determinismo. E pela resposta o espírito sugere que ainda que haja fatos predeterminados eles teriam sidos escolhidos antes. Mas, não foi suficiente para convencer Kardec.<br />
<br />
A pergunta seguinte não foi transcrita no Livro... possivelmente porque ela completaria a última resposta. De qualquer forma, nota-se o posicionamento crítico de Kardec para compreender a questão e, como ele dizia, "para resolver todos os problemas".<br />
<br />
<blockquote>19. ???<br />
__ Sim, o livre arbítrio do homem existe; não há fatalidade como vocês a entendem. O livre arbítrio consiste em escolher, numa hora de libertação do espírito, a existência futura, aceitando pois todas as conseqüências disso. Assim, se um de nós examinar a posição anterior e a posição presente, nesta vida, vai ver que teve sempre de lutar contra o mal e que era frequentemente o mais forte. Conseqüência da posição que se tenha aceitado.<br />
</blockquote><br />
O espírito desenvolve e confirma a resposta anterior e põe em jogo a questão do mal, pois se escolhemos o que vai acontecer em nossa futura encarnação então de certo modo poderíamos escolher os acontecimentos que estão relacionados ao mal.<br />
<br />
<blockquote>20. O mal é uma necessidade?<br />
__ Sim, sem o mal seríamos incapazes de discernir o bem; foi porque eu tinha consciência do mal que estava em mim é que escolhi esta existência. Faça o bem que é a extirpação do mal; o progresso marchando sempre, mister é que o mal cesse, e nosso livre arbítrio consiste sobretudo em nos aprimorarmos em cada uma das fases de nossa vida.<br />
</blockquote><br />
Embora não tenha sido uma resposta bem articulada percebe-se que a sua essência possui grande sabedoria. Nela se destaca o propósito maior que é o bem e o mal serve apenas como um condutor para a prática do bem.<br />
<br />
E se, segundo o espírito, o nosso livre arbítrio visa o nosso aprimoramento e o mal pode ser extirpado pela prática do bem então supõe-se que seja possível mudar os rumos dos acontecimentos.<br />
<br />
<blockquote>21. O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?<br />
__ Ele o pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu. Ademais, para fazer o bem, como o deve ser, e como isso é o único objetivo da vida, pode impedir o mal, sobretudo aquele que possa contribuir a que um maior se cumpra; porque aqui, como em todos os demais mundos, o progresso é contínuo: Ele não tem absolutamente reincidências.<br />
</blockquote><br />
É cada vez mais tênue a linha divisória entre o livre arbítrio e a fatalidade. Mas, Kardec quer chegar a melhor explicação possível pois reconhece que o espírito possui a capacidade de contribuir para ela. Então, se é preciso "harmonizar com a vida que escolheu" então é sugerido que existe algum tipo de determinismo.<br />
<br />
<blockquote>22. Há fatos que devam acontecer forçosamente?<br />
__ Sim, mas que, no estado de espírito, você viu e pressentiu ao fazer sua escolha. Se você queimar um dedo, isso não importa: é conseqüência da matéria. Apenas as grandes dores que influem no seu estado moral são previstas por Deus, visto que são úteis à sua depuração e à sua instrução.<br />
</blockquote><br />
A conversa vai se aprofundando e o espírito deixa um pouco de lado as abstrações. Admite que as "grandes dores" ou os principais fatos de nossa vida estão marcados para ocorrer. E quais seriam eles? O nascimento e a morte! Por isso, Kardec intervém na resposta com perspicácia e pergunta se existe hora marcada para desencarnar.<br />
<br />
<blockquote>23. ???<br />
__ Escuta! Quando escolhemos esta existência, a hora, como vocês a chamam, não nos é conhecida. Sabemos que, escolhendo determinado caminho, adquiriremos certos conhecimentos que nos são necessários; mas, como te diziam há pouco, nós não calculamos o tempo como vocês, e sobretudo no estado de espírito, em que temos perfeita consciência de que o que chamas um século é apenas um segundo na eternidade, nos preocupamos pouco da época.<br />
</blockquote><br />
Aparentemente, o espírito não ficou muito confortável com a intervenção. Ele tentou se esquivar de responder apelando para a uma suposta incapacidade ou despreocupação com o cálculo do tempo.<br />
<br />
Mas, Kardec, embora muito respeitoso, não deixava passar uma resposta mal formulada. De forma inteligente, ele parte de uma conclusão possível de ser obtida a partir das respostas de que se é sabido quando vai morrer então se sabe também como vai morrer. E se existe o livre arbítrio então esta morte não poderia ser evitada?<br />
<br />
<blockquote>24. Quem morre assassinado sabia previamente de que gênero de morte iria morrer, e isso pode ser evitado?<br />
__ Quando sabemos antes que vamos morrer assassinado, não sabemos por quem. . . Espera! Digo que nós vamos morrer assassinado; mas sabemos que, se escolhermos uma existência em que vamos ser assassinado, sabemos também das lutas que devemos travar para o evitar, e que, se Deus permitir, não o seremos.<br />
</blockquote><br />
Esta pergunta desorienta um pouco o espírito como pode ser observado na confusão da resposta e pela interjeição "espera!". Por outro lado, ele consegue achar uma saída ao atribuir a Deus a possibilidade de evitar uma morte anunciada.<br />
<br />
O mestre Kardec revela a seguir que era um observador muito atento e sabia olhar a questão por todos os lados. E se há a predeterminação de um assassinato então haveria de estar predeterminado também o assassino.<br />
<br />
<blockquote>25. O homem que comete um homicídio sabe, ao escolher a existência, que virá a ser assassino?<br />
__ Não; sabe que, escolhendo uma vida de luta, tem probabilidade de matar um de seus semelhantes; ignora porém se o fará; pois quase sempre houve lutas para ele.<br />
</blockquote><br />
Mais tranquilo o espírito mostra bom senso e "joga" para o lado do livre arbítrio a possibilidade de evitar a prática de um mal ao dar uma probabilidade à realização dos acontecimentos e não mais um determinismo. Esta passagem é muito interessante porque demonstra que o diálogo servia tanto para instrução de um (Kardec) quanto de outro (os espíritos).<br />
<br />
Satisfeito com a última resposta e para finalizar o diálogo Kardec pede ao espírito discorrer sobre o por que de não conhecermos o futuro.<br />
<br />
<blockquote>26. Por que não devemos conhecer a natureza e o tempo dos acontecimentos futuros?<br />
__ A fim de que se dêem quando Deus quiser, e, ignorando-os, você trabalhe com zelo; devemos concorrer para eles, mesmo para os adversos. Se soubesse que algo deva acontecer em seis meses por exemplo, diria: Nada posso fazer, porque vai acontecer em seis meses; e não deve ser assim.<br />
</blockquote><br />
Encerrado o diálogo com um provável agradecimento (não reproduzido) Kardec registra um comentário sobre o que poderia ser resumido ou extraído de mais importante deste diálogo.<br />
<br />
<blockquote>27. A questão do livre arbítrio e fatalidade não podia ser melhor elucidada do que foi por essa comunicação. Ela pode ser resumida assim: O homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não estão escritos antecipadamente; os crimes que comete não são o resultado de uma decisão do destino. Pode, como provação ou como expiação, escolher uma vida em que tenha atrativos do crime, seja pelo meio em que se ache colocado ou por circunstâncias que surjam, seja pela organização mesma do corpo que lhe pode dar tal ou qual predisposição; mas tem sempre a liberdade de fazer ou não fazer. Assim, o livre arbítrio existe no estado de espírito na escolha da vida e das provas, e, no estado corporal, em ceder ou resistir aos arrastamentos a que somos voluntariamente submetidos. Compete à educação combater essas más tendências; ela será útil quando baseada em um estudo aprofundado da natureza moral do homem. Quando familiarizados com as leis que regem essa natureza moral, modificaremos o caráter como modificamos a inteligência pela instrução, e o temperamento pela saúde.</blockquote><br />
<span style="font-weight: bold;">Observação:</span> A tradução deste diálogo é de Canuto Abreu com algumas intervenções nossas incluindo a numeração das perguntas.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-18752087540426134312009-05-03T11:08:00.004-03:002011-01-12T23:57:03.077-02:00Recuperando o fôlego!Depois de um pequeno intervalo para reflexão de uma nova fase de nosso trabalho, colocamos abaixo todas as mensagens publicadas até hoje.<br />
<a name='more'></a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/03/tudo-se-encadeia-mais-ainda.html">Tudo se encadeia mais ainda</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/02/o-livro-em-revista.html">O Livro em Revista</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/02/fina-ironia.html">A fina ironia</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/02/em-verdade-da-verdade.html">Em verdade da Verdade</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/indo-aos-originais.html">Indo aos originais</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/tudo-se-encadeia.html">Tudo se encadeia</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/elementar-meu-caro.html">Elementar, meu caro!</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/graas-particulares.html">Graças particulares</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/queda-dos-anjos.html">Queda dos anjos</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/benefcio-de-inventrio.html">Benefício de inventário</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/alma-causa-efeito.html">Alma, causa, efeito</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/os-nossos-gnios.html">Os nossos gênios</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/de-reencarnar-para-reencarnando.html">De reencarnar para reencarnando</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/as-luzes-do-cristianismo.html">As luzes do Cristianismo</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/xavier-de-corpo-e-alma.html">Xavier, de corpo e alma</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/escalada-da-escala.html">A escalada da escala</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/mundos-transitrios.html">Mundos transitórios</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/eles-se-vem-mas.html">Eles se vêem, mas...</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/nas-entranhas-da-terra.html">Nas entranhas da Terra</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/corpo-de-prova.html">Corpo de prova</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/12/infinito-de-deus.html">Infinito de Deus</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/repouso-fsico-e-moral.html">Repouso físico e moral</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/gmeos-e-indivisibilidade.html">Gêmeos e a indivisibilidade</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/questo-de-estilo.html">Questão de estilo</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/o-esprito-do-sexo.html">O espírito do sexo</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/realidade-dos-sonhos.html">Realidade dos sonhos</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/margem-interpretao.html">Margem a interpretação</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/o-esprito-deixa-de-ser-sinnimo-de.html">O espírito deixa de ser sinônimo de Espírito</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/comentrios-ou-respostas.html">Comentários ou respostas?</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/fuso-de-respostas.html">Fusão de respostas</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/prolegmenos.html">Prolegômenos</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/comeando-pela-introduo.html">Começando pela Introdução</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/quantos-dilogos-possui-segunda-edio-uma.html">Notas explicativas 3</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/notas-explicativas-2.html">Notas explicativas 2</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/minuciosa-reviso.html">Minuciosa revisão</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/notas-explicativas.html">Notas explicativas 1</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/11/como-tudo-comeou-comigo-leopoldo-dar.html">Como tudo começou comigo (Leopoldo Daré)</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/disperso-dos-mapeamentos.html">Dispersão dos mapeamentos</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/mais-do-bsico.html">Mais do básico</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/o-bsico-do-bsico.html">O básico do básico</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/uma-nova-proposta.html">Uma nova proposta</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/aos-amigos.html">Aos amigos</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/o-companheiro.html">O companheiro</a><br />
<a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2008/10/quando-tudo-comeou.html">Quando tudo começou...</a>Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-71253907634120867712009-03-09T22:37:00.004-03:002011-01-12T23:57:26.397-02:00Tudo se encadeia mais aindaA questão da alma dos animais é daquelas que mais nos intrigam e nos fascinam. Saber se a alma do ser humano tem um ponto de contato com a alma de outros seres é algo aparentemente básico mas ao mesmo tempo muito profundo. Por isso, a prudência na exposição do tema é sempre bem vinda.<br />
<br />
Ficamos muito felizes em receber do respeitado professor Silvio Chibeni uma nova e importante informação sobre os acréscimos e modificações na décima terceira edição do Livro dos Espíritos. No seu <a href="http://www.geocities.com/chibeni/artigos/serie-le.htm">artigo original</a> Chibeni reproduz a nota explicativa desta décima terceira edição (publicada em 1865) e um dos pontos desta nota se refere a algum acréscimo nos comentários finais após o diálogo 613.<br />
<a name='more'></a><br />
Chibeni nos contou que teve acesso a uma edição anterior a décima terceira e confirmou os acréscimos. Embora ele ainda pretenda divulgar esta e outras informações em um novo artigo, ele gentilmente nos autorizou a repassar a informação. Enfim, todos os comentários começando pela frase "O ponto de partida do Espírito ..." até o fim foram inseridos a partir da décima terceira edição.<br />
<br />
Estes acréscimos foram reproduzidos por nós em um outro tópico <a href="http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com/2009/01/tudo-se-encadeia.html">Tudo se encadeia</a> onde se procurou demonstrar como a questão da alma dos animais era controversa e Kardec sabiamente deixou-a aberta para futuros desenvolvimentos. E é sobretudo por meio destes acréscimos que chegamos a esta conclusão.<br />
<br />
Quando comparamos estes acréscimos com um outro texto de Kardec publicado um ano antes na Revista Espírita em que ele aborda a questão vemos que a essência e o estilo são praticamente os mesmos. E agora tudo se encadeia mais ainda porque este artigo veio pouco antes da publicação dos acréscimos e este após novas comunicações e desenvolvimentos feitos pelo próprio Kardec desde a publicação da segunda edição.<br />
<br />
Para se ter uma idéia de como o assunto era controverso vamos elencar alguns trechos de alguns artigos da Revista Espírita entre 1860 e 1865. Primeiramente, vamos começar por dois artigos publicados em março de 1860 quando a segunda edição do Livro foi publicada. Veja que os dois são sutilmente favoráveis à idéia de um ponto de contato entre as almas embora sem maiores desenvolvimentos.<br />
<br />
<b></b><blockquote><b>Estudos sobre o Espírito de pessoas vivas<br />
Revista Espírita, março de 1860<br />
</b>65. Pode aperfeiçoar-se ao ponto de se tornar um Espírito humano? - R. <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Ele o pode, mas depois de passar por muitas existências </span><span style="color: rgb(255, 0, 0);" class="il">animais</span>, seja no nosso planeta terrestre, seja em outros.<br />
<br />
<b>O Gênio das flores<br />
Revista Espírita, março de 1860<br />
</b>2. Este Espírito é chamado Hettano; como ocorre que ele não tenha um nome e que jamais encarnou? - R. É uma ficção. O Espírito não preside, de um modo particular, à formação das flores; <span style="color: rgb(255, 0, 0);">o Espírito elementar, antes de passar para a série animal, dirige a ação fluídica na criação do vegetal; este não está ainda encarnado</span>;<br />
</blockquote><br />
Nos meses e no ano seguintes houve um recuo de posicionamento e novos artigos apareceram para reforçar a idéia de que o homem é um ser a parte na Criação. Vejam:<br />
<br />
<b></b><blockquote><b>A Frenologia e a Fisiognomonia<br />
Revista Espírita, julho de 1860<br />
</b>... ora, admitindo-se mesmo, o que não é senão um sistema, que o Espírito tenha passado por todos os graus da escala animal, antes de chegar ao homem, haveria sempre, de um ao outro, <span style="color: rgb(255, 0, 0);">uma interrupção que não existiria se o Espírito do animal pudesse se encarnar diretamente no corpo do homem</span>. Se assim fora, entre os Espíritos errantes haveria Espíritos de <span class="il">animais</span>, como há Espíritos humanos, o que não tem lugar.<br />
Sem entrar no exame aprofundado dessa questão, que discutiremos mais tarde, dizemos, segundo os Espíritos, que estão nisso de acordo com a observação dos fatos, que <span style="color: rgb(255, 0, 0);">nenhum homem é a encarnação do Espírito de um animal</span>.<br />
<br />
<b>Dos <span class="il">animais</span><br />
Revista Espírita, julho de 1860<br />
</b>15. Isto é perfeitamente verdadeiro para os indivíduos e as espécies; mas considerando-se o conjunto da escala dos seres, há uma marca ascendente evidente, que não se detém nos <span class="il">animais</span> da Terra, uma vez que os de Júpiter são superiores aos nossos, física e intelectualmente. - R. <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Cada raça é perfeita em si mesma, e não emigra nas raças estranhas</span>; em Júpiter são os mesmos tipos formando raças distintas, mas não são os Espíritos de <span class="il">animais</span> defuntos.<br />
<br />
<b>Origens<br />
Revista Espírita, agosto de 1860<br />
</b>... não duvideis da vossa origem divina, ela é direta; sois os frutos de um lento progresso; <span style="color: rgb(255, 0, 0);">não passastes pela fieira animal; sois positivamente os filhos de Deus</span>.<br />
<br />
<b>Os <span class="il">animais</span> médiuns<br />
Revista Espírita, agosto de 1861<br />
</b>Desse progresso constante, invencível, irrecusável da espécie humana, esse <span style="color: rgb(255, 0, 0);">estacionamento indefinido das outras espécies animadas</span>, concluí comigo que, se existem princípios comuns ao que vive e se move sobre a Terra: o sopro e a matéria, não é menos verdadeiro que <span style="color: rgb(255, 0, 0);">só vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a essa inevitável lei do progresso</span>, que vos impele fatalmente para a frente, e sempre para a frente.<br />
</blockquote><br />
Após um intervalo de dois anos sem publicar artigos sobre os animais Kardec publica em 1864 dois artigos colocando um ponto de interrogação na questão. Parece ser uma fase de reflexão ou talvez, quem sabe, um ponto de inflexão.<br />
<br />
<b></b><blockquote><b>Estudos sobre a reencarnação<br />
Revista Espírita, fevereiro de 1864<br />
</b>Tomemos o Espírito em seu início na carreira humana; estúpido e bruto, sente, no entanto, a centelha divina nele, uma vez que adora um Deus, que ele materializa segundo a sua materialidade. Nesse ser, ainda <span style="color: rgb(255, 0, 0);">vizinho do animal</span>, há uma aspiração instintiva, quase inconsciente, rumo a um estado menos inferior.<br />
<br />
<b>Da perfeição dos seres criados<br />
Revista Espírita, março de 1864<br />
</b>A questão dos <span class="il">animais</span> pede alguns desenvolvimentos. Eles têm um princípio inteligente, isto é incontestável. De que natureza é esse princípio? Que relações tem com o do homem? É estacionário em cada espécie, ou progressivo passando de uma espécie à outra? Qual é para ele o limite do progresso? <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Caminha paralelamente ao homem, ou bem é o mesmo princípio que se elabora e ensaia a vida nas espécies inferiores, para receber mais tarde novas faculdades e sofrer a transformação humana?</span> São tantas questões que ficaram insolúveis até este dia, e se o véu que cobre esse mistério não foi ainda levantado pelos Espíritos, é que isso teria sido prematuro: o homem não está ainda maduro para receber tanta luz.<br />
</blockquote><br />
Já no ano seguinte em 1865, ano da publicação da décima terceira edição do Livro quando foram acrescentados os importantes comentários ao final do diálogo 613, Kardec publica alguns artigos sustentando e esclarecendo a hipótese da ligação da alma humana e animal e indicando os motivos para que tal hipótese ainda não tivesse sido apresentada como verdadeira.<br />
<br />
<b></b><blockquote><b>Destruição dos seres vivos uns pelos outros<br />
Revista Espírita, abril de 1865<br />
</b>É neste primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida. <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Quando ela alcança o grau de maturidade necessária para sua transformação, recebe de Deus novas faculdades: o livre arbítrio e o senso moral, centelha divina em uma palavra</span>, que dão um novo curso às suas idéias, dotam-na de novas aptidões e de novas percepções.<br />
Mas as novas faculdades morais das quais está dotada não se desenvolvem senão gradualmente, porque nada é brusco na Natureza; há um período de transição em que o homem se distingue com dificuldade do animal;<br />
<br />
<b>Manifestação do espírito dos animais<br />
Revista Espírita, maio de 1865<br />
</b><span style="color: rgb(255, 0, 0);">Mas tudo não se detém em crer somente no progresso incessante do Espírito, embrião na matéria e se desenvolvendo ao passar pelo exame severo do mineral, do vegetal, do animal, para chegar à humanimalidade, onde somente começa a se ensaiar a alma que se encarnará, orgulhosa de sua tarefa, na humanidade.</span> Existem entre essas diferentes fases laços importantes que é necessário conhecer e que eu chamarei períodos intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações sucessivas.<br />
<br />
<b>Alucinação nos animais<br />
Revista Espírita, setembro de 1865<br />
</b><span style="color: rgb(255, 0, 0);">Essa questão toca preconceitos há muito tempo enraizados e que teria sido imprudente chocar de frente</span>, e foi porque os Espíritos não o fizeram. A questão está iniciada hoje; ela se agita sobre pontos diferentes, mesmo fora do Espiritismo; os desencarnados nela tomam parte cada um segundo as suas idéias pessoais; ... sem adotar tal ou tal opinião, familiariza-se com a idéia de um ponto de contato entre a animalidade e a humanidade, e quando vier a solução definitiva, <span style="color: rgb(255, 0, 0);">em qualquer sentido que ela ocorra, deverá se apoiar sobre os argumentos peremptórios que não deixarão nenhum lugar à dúvida</span>; se a idéia é verdadeira, terá sido pressentida; se ela é falsa, é que se terá encontrado alguma coisa mais lógica para pôr no lugar.<br />
</blockquote><br />
Apesar desta clara evolução do pensamento de Kardec entre uma hipótese e outra devemos enfatizar que ainda assim a questão ficou aberta esperando novos "argumentos peremptórios". Aliás, os citados acréscimos vão nesta direção quando se coloca as duas hipóteses juntas demonstrando a prudência do mestre Allan Kardec... vamos relembrar os acréscimos:<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;"></span><blockquote><span style="font-weight: bold;">Décima terceira edição</span><br />
<span style="font-weight: bold;">Comentários finais após a 613</span><br />
613. ...<br />
<span style="color: rgb(255, 0, 0);">O ponto de partida do Espírito é uma dessas questões que se prendem ao princípio das coisas e estão no segredo de Deus.</span> Não é dado ao homem conhecê-las de maneira absoluta, e ele não pode fazer, a esse respeito, senão suposições, construir sistemas mais ou menos prováveis. Os próprios Espíritos, estão longe de conhecerem tudo; sobre o que eles não sabem, podem também ter opiniões pessoais mais ou menos sensatas.<br />
É assim, por exemplo, que todos não pensam a mesma coisa com respeito às relações que existem entre o homem e os animais. <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Segundo alguns, o Espírito não alcança o período de humanidade senão depois de ser elaborado e individualizado nos diferentes graus dos seres inferiores da criação. Segundo outros, o Espírito do homem teria sempre pertencido à raça humana, sem passar pela experiência animal.</span><br />
O primeiro desses sistemas tem a vantagem de dar um objetivo ao futuro dos animais que formariam, assim, os primeiros elos da cadeia dos seres pensantes. O segundo está mais conforme com a dignidade do homem e pode se resumir como se segue:<br />
As diferentes espécies de animais não procedem <span style="font-weight: bold;">intelectualmente</span> uma das outras pela via da progressão. Assim, o espírito da ostra não se torna sucessivamente o do peixe, da ave, do quadrúpede e do quadrúmano. Cada espécie é um tipo <span style="font-weight: bold;">absoluto</span>, física e moralmente, haurindo cada indivíduo na fonte universal a quantidade do princípio inteligente que lhe é necessário, segundo a perfeição dos seus órgãos e a obra que deve cumprir nos fenômenos da Natureza, e que, em sua morte, torna à massa. Os dos mundos mais adiantados que o nosso (ver 188) são igualmente raças distintas, apropriadas às necessidades desses mundos e ao grau de adiantamento dos homens, dos quais são auxiliares, mas que não procedem absolutamente dos da Terra, espiritualmente falando. Não ocorre o mesmo com o homem. Do ponto de vista físico, forma evidentemente um elo da cadeia dos seres vivos mas, do ponto de vista moral, entre o animal e o homem, há solução de continuidade. O homem possui sua própria alma ou Espírito, centelha divina que lhe dá o senso moral e um valor intelectual que falta aos animais, e é nele o ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo e que conserva a sua individualidade. <span style="color: rgb(255, 0, 0);">Qual é a origem do Espírito? Onde está seu ponto de partida? Ele se forma de um princípio inteligente individualizado? É isso um mistério que seria inútil procurar penetrar e sobre o qual, como dissemos, não se pode senão construir sistemas.</span> O que é constante e que resulta por sua vez do raciocínio e da experiência, é a osbrevivência do Espírito, a conservação da sua individualidade depois da morte, sua faculdade progressiva, seu estado feliz ou infeliz, proporcionais ao seu adiantamento no caminho do bem, e todas as verdades morais que são a consequência desse princípio. Quanto às relações misteriosas que existem entre o homem e os animais, repetimos, isso está nos segredos de Deus, como muitas outras coisas, cujo conhecimento <span style="font-weight: bold;">atual</span> não importa ao nosso adiantamento e sobre as quais seria inútil insistir.</blockquote>Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6150573188537882018.post-81388432580206977752009-02-28T22:18:00.007-03:002011-01-12T23:58:01.369-02:00O Livro em RevistaA Revista Espírita é considerada o laboratório de Kardec para o desenvolvimento do conhecimento espírita. Além disso, podemos considerá-la como um meio eficiente de propagação das idéias espíritas vinculadas às obras básicas e complementares do Espiritismo.<br />
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Kardec soube aproveitar bem as edições mensais da Revista para este fim. E, assim, podemos encontrar várias citações sobre o Livro dos Espíritos desde simples referências até o anúncio de novas edições e novos livros.<br />
<a name='more'></a><br />
A partir destas citações das edições do Livro podemos construir um pequeno resumo de como se deu a sua publicação.<br />
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<ul><li>Abril de 1857 - Lançamento da primeira edição do Livro dos Espíritos.</li>
<li>Janeiro de 1860 - Esgota-se o que restava da primeira edição.</li>
<li>Março de 1860 - Sai a segunda edição "inteiramente refundida e consideravelmente aumentada".</li>
<li>Agosto de 1860 - Esgota-se a segunda edição em menos de quatro meses e uma nova edição é lançada.</li>
<li>Fevereiro de 1861 - A quarta edição já está a venda.</li>
<li>Julho de 1861 - Vem a aparecer a quinta edição.</li>
<li>Junho de 1863 - Em seis anos chegou-se a décima edição.</li>
<li>Novembro de 1865 - O Livro já teria chegado a sua décima terceira edição.</li>
<li>Janeiro de 1866 - Fazia-se imprimir a décima quarta edição.</li>
<li>Maio de 1869 - Havia-se chegado a sua décima sexta edição.</li>
</ul><br />
Montando um pequeno gráfico destes dados fica mais fácil visualizar o período de maior intensidade de publicações que foi entre 1860 e 1863.<br />
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SankKQGbB8I/AAAAAAAAAFQ/0P5TY5iAiZM/s1600-h/CitacoesLE.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 215px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SanjYtcxJDI/AAAAAAAAAFI/zC0_gqgUpd4/s400/EdicoesLE.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5308023649489462322" border="0" /></a><br />
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As citações do Livro dos Espíritos feitas de forma explícita na Revista Espírita compreendem todo o período sob responsabilidade de Allan Kardec. Contamos um total de 134 artigos em que existem estas citações e estão distribuídas conforme o gráfico abaixo:<br />
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SankKQGbB8I/AAAAAAAAAFQ/0P5TY5iAiZM/s1600-h/CitacoesLE.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 215px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/SankKQGbB8I/AAAAAAAAAFQ/0P5TY5iAiZM/s400/CitacoesLE.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5308024500604569538" border="0" /></a><br />
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É interessante destacar que o período entre 1861 e 1864 com uma maior intensidade de artigos com citações ao Livro está de acordo com o seu período de maior publicação.<br />
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Apenas para ilustrar os tipos de citações do Livro dos Espíritos na Revista Espírita construímos o seguinte gráfico de onde podemos observar uma distribuição relativamente equânime dos temas.<br />
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sanuk7YZAPI/AAAAAAAAAFY/AnxrNX3PwAU/s1600-h/TiposCitacoesLE.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 215px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_drBmMuPF5hA/Sanuk7YZAPI/AAAAAAAAAFY/AnxrNX3PwAU/s400/TiposCitacoesLE.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5308035954015535346" border="0" /></a><br />
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Com esta humilde pesquisa quisemos demonstrar o apreço e tratamento dado ao Livro dos Espíritos durante o período em que a Revista Espírita foi comandada pelo mestre Kardec. Observa-se o especial cuidado com as edições e a propagação da nova doutrina filosófica. Também sabe dosar a publicação dos elogios e das críticas direcionados ao Livro enquanto procura estabelecer a estrutura organizacional e os princípios básicos do Espiritismo.Vital Cruvinelhttp://www.blogger.com/profile/01989850262808445538noreply@blogger.com4